62ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS BEBEDOUROS DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Andressa Messias da Silva 1
Felipe Augusto Nunes Berquó 1
Yuri Paula Leite Paz 1
Ricardo Silveira Bernardes 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
A qualidade da água disponibilizada à população e consumida nos centros urbanos é, claramente, um importante fator de influência na saúde pública. Da água consumida, a parcela que mais interfere nesse aspecto é a água ingerida. Cientes dessa importância e em sua busca constante por novos aprendizados, parte do grupo PET/ENC (Programa de Educação Tutorial do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Brasília) tomou a iniciativa de promover a análise da água dos bebedouros da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. Como uma das pesquisas integradas do grupo, o Programa de Educação Tutorial do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Brasília desenvolveu a análise da água dos bebedouros da faculdade em que o Departamento de Engenharia Civil e Ambiental está localizado. Para tal, os seguintes parâmetros foram analisados: cloro residual, coliformes fecais, coliformes totais, cor aparente, ferro total, flúor, pH e turbidez. A partir daí, pôde-se classificar a qualidade da água oferecida à comunidade e uma futura divulgação dos resultados poderá ser feita, gerando importantes dados de saúde pública. Após pesquisa bibliográfica, os alunos iniciaram as análises e deram início à uma importante serviço de ação contínua prestado à comunidade acadêmica. Essa pesquisa foi embasada na necessidade de mostrar às pessoas que freqüentam a Universidade a qualidade de água consumida. Temos como principal meta comparar a qualidade da água no ponto de distribuição daquela consumida pela comunidade, a partir daí, divulgar e informar a população sobre a qualidade de água distribuída, e, conseqüentemente, avaliar um importante dado sobre a saúde pública.
METODOLOGIA:
Na sistemática, foram realizadas avaliações tanto físico-químicas quanto bacteriológicas, envolvendo assim, mais dados para avaliação e pesquisa da água. Para a composição do IQAD (Índice de Qualidade de Água Distribuída) foram feitos dois tipos de análises, foi desenvolvido em parceria com a CAESB (Companhia de Água e Esgotos de Brasília). Este índice é um produtório que envolve pesos para cada parâmetro. Para elaborar a análise, foram levantadas curvas relativas de cada um dos parâmetros e analisados seus pesos relativos procurando uma melhor equação que representasse esse índice. O IQAD envolve resultados compreendidos entre 0 e 100, quanto mais elevado é o número, melhor é a potabilidade da água. Esse índice envolve parâmetros básicos e limites de potabilidade segundo BERNARDES, ABREU E DORNAS (1999), com parâmetros mais rígidos que a Portaria 518/2004 (verificar modificação) do Ministério da Saúde, respectivamente citados à baixo:Cloro residual (Aceitável: de 0,5 à 2 mg/L), coliformes totais (Aceitável: ≤ 0,3 NMP/100ml), cor aparente (Aceitável: ≤ 15 uH *verificar unidade), ferro total (Aceitável: ≤ 0,3 mg/L), flúor (Aceitável: de 0,6 à 1 mg/L), pH (Aceitável: de 6 à 9,5), Turbidez (Aceitável: ≤ 5 uT). Os pesos considerados estão relacionados na tabela que está presente no artigo. Com a aparelhagem disponível não poderíamos analisar o parâmetro flúor. O grupo julgou que a necessidade deste parâmetro é mais social e pouco diz sobre a potabilidade, portanto pretendemos analisá-lo somente no futuro. Já para os colifomes, só se consegue verificar com equipamento disponível a presença ou ausência deles sendo considerada potável pelo grupo a amostra com ausência de coliformes. Para avaliar as taxas de IQAD, utilizamos as faixas de qualidade de duas Companhias de Saneamento, a de Minas Gerais (COPASA) e a do Paraná (SANEPAR). Essas faixas de qualidade classificam a condição da água em ótima, boa, aceitável e precária de acordo com a relação expressa no quadro que está presente no artigo. O desenvolvimento deste índice, que usamos para analisar nossas amostras, proporcionará à população local: sistematização e interpretação dos resultados tanto na esfera técnica como gerencial; avaliação mais rápida e objetiva dos processos operacionais de tratamento e controle; melhoria do controle de qualidade da água distribuída à população do Distrito Federal. Duas amostras de cada bebedouro em funcionamento na Faculdade de Tecnologia (FT) foram retiradas nos dias 6 de agosto de 2008, 20 de agosto de 2008, 6 de outubro de 2008, 26 de outubro de 2008, 7 de novembro de 2008, 27 de abril de 2009 e 11 de maio de 2009. A primeira amostra foi utilizada para determinação dos parâmetros físico-químicos utilizando-se o Calorímetro DR890 da marca Hatch. A segunda por sua vez foi armazenada em frasco autoclavado para que, após 24 horas na estufa à 40°C, a análise de coliformes totais pudesse ser feita. Para efeito de comparação e identificação de problemas, outros locais tiveram sua água analisada pelo grupo. O local bem como o motivo da comparação serão explicitados nos resultados obtidos.
