62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 3. Psicologia Clínica
EXPERIÊNCIA DE PSICOTERAPIA EM GRUPO NA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA ANSIEDADE SOCIAL NO SEPA (SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADA) - UFRN
Diego Silveira Sousa 2, 1
Luília Suelly Cruz Menezes 2
Paula de Moura Estevão Peroba 2
Mayara Wenice Alves de Medeiros 2
Neuza Cristina dos Santos Perez 2
Neuciane Gomes da Silva 2
1. Depto. de Fisiologia - UFRN
2. Depto. de Psicologia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A ansiedade social é caracterizada por medo persistente de situações envolvendo interação ou desempenho social, como aquelas em que possa ocorrer julgamento potencial por parte de terceiros. Caracteriza-se ainda por condutas de evitação a pessoas desconhecidas e pelo temor a situações novas ou inquietantes, as quais dependendo da freqüência, intensidade e estabilidade com que se apresentem podem acarretar prejuízo no funcionamento social e laboral. Tendo-se em conta o possível deterioração funcional que a ansiedade pode provocar, assim como a grande procura do Serviço de Psicologia Aplicada da UFRN (SEPA) por parte dos natalenses, foi aprovado junto à ProEx- UFRN o "Projeto de Atendimento Psicoterápico em Grupo na Abordagem Cognitivo-Comportamental". O objetivo principal desse trabalho é promover a qualidade de vida das pessoas que sofrem de ansiedade através do trabalho em grupo. O trabalho em grupo é considerado uma potente ferramenta terapêutica, pois além de propiciar à pessoa dar-se conta de que não é a única a padecer por condutas ansiosas, também lhe oferece condições favoráveis para participar do grupo e ir adquirindo confiança em seu desempenho social. A meta desse trabalho é avaliar as mudanças nos sintomas dos pacientes com ansiedade social atendidos no SEPA.
METODOLOGIA:
Foram realizadas 60 triagens utilizando-se uma entrevista baseada no DSM-IV e dois Inventários: Beck de Ansiedade (BAI) e de Ansiedade Traço e Estado-Traço (IDATE-T). Dezesseis pessoas foram selecionadas e aceitaram participar desta intervenção, das quais doze compareceram na primeira sessão, porém no momento do término do processo terapêutico o grupo contava com a presença de seis participantes. As sessões de psicoterapia foram estruturadas, em consonância com a literatura da área, pelos dois primeiros autores desse trabalho que atuaram em conjunto como psicoterapeutas. O tratamento ocorreu em doze sessões, uma vez por semana, com duas horas de duração em cada encontro. O processo terapêutico passou por diversas etapas: iniciou-se com o contrato terapêutico, e o levantamento das expectativas dos pacientes com relação à terapia. Nas sessões seguintes foi apresentado o modelo cognitivo-comportamental de funcionamento da ansiedade social. À medida que o tratamento avançava, foram realizadas exposições in vivo com os pacientes durante e entre as sessões. Essas exposições (enfrentamentos das situações-problemas) eram acompanhadas por uma avaliação dos pacientes em que se abordavam os pensamentos que os mesmos tinham sobre suas reações e as situações em questão.
RESULTADOS:
Na realização das triagens para a seleção de pacientes para os grupos foram aplicados o BAI e o IDATE-T, juntamente com a entrevista clínica estruturada segundo os critérios do DSM-IV para Ansiedade Social. Para que a eficiência da terapia pudesse ser avaliada utilizamos a aplicação da Escala Fatorial de Extroversão (EFEx) no início e no fim da terapia. A média obtida pelos pacientes selecionados que cumpriram os critérios do DSM-IV para Ansiedade Social no BAI foi 20 (corresponde à classificação "média") e no IDATE-T foi 57 (sabendo que a média de pacientes com Ansiedade Social na literatura é 42). Todos os pacientes estavam na faixa "muito baixo" na classificação inicial da EFEx na segunda sessão, o que corresponde a um baixo nível de extroversão medido por essa escala (entendendo-se extroversão como um componente da personalidade baseada no modelos dos Cinco Grandes Fatores que indica o quanto as pessoas são assertivas, comunicativas, gregárias, a maneira no geral que as pessoas se relacionam com as demais). Já ao término da psicoterapia de grupo, 3 pacientes demonstraram melhora nessa classificação indo para "baixo", "médio" e "alto", os 3 restantes permaneceram na classificação inicial de "muito baixo".
CONCLUSÃO:
A psicoterapia em grupo para ansiosos sociais na abordagem cognitivo-comportamental é considerada o padrão-ouro para o tratamento. Observou-se uma melhora clara na extroversão de 50% (n=3) dos pacientes que permaneceram no grupo até o término do processo psicoterápico e diversos fatores parecem ser relevantes para obter-se uma resposta positiva ao tratamento, entre eles pode-se destacar a assiduidade, o engajamento, motivação e a prontidão para a mudança. Vale salientar que a demanda de pacientes para o Transtorno de Ansiedade Social tem se demonstrado numerosa na nossa experiência clínica no SEPA, e vemos que o modelo de psicoterapia em grupo cognitivo-comportamental vem contribuindo para a melhora dos sintomas de parcela dos pacientes engajados. Os resultados contribuem para a reafirmação da abordagem cognitivo-comportamental como de grande importância para o tratamento da ansiedade social, em especial o atendimento em grupo. Além disso, a modalidade em grupo representa uma forma de atender uma demanda maior, mantendo a qualidade do atendimento em uma instituição pública de referência no atendimento psicológico.
Instituição de Fomento: PROEX - UFRN
Palavras-chave: Ansiedade Social, Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, Psicoterapia em Grupo.