62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
ANÁLISE DA QUALIDADE DO MEL COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN
Amanda Alice Ferreira Bezerra 1
Joyce Viviane Cavalcante Cruz 1
Katya Anaya Jacinto Lopes 1
Jaquelânia Lira Dantas 1
Maiara Laiany da Costa Araujo 1
Liana Araújo dos Santos 1
1. FACISA - Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
INTRODUÇÃO:
O mel é um alimento produzido pelas abelhas a partir do néctar recolhido de flores e processado pelas enzimas digestivas desses insetos. Constitui-se de uma solução concentrada de açúcares com predominância de glicose e frutose, contendo ainda uma mistura complexa de outros hidratos de carbono, enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos e grãos de pólen podendo conter cera de abelhas. O mel de boa qualidade não poderá conter substâncias estranhas à sua composição normal, como corantes, aromatizantes, espessantes, conservadores e edulcorantes. No seu processamento é permitido o aquecimento até 70ºC desde que seja mantida a sua atividade enzimática. É um produto muito apreciado pela população e bem comercializado devido suas características sensoriais e propriedades terapêuticas. Embora o município de Santa Cruz-RN possua uma produção de mel pouco expressiva para a economia do Estado, é importante que se garanta a qualidade do produto que vem sendo comercializado na região. Assim, a fim de verificar a qualidade do mel comercializado no local, foram realizadas análises das características químicas do produto, já que alguns comerciantes, visando obter maiores lucros, comumente promovem a adulteração do mesmo.
METODOLOGIA:
A análise foi feita em amostras de mel in natura de abelhas Apis mellifera e Melípona subnitidam, e em amostras de méis industrializados, todas coletadas no comércio da cidade de Santa Cruz, no Estado do Rio Grande do Norte. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório Multidisciplinar da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, as quais foram submetidas às provas de Fiehe e Lund, conforme as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz.
RESULTADOS:
Foi verificado que 67% das amostras apresentaram resultado positivo para a reação de Fiehe, indicando a presença de hidroximetilfurfural, composto formado em decorrência de superaquecimento do mel ou fraude do produto por adição de xarope de glicose ou açúcar. A presença deste composto também pode ser indicativa de extenso período de estocagem, principalmente se o armazenamento for feito em embalagem e local exposto à luz. Apenas uma das amostras apresentou resultado da reação de Lund abaixo dos parâmetros exigidos pela legislação, podendo ter ocorrido perdas de albuminóides durante o seu processamento ou adulteração por diluição do produto. Verificou-se assim que apenas 33% dos méis analisados podem ser considerados de boa qualidade. Resultados semelhantes foram observados em um estudo que avaliou 54 amostras de mel comercializadas em Salvador-BA, das quais, a maioria, encontrava-se fora dos parâmetros preconizados pela legislação. Esta falta de conformidade foi atribuída pelos autores à maneira inadequada de obtenção do mel, que ocorre em grande escala, por prensagem manual dos favos quando o mel ainda está imaturo, favorecendo a obtenção precoce do produto e aumento dos lucros, e conseqüentes características físico-químicas inapropriadas.
CONCLUSÃO:
As análises realizadas demonstraram a necessidade de uma maior fiscalização quanto às práticas de adulteração do mel, o que compromete a qualidade deste produto tão apreciado e comercializado. Apesar do pequeno universo amostral, os resultados indicam a baixa qualidade do mel comercialmente disponível no município de Santa Cruz-RN, sendo necessárias análises adicionais, principalmente por se tratar de um produto que pode veicular contaminantes prejudiciais à saúde, além das fraudes poderem promover possíveis perdas da suas propriedades terapêuticas. Embora a extração de mel não seja uma atividade econômica explorada de maneira intensiva na região do Trairi, os resultados demonstram a necessidade de orientações aos produtores e fiscalização sistemática da qualidade dos méis ali produzidos, a fim de proteger o interesse do consumidor e a saúde pública.
Palavras-chave: Mel, Análise, Adulteração.