62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
FAMÍLIAS MONOPARENTAIS: QUESTÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS
Flávia Helena Marcelino 1
Cristiane Olegário Barbosa 1
Isabel Cristina de Paula 1
Márcia Cristina Perles Ribeiro 1
Priscila Sayuri Goto 1
Cirlene Aparecida Hilário da Silva Oliveira 1
1. Depto. de Serviço Social, FHDSS - Universidade Estadual Paulista C. Franca/SP
INTRODUÇÃO:
O retrato da família na atualidade é pautado numa diversidade de configurações familiares, de concepções e expectativas do que é família, o que faz surgir dentro do próprio contexto familiar, dificuldades no que tange ao cumprimento com as funções de proteção básica, socialização e mediação. A família monoparental pode ser definida como aquela entidade familiar formada por um dos pais e seus descendentes. Há inúmeros fatores que conduzem as famílias a monoparentalidade, sendo: o divórcio, separação, viuvez, abandono, adoção ou por opção, ou seja, por vontade própria do homem ou da mulher em assumir a paternidade ou maternidade sem a participação de outro genitor.  Nas últimas três décadas houve o crescimento no número de famílias monoparentais, mas é mero engano pensar que esta configuração não existia. Nesse sentido, realizamos uma pesquisa que buscou conhecer características deste modelo familiar com representações das famílias usuárias dos serviços da Unidade Auxiliar Centro Jurídico Social da Unesp - Franca, que atua com diversificadas configurações familiares, merecendo destaque a família monoparental.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada com objetivos de identificar a monoparentalidade entre as famílias atendidas pela instituição no ano de 2008, buscando conhecer a realidade e as particularidades dessa configuração familiar. Vale ressaltar que os dados foram analisados e registrados estatisticamente. A pesquisa iniciou-se por meio de levantamento dos prontuários arquivados na instituição dos casos atendidos no ano de 2008, posteriormente houve a análise documental dos dados. Através dessa análise, obtivemos informações desde os dados de identificação e cadastrais das pessoas até as composições familiares e os seus parentescos. Após o levantamento das famílias monoparentais, foram realizados contatos com vinte e oito sujeitos, responsáveis financeiros das famílias. Foi utilizado um questionário e foram realizadas entrevistas com quatorze sujeitos, que concordaram em participar do processo de pesquisa. A aproximação com a realidade das famílias possibilitou identificar categorias para análise da realidade: a precarização do trabalho e a predominância de famílias monoparentais femininas.
RESULTADOS:
As refrações da Questão Social incidem nessas famílias, as quais, em sua maioria, são chefiadas por mulheres, vivem em domicílios financiados, na cidade de Franca - SP. As famílias são numerosas, com mais de quatro pessoas cada núcleo, com renda aproximada de 1 a 2 salários mínimos atuais. Há um significante número de famílias atendidas por programas do governo em seus diferentes âmbitos. Estas famílias buscam organizar-se de forma a garantirem a sobrevivência, apesar dos níveis baixos de escolaridade e da falta de informação e acesso aos serviços públicos oferecidos. A situação de monoparentalidade das famílias pesquisadas foi, em sua maioria, por intermédio da separação conjugal, na qual a maioria dos cônjuges encontravam-se na faixa etária de 30 a 45 anos. A nova configuração familiar dos sujeitos da pesquisa estão consolidadas há mais de quatro anos. Os conflitos enfrentados pelas famílias no início da monoparentalidade também são os mesmos da atualidade, os fatores econômicos e emocionais foram os mais abordados, justifica-se por serem famílias de classe baixa e a falta da contribuição de um dos membros dificulta o cotidiano financeira e emocionalmente, exigindo que as famílias tracem novas estratégias de sobrevivência.
CONCLUSÃO:

Foi possível desmistificar a idéia que mulher é sexo frágil, pois se presenciou um pouco da realidade de mulheres muito fortes, que lutam cada dia por seus filhos, para que estes tenham uma vida melhor no futuro. Essas mulheres enfrentam suas dificuldades sem esmorecer e se abandonam seu lar, não nos cabe julgar, e sim compreender que não somos iguais e cada um reage a seu modo diante de sua história de vida. Não se pode negar as dificuldades e desigualdades de gênero que permeiam a família, que são socialmente construídas e que se agravam nas famílias desfavorecidas economicamente. É importante analisar para quem estão sendo feitas as políticas sociais, saber quais são as reais necessidades dessas famílias e partir destas, para assim elas se tornem efetivas e eficazes e se voltem para as famílias de fato. Planejar as políticas sociais implica refletir a relação entre o profissional e a população, o problema está na concepção que cada um traz sobre família que muitas vezes interfere na intervenção com as famílias, isso faz com que se impossibilite o trabalho com uma visão na família e que suas capacidades sejam exploradas, para que os problemas sejam sanados em seu interior.

Palavras-chave: Famílias monoparentais, Questões Socioeconômicas, Unidade Auxiliar Centro Jurídico Social.