RESULTADOS:
Para os sete dias analisados, os bebedouros, identificados pelo departamento mais próximo, obtiveram, cada um, um IQAD que deveria determinar a qualidade da água disponibilizada. Vale lembrar que o bebedouro próximo à Engenharia Elétrica não foi analisado por estar em manutenção. Verificou-se que o resultado do IQAD e Qualificações do dia 6 de agosto de 2008 foi igual à zero, sendo que a Qualificação da COPASA e Qualificação da SANEPAR classificou a água dos bebedouros como precária. Os índices de todos os bebedouros na primeira análise deram igual à zero. Isso aconteceu já que o índice é obtido por produtório, ou seja, se um dos parâmetros estiver impróprio para consumo, o índice zerar-se-á. Durante a execução da pesquisa foram realizados vários experimentos que se encontram tabelados no artigo. Para confirmação dos resultados obtidos, no dia 23 de outubro de 2008 amostras de água dos bebedouros próximos aos departamentos de Engenharia Civil e Ambiental e Engenharia Florestal foram coletadas e enviadas para análise paralela por laboratório especializado da CAESB. Houve alguma variação no resultado graças à variação dos métodos utilizados e de suas precisões mas, segundo parecer técnico, no bebedouro da Engenharia Civil "O parâmetro físico-químico cloro residual livre apresentou não conformidade com o padrão de aceitação para consumo humano". A água do bebedouro da Engenharia Florestal, além de também não ter quantidade de cloro residual livre adequado, "(...) não atende ao padrão bacteriológico de qualidade. (...) Recomenda-se investigar a origem da alta densidade de bactérias heterotróficas." Os valores obtidos pela análise laboratorial da CAESB podem ser considerados compatíveis com os obtidos pelo grupo já que a análise da quantidade de ferro não foi feita pelo laboratório e apenas o pH teve resultado com alguma discrepância. Ao se comparar os valores obtidos em nossas análises com a análise de saída da CAESB que se tornou obrigatória com o Decreto 5440 de 4 de maio de 2005 para empresas de distribuição de água, percebeu-se que havia discrepância. Desta forma, os parâmetros devem estar sofrendo alterações nas tubulações que ligam a rede de distribuição à saída do bebedouro. Para verificar se o problema estava na tubulação da UnB ou externa ao campus Darcy Ribeiro, decidiu-se analisar a água retirada do ponto de entrada na universidade e comparar com o obtido nos bebedouros. A comparação da análise deu indícios que os parâmetros cloro e cor já estão chegando ao campus com valores inadequados. Os parâmetros ferro e turbidez provavelmente estão sendo alterados em tubulação exclusiva do bebedouro próximo ao Departamento de Engenharia Florestal se não for no próprio bebedouro. Sabe-se que a diminuição da quantidade de cloro na água pode estar diretamente ligada à tubulações antigas de ferro. O cloro da água pode reagir com o ferro seguindo a relação química. Percebe-se que mesmo abaixo de 0,5 mg/l, mínimo segundo BERNARDES, ABREU E DORNAS (1999), o ponto de distribuição possui nível de cloro maior do que o observado nos bebedouros, evidenciando que também há perda de cloro nas tubulações internas da UnB. A diminuição de cor em alguns casos evidencia a atuação do filtro do bebedouro. Quando ela não ocorre, o filtro provavelmente não está sendo tão eficiente quanto esperado. Apenas na sétima análise foram obtidos valores de IQAD diferentes de zero para algumas amostras. Isso pode estar relacionado com o fato de quase seis meses terem passado entre essa análise e a anterior. Nesse período, alguma manutenção pode ter sido feita. Sendo sucinto, nas primeiras análises realizadas, observou-se que todos IQAD`s dos bebedouros zeraram. O parâmetro inadequado na maioria das vezes foi o cloro residual. Quantidades inadequadas de cor e ferro também foram identificadas, Para confirmação dos resultados, amostra de água de dois bebedouros foram analisadas paralelamente por laboratório especializado da CAESB. Segundo parecer técnico, nos dois bebedouros as quantidades de cloro estavam inadequadas, confirmando os resultados. Para agravar a situação, o parecer informou que um dos bebedouro tinha quantidades inapropriadas de bactérias heterotróficas. Como o nível de cloro pode ser alterado por reação em tubulações antigas, resolveu-se analisar a água do ponto de distribuição do campus. Pôde-se perceber que a água já chega inapropriada, mas a situação e agravada nas tubulações internas da UnB. Os resultados obtidos nas últimas duas análises foram melhores. Uma das causas dessa melhoria pode ser alguma manutenção realizada.
CONCLUSÃO:
A partir das análises nos bebedouros da Faculdade de Tecnologia (FT), foi possível observar que a qualidade da água local é inadequada, o que nos levou à conclusão da relevante necessidade de uma análise que seja feita não somente nos pontos de distribuição de água, e sim nos pontos de chegada onde a população consome água. Essa afirmação contesta o Decreto 5.440, onde é relatada a obrigação que a as empresas de abastecimento de água, responsáveis pela distribuição de água nas cidades atendidas, têm de analisar o a água que chega à comunidade. Essa responsabilidade atualmente se limita aos pontos de distribuição principais. Pretendemos divulgar quinzenalmente o índice de qualidade de cada bebedouro da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. Assim, buscamos conscientizar a comunidade a cobrar sempre melhores qualidades. Na Faculdade de Tecnologia, a qualidade das instalações hidráulicas responsáveis pela distribuição foi degradada com o passar dos anos, o que afeta a qualidade da água. A partir da pesquisa, notamos a relevância de analisar a água antes e depois do ponto de distribuição da UnB, tentando evidenciar onde está o problema. Pretendemos fazer mudanças para modificar e ampliar as obrigações que o decreto impõe ao controle da condição de água pela companhia de saneamento local, mostrando à empresa a relevância do controle da qualidade da água efetivamente consumida.
Palavras-chave: Água distribuída, IQAD, Qualidade da água.