62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NA CIDADE DE MANAUS BASEADO NA CLASSIFICAÇÃO DE CARGA GLOBAL DE DOENÇA
Kelly Patrícia Borges Dias 1
José Camilo Hurtado Guerrero 2
Marcilio Sandro de Medeiros 3
1. Universidade Federal do Amazonas
2. Universidade Estadual do Amazonas
3. Instituto Leônidas e Maria Deane - FIOCRUZ
INTRODUÇÃO:
Há duas questões intrínsecas nas formas de se mensurar o nível de vida debatidas na Epidemiologia. A primeira se refere propriamente às técnicas de mensuração do nível de vida. No entanto, questiona-se, por exemplo, como podemos mensurar a saúde por meio de medidas de mortalidade ou morbidade, ou seja, a ausência de saúde das pessoas. A segunda diz respeito aos estudos sobre mortalidade que comumente têm por base a apresentação dos vinte e um capítulos da CID10, conhecida como o indicador de mortalidade proporcional por causa definida. A despeito desse indicador, reclama-se comumente das extensas listas de doenças e agravos descritas nessas análises, ampliada quando cruzadas com outras variáveis (sexo e faixa etária). Nesse sentido, a OMS tem proposto como alternativa a "Carga Global de Doença". Através do DALY, sigla em inglês que significa anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, utiliza-se uma nova classificação dividida em três grandes grupos de enfermidades: GRUPO1: doenças infecciosas e parasitárias, condições perinatais e deficiências nutricionais. GRUPO 2: doenças não-transmissíveis. GRUPO 3: Causas externas. A pesquisa objetiva estimar o coeficiente de mortalidade segundo classificação de Carga Global Doença no na cidade de Manaus no período de 2000 a 2007.
METODOLOGIA:
O estudo é do tipo transversal e descritivo. Os dados secundários foram coletados no banco de dado do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) disponíveis no DATASUS. Os dados de mortalidade para serem tabulados tiveram que ser agrupamento conforme propõe a classificação da Carga Global de Doença. Para isso foi necessária a criação de arquivos de conversão (.cnv) e definição (.def) do software TabWin versão 3.5. As tabulações foram transportadas para planilhas eletrônicas onde foram obtidas as porcentagens e o Coeficiente de Mortalidade por 100,000 habitantes (CM) para os três grandes grupos e subgrupos que apresentaram maiores incidências, por sexo e faixa etária. O estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado "Abordagem Ecossistêmica para o Desenvolvimento de Indicadores e Cenários de Sustentabilidade Ambiental e de Saúde na Cidade de Manaus / AM", financiado pelo Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública (edital 1/2007 da Fundação Oswaldo Cruz) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, através de convênio técnico com o Programa de Apoio a Iniciação Científica do Instituto Leônidas e Maria Deane. A pesquisa está de acordo com a Resolução CNS 196/96 (CEP/ESA/UEA-PROTOCOLO Nº.037/09).
RESULTADOS:
Conforme a nova classificação contabilizou 18.478 óbitos de residentes em Manaus. Proporcionalmente, as doenças do GRUPO 2 respondem por 71% das mortes, seguidas do GRUPO 1 (19%) e do GRUPO 3 (10%). As do GRUPO 2 são responsáveis por mais de 80% das mortes nas faixas etárias acima de 45 anos para ambos os sexos. Os subgrupos de doenças que apresentaram maiores CM foram: Doenças gênito-urinárias: em 2000 foi de 5,7, caindo para 5,6 em 2007; Doenças neuropsiquiátricas: em 2000 foi de 1,28, subindo para 1,73 em 2007; e Doenças endócrinas e metabólicas: em 2000 foi de 1,49, caindo para 1,15 em 2007. A população infantil (0 a 4 anos) são mais susceptíveis a morrer pelas enfermidades do GRUPO 1, destaque para as doenças infecciosas e parasitárias que registraram CM de 13,3 em 2000, subindo para 16,22 em 2007; e deficiência nutricionais que registraram respectivamente CM de 3,77 em 2000, caindo para 2,66 em 2007. Enquanto que as causas externas incidem de forma distinta que as demais entre os sexos. Entre os homens incidem mais as faixas etárias 15 a 44 anos de idade, vítimas da violência urbana, onde se registraram CM de 36,78 em 2000, caindo para 36,2 em 2007. Já entre as mulheres, incidem mais a faixa etária de 60 a 69 anos, vítimas das mortes não-intencionais, destaque para as quedas.
CONCLUSÃO:
A relevância da nova classificação da Carga Global de Doenças, além de enfatizar as doenças e agravos de maior freqüência, assimila os conceito magnitude, potencial de disseminação, transcedência, vulnerabilidade e compromissos internacionais de importância para vigilância da saúde. A maior incidência das mortes por doenças não-transmissíveis presta-se para avaliar a qualidade de vida da população, uma vez que essas doenças estão diretamente relacionadas com estilo de vida, como também identifica deficiências relacionadas à cobertura e qualidade do SUS. É sabido que a falta de saneamento básico é a causa principal responsável pela morte por diarréia de menores de cinco anos de idade e que os índices de mortalidade infantil em geral caem 21% quando são feitos investimentos em saneamento básico. No caso de Manaus, os dados mais uma vez enfatizaram essa situação quando se detectou aumento do CM por doenças infecciosas e parasitárias dentre o grupo etário descrito. No que concerne às mortes não intencionais entre idosos do sexo feminino, vítimas de quedas, a literatura especializada destaca que a maior proporção delas ocorre no próprio domicílio causado por condições inadequadas da moradia, como por exemplo, piso escorregadio e objetos deixados inadequadamente no chão.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM e Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ
Palavras-chave: Coeficiente de Mortalidade, Epidemiologia, Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças..