62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE: A VISÃO DE DISCENTES DE UM CURSO DE CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA
Jaime Fernado da Silva Cicotte 1
Fabiano César Cardoso 2
1. Discente - Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Universitário de Sinop
2. Docente - Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Universitário de Sinop
INTRODUÇÃO:
O mundo hoje passa por um processo irreversível de inclusão (SASSAKI, p. 23, 2005). Porém, muitos caminhos ainda devem ser percorridos até que todos os cidadãos tenham seus direitos e deveres assegurados. A inclusão não é uma atitude que possa ser imposta, mas sim conquistada pela consciência e ação de cada ser que compõem a sociedade. Nesta perspectiva, a Educação tem um papel de suma importância neste processo. Apesar de nosso sistema educacional buscar a democratização do acesso ao conhecimento, encontramos ainda muitos problemas e exclusões, em especial aqueles relacionados à chamada Educação Especial. Sabedores das dificuldades e tempos relacionados à Educação Inclusiva implantaram-se na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, um Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação de Surdos, pretendendo trabalhar o Ensino de Física através da Língua Brasileira de Sinais, visando oferecer subsídios à comunidade docente e surda, denominado Sinalizando a Física. O projeto conta atualmente com três acadêmicos bolsistas de iniciação cientifica, sendo estes do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais e Matemática. O presente trabalho se configura como uma investigação de qual a contribuição do projeto de iniciação cientifica Sinalizando a Física para a formação inicial dos acadêmicos membros. Com efeito, o objetivo deste é apreender como estes discentes percebem sobre os seus envolvimentos em educação inclusiva.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma investigação qualitativa e interpretativa, esta foi escolhida porque ela fornece dados que geram interpretações mais significativas que os dados obtidos em um estudo quantitativo, pois este pode até apontar para um bom ou mau desempenho, mas não é capaz de prover interpretações que revelem o(s) porquê(s) do sucesso ou fracasso (Triviños, 2006). Propôs-se investigar e responder os questionamentos referentes às percepções sobre educação inclusiva no processo de formação inicial docente. Para tal foi escolhida a entrevista semi-estruturada e o questionário que se fundamentou em dados do objeto da pesquisa, para que os entrevistados pudessem expor seus relatos, de forma livre, flexível sobre suas percepções sobre educação inclusiva na formação inicial docente, bem como fazer comentários pertinentes aos seus envolvimentos com o Projeto Sinalizando Física. Os sujeitos desta investigação são dois docentes do curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais e Matemática e que atuam como bolsistas de iniciação cientifica no Projeto Sinalizando a Física.
RESULTADOS:
Analisamos e discutimos os relatos orais dos acadêmicos, sendo apresentados os que convergiram para um ponto em comum. Indagados sobre qual eram suas visões sobre educação inclusiva antes do ingresso no ensino superior, ambos relatam que nem mesmo pensavam sobre esta discussão, pois, durante os seus períodos escolares não tiveram contado com portadores de necessidades especiais. Quando questionados sobre uma possível mudança de visão sobre a temática, devido a ações do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais e Matemática, declaram que até o momento não houve nenhuma. Importante salientar, que um dos graduandos se encontra no último semestre. Sobre a contribuição do Projeto Sinalizando a Física para uma conscientização acerca da Educação Inclusiva, destacam que a mesma ocorreu e indicam a importância da disponibilização da educação a todos e uma visão humanizada sobre a temática. Os entrevistados não se sentem preparados para uma atuação profissional com estudantes que necessitam de atendimento diferenciado da maioria, reforçando este sentimento com o fato de não se sentirem amparados, sobre o assunto, durante a formação inicial e se sentem mais tranquilos apenas quando direcionados para educação de surdos, pois é este é o enfoque desenvolvido no projeto.
CONCLUSÃO:
Pelas análises dos relatos, percebe-se a necessidade de uma reformulação nos objetivos e da matriz curricular do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais e Matemática, de forma a permitir aos futuros docentes o mínimo domínio sobre a Educação Especial, além do conhecimento de novas metodologias que proporcionem auto-confiança e possibilidade de desenvolvimento do trabalho docente. Ainda, o trabalho permite sugerir a formação continuada como uma forma de atingirmos toda a comunidade acadêmica, mesmo quando a matriz curricular não aborda, a contento, as questões relacionadas à Educação Inclusiva.
Instituição de Fomento: UFMT/VIC e FAPEMAT
Palavras-chave: Formação Docente, Educação Inclusiva, Iniciação Cientifica.