62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
MORTALIDADE POR CAUSAS NÃO INTENCIONAIS EM IDOSOS NA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL
Isabela Cristina de Miranda Gonçalves 2, 1
Marcilio Sandro de Medeiros 1
Kelly Patrícia Borges Dias 2
Jose Camilo Hurtado Guerrero 3
1. Instituto Leônidas e Maria Deane
2. Universidade Federal do Amazonas
3. Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:

Para alguns autores a queda trata-se de uma síndrome geriátrica, sendo definida como "um evento não intencional", resultante da mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial.  Admite-se que suas causas primárias estejam relacionadas à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteoarticulares, provocando a perda total do equilíbrio postural.

 

Nos Estados Unidos da América as quedas são eventos freqüentes causadoras de lesões, constituindo a principal etiologia de morte acidental em pessoas com idade acima de 65 anos.

 

No Brasil, estudo realizado na cidade de Ribeirão Preto (SP) em 2004, composto por pessoas com 60 anos ou mais de idade, atendidas em duas unidades de internação de um hospital universitário do próprio município, constatou que as três principais causas de quedas foram: ambiente inadequado (54%); doenças neurológicas (14%); e doenças cardiovasculares (10%).

 

Pessoas de todas as faixas etárias correm risco de sofrer queda. Todavia, para os idosos elas possuem um significado muito relevante, uma vez que suas conseqüências podem resultar em incapacidade e morte. Os custos são grandes especialmente quando se diminui a autonomia e independência dessas pessoas.

 

Logo, os estudos epidemiológicos têm mostrado que doenças e limitações não são conseqüências inevitáveis do envelhecimento, e que o uso de serviços preventivos, eliminação de fatores de risco e adoção de hábitos de vida saudáveis são importantes determinantes do envelhecimento saudável.

 

Objetiva-se estimar o coeficiente de mortalidade por causas não intencionais em idosos na cidade de Manaus no período de 2000 a 2007.

 

METODOLOGIA:

O estudo é definido como epidemiológico uma vez que estudou as condições de saúde do idoso por meio da mortalidade. O delineamento do estudo é do tipo transversal e descritivo, sendo as informações obtidas a partir da análise de dados secundários. Os dados foram coletados no banco de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) disponíveis no sítio do Departamento de Informática do Ministério da Saúde (DATASUS).

 

Os mortes causadas por traumatismos acidentais por quedas para serem tabulados tiveram que ser agrupados no Grupo 3 das causas externas não intencionais, conforme proposta da Classificação da Carga Global de Doença, que correspondem aos códigos W00-W19 da Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID10).

 

Para isso foi necessária a criação de arquivos de conversão (.cnv) e definição (.def) para tabulação dos dados no software TabWin versão 3.5. As tabulações realizadas posteriormente foram transportadas para planilhas eletrônicas onde foram obtidas as porcentagens e o Coeficiente de Mortalidade (CM) por sexo e faixa etária de 60 anos ou mais de idade. O estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado "Abordagem Ecossistêmica para o Desenvolvimento de Indicadores e Cenários de Sustentabilidade Ambiental e de Saúde na Cidade de Manaus / AM", financiado pelo Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública (edital 1/2007 da Fundação Oswaldo Cruz) e pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas, através de convênio técnico com o Programa de Apoio a Iniciação Científica do Instituto Leônidas e Maria Deane. A pesquisa está de acordo com a Resolução CNS 196/96 (CEP/ESA/UEA-PROTOCOLO Nº.037/09).

RESULTADOS:

No período analisado foram registrados 256 óbitos em idosos de 60 anos ou mais de idade por causas externas não intencionais de residente em Manaus, o que corresponde a 40,4% das causas externas segundo a Classificação de Carga Global de Doenças.

As quedas são responsáveis por metade das mortes entre as causas não intencionais no período analisado (51,1% ou 131 casos), sendo proporcionalmente maior na faixa etária de 80 a mais anos de idade (37,4%).  Dentre os oito anos analisados a incidência apresentou grande variação. Em 2006 foi registrada a maior (27,9/100.000 habitantes), e em 2002 verificou-se a menor incidência (10,1/100.000 habitantes). No geral, as mortes por quedas incidem mais o sexo masculino, quando em 2001 foram registrados os maiores coeficientes, tanto no sexo masculino (47,9/100.000 habitantes), quanto no sexo feminino (21,1/100.000 habitantes). Vale ressaltar que em média 15% das mortes ocorrem no próprio domicílio.

A maior proporção de mortes causadas por quedas entre idoso maiores de 80 a mais anos de idade é idêntica a resultados relatados em pesquisas anteriores. Contudo, a diferença em relação ao sexo, é que no caso de Manaus, incidem mais nos homens. No geral, concordamos com estudos epidemiológicos anteriores que têm mostrado que doenças e limitações não são conseqüências inevitáveis do envelhecimento, e que o uso de serviços preventivos, eliminação de fatores de risco e adoção de hábitos de vida saudáveis são importantes determinantes do envelhecimento saudável.

CONCLUSÃO:

 Nesse sentido, entendemos que as informações sobre as condições de saúde dos idosos e seus determinantes, assim como suas demandas e padrões de uso de serviços de saúde, são fundamentais para orientar políticas de saúde voltadas a essa população.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM e Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ
Palavras-chave: Habitação de idoso, saúde do idoso, mortalidade.