62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
DIETA DA RAIA DE FOGO, Dasyatis marianae, NOS PARRACHOS DE MARACAJAÚ, RIO GRANDE DO NORTE.
Tiego Luiz de Araújo costa 1
Felipe de Oliveira Torquato 1
Liana de Figueiredo Mendes 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / UFRN
INTRODUÇÃO:

Estudos de hábitos alimentares são essenciais para o entendimento do papel funcional dos peixes dentro do ecossistema, tais estudos permitem conhecer as relações inter e intraespecíficas, e compreender a estrutura e a dinâmica das comunidades marinhas. Informações sobre a biologia alimentar de espécies de importância comercial são fundamentais na definição de estratégias de gestão pesqueira. Embora raias da Família Dasyatidae se alimentem de invertebrados bentônicos e pequenos peixes, até o momento não existem informações sobre os hábitos alimentares da raia de fogo Dasyatis marianae, espécie endêmica da região nordeste do Brasil. Este trabalho tem o objetivo de descrever a dieta de D. marianae na área dos Parrachos de Maracajaú, litoral norte do Rio Grande do Norte.

METODOLOGIA:

A análise dos itens que compõe a dieta da raia de fogo foi realizada a partir da coleta de estômagos de exemplares capturados e desembarcados na Praia de Maracajaú no período de Agosto de 2008 a Agosto de 2009. O conteúdo dos estômagos foi posteriormente analisado em laboratório através dos métodos de freqüência de ocorrência (%FO), composição percentual (%CPE) e o percentual de peso de cada item (%P). O método de freqüência de ocorrência é a porcentagem dos estômagos com um determinado item em relação ao número total de estômagos. A composição percentual é calculada através da porcentagem do número de cada item em relação ao número total de itens. Por meio deste método obtém-se informações sobre seletividade e a amplitude do nicho ecológico. Foi usado o índice de importância relativa (IRI), onde IRI=%FO(%CPE+%P), estabelecendo níveis de preferência para os itens alimentares. O valor de IRI foi convertido em porcentagem.

RESULTADOS:

Foi analisado o conteúdo de 101 estômagos. Obteve-se treze itens alimentares distribuídos em 5 grandes grupos animais: Sipuncula, Anelida, Nematoda, Arthropoda e Echinodermata. Os itens mais representativos foram os crustáceos Brachyura e Dendrobranchiata, com 34,9% e 29,0% de IRI respectivamente. A análise do conteúdo estomacal revelara que a raia de fogo se alimenta de uma pequena variedade de organismos bentônicos que compõem a epifauna e infauna na área dos Parrachos de Maracajaú. O IRI dos grupos alimentares foi cerca de 91,9% de crustáceos, seguidos por 5,9% de poliquetas, 1,9% de sipunculas, 0,1% de nematodas e 0,2% de holoturias. Estudos sobre a dieta de raias (Dasyatidae) no Atlântico Oeste e Golfo do México revelaram que os crustáceos são um dos itens alimentares mais importantes, o que está de acordo com a dieta encontrada para D. marianae. A literatura aponta que alguns moluscos são muito importantes na dieta de D. chrysonota para algumas áreas. Estudos realizados na área dos Parrachos de Maracajaú indicam uma considerável ocorrência de moluscos na principal área de registro da raia de fogo, entretanto o fato deste item não ter sido registrado na análise de composição de dieta pode refletir a não preferência pelos moluscos.

CONCLUSÃO:

A raia de fogo, D. marianae, exibe uma alimentação voltada principalmente aos crustáceos (IRI de 91,9%). Os itens mais representativos na dieta da espécie foram Brachyura, Dendrobrachiata e Stomatopoda. A análise qualitativa e quantitativa do conteúdo estomacal de exemplares de D. marianae indica uma estratégia alimentar especialista, carnívora carcinofágica.

Instituição de Fomento: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza
Palavras-chave: Raia de fogo, Dieta, Maracajaú.