As ciências exatas (Química, Física e Matemática) são, em geral, disciplinas que não despertam interesses nos jovens por diferentes razões. No caso da Química, a forma com que é abordada nas escolas pode ter contribuído para a difusão de concepções distorcidas desta ciência, uma vez que os conceitos são apresentados de forma puramente teórica, centrada na memorização de conceitos, sem conexão (aplicação) direta com o cotidiano do aluno. Dessa forma, suscitar a curiosidade dos alunos, levando-os a questionar "O que isso tem haver com Química?" e apresentar as respostas a esses questionamentos de forma interativa criaria um ambiente propício ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, aproximando os alunos da disciplina.

Com esse objetivo os graduandos de bacharelado e licenciatura em Química, integrantes do PET (Programa de Educação Tutorial), fizeram um levantamento estatístico com alunos de ensino médio de diversas escolas (públicas e particulares) sobre seu interesse em Química. Dessa maneira foi possível desenvolver material didático, inclusive por meio de apresentações de cunho teórico e experimental, respondendo aos questionamentos levantados.

Para obtenção desses dados foi formulado um questionário que foi aplicado aos alunos pelos integrantes do PET. Nesse questionário foram levantadas duas questões principais: a área de química que despertasse maior interesse e uma curiosidade específica do seu cotidiano. Os diversos temas abordados pela grande maioria foram divididos e cuidadosamente associados a subgrupos de assuntos da Química abordados no Ensino Médio no Brasil e presentes no programa dos vestibulares e ENEM.

A partir do tratamento estatístico realizado foi possível desenvolver materiais didáticos na forma de apresentações, vídeos e experimentos demonstrativos acerca das áreas de conhecimento químico de maior interesse dos alunos.

Foi realizada a pesquisa com 154 alunos de cinco escolas do Recife, dos quais 116 contribuíram de maneira significativa para o trabalho. Como resultado do tratamento estatístico constatou-se que a maior área de interesse foi a Química geral (com aproximadamente 60%), envolvendo os conteúdos de Atomística (19%), Tabela Periódica (9 %), Reações Químicas (8%), Funções Inorgânicas (7%), Estequiometria (7%), Gases (5%), Ligações Químicas (2%) e Grandezas (1%). Em seguida a área Físico-química (29%), tendo os assuntos Radioatividade (7%), Equilíbrio Químico (5%), Termodinâmica (3%), Soluções (3%) e Físico-química de uma maneira geral (11%). Por fim, a área de menor interesse foi a de Química Orgânica (com 11%), dos quais 5% são referentes à Bioquímica. Acredita-se que este baixo percentual de aceitação se deva ao desconhecimento da área por parte dos alunos de 1º e 2º do ensino médio entrevistados. 

As curiosidades específicas dos alunos foram distribuídas em seis temas, dos quais o que maior destaque foi Propriedades da Matéria (39%), com perguntas como "Qual a diferença da grafite para o diamante?". Em seguida a de Alimentos (26%), agrupando dúvidas do tipo "Porque a banana escurece?", Corpo e Saúde (12%), Química Bélica (9%), Tecnologia (9%) e Origem do Universo (5%).

A pesquisa demonstrou ser um recurso importante na busca por um ensino de Química que contribua para a formação de cidadãos cada vez mais críticos e bem informados. Além disso o estudo permitiu a coleta de informações valiosas para professores de ensino médio no que diz respeito a temas menos assimilados ou "enfadonhos" para os alunos, os quais demandam maior enfoque destes profissionais. Baseado nas curiosidades levantadas pelos alunos foi desenvolvido material didático interativo com experimentos sobre o tema "Alimentos". Como perspectiva o grupo pretende realizar o desenvolvimento de material para todos os outros temas levantados pelos alunos.