62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
PRECARIZAÇÃO NO ESTÁGIO E NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA-BA.
Jaqueline Rodrigues da Silva 1
1. Universidade Federal Fluminensse-UFF
INTRODUÇÃO:

No século XX a sociedade passa por profundas transformações causadas pelas crises do modo produção vigente, uma delas é a Reestruturação produtiva, que reorganizou o trabalho a partir da década de 70 baseado na acumulação flexível. É nesse contexto que o mundo do trabalho precisa de um novo trabalhador que dê contas das suas atuais demandas, logo se torna imprescindível outro modelo de formação humana, formação essa voltada para produtividade, polivalência, acrítica, raciocínio lógico, capacidade de abstração, decisão, enfim de acordo com a acumulação flexível.

Nesse sentido a educação torna-se importante para formar esses novos trabalhadores e a educação física contribui de forma significativa nesse processo assim temos como problemática: quais as implicações dos estágios não obrigatórios em academias paras a formação dos professores de educação física da Universidade Estadual de Feira de Santana-Ba?. Tendo como objetivos; Identificar quais as implicações dos estágios não obrigatórios em academias, para a formação dos professores e professoras de educação física da UEFS; Identificar a precarização do trabalho de estagiários de educação física da UEFS nas academias de Feira de Santana-BA.

METODOLOGIA:

Foram estudados os alunos do Curso Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Feira de Santana, utilizamos na fase exploratória da pesquisa a entrevista enquanto elemento de coleta de dados, partindo dos dados encontrados no Colegiado do Curso temos do 5° ao 8° semestre, 100 estudantes matriculados, no entanto, utilizamos critérios de inclusão e exclusão.

Dentro dos tipos de entrevistas descritos por Minayo (2004), o que melhor atendeu a estes preceitos foi à entrevista semi-estruturada, buscarmos extrair do grupo pesquisado, um discurso livre e espontâneo, onde puderam expressar as condições e relações do estágio e a sua formação.

A entrevista consistiu em 09 questões, e acompanhado com a mesma tivemos o termo de consentimento livre-esclarecido para que cada acadêmico de educação física da UEFS possa ter opção de participar ou não da pesquisa.  O projeto foi submetido junto com a entrevista ao comitê de ética da Universidade Estadual de Feira de Santana obtendo aprovação e autorização para darmos continuidade à pesquisa.

Na fase de analise de conteúdo nos utilizamos da hermenêutica dialética que para Minayo (2002) se apresenta como um caminho do pensamento, como uma via de encontro entre ciências sociais e a filosofia.

 

RESULTADOS:

Dentre os estudantes entrevistados através do roteiro a primeira questão que aparece é o inicio do estágio. A maioria começa a estagiar em academias a partir do segundo ou terceiro semestre. Outra questão que é muito delicada é em relação à autorização do estagio onde 93% dos entrevistados relataram que não precisaram de nenhuma autorização para estagiar e 47% trabalham igual a 20 horas semanais. Outro fator agravante é valor da hora/aula onde 53% recebem menor ou igual a 4,00 reais. E por final 60% acreditam que o estágio em academias implica diretamente de forma negativa na formação nos aluno do Curso licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Feira de Santana. Acreditamos que há implicações na formação uma vez que os estudantes estão assumidos uma responsabilidade que não lhes compete, muitas vezes trabalhando em duas academias aumentando sua carga horária e diminuindo sua dedicação para a Universidade e para sua formação de futuros professores da área.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego essa substituição juridicamente é nomeada como exercício ilegal da profissão e se constituí enquanto crime. Dessa forma, muitos deles sabem que estão sendo explorados, que é substituição de força de trabalho, mas se submetem devido as suas necessidades.

CONCLUSÃO:

Através da pesquisa chegamos às primeiras conclusões, constatamos que as implicações dos estágios não obrigatórios em academias têm um impacto negativo na formação dos alunos que através dos objetivos identificamos que: os estudantes ingressam muito cedo no estágio; A Universidade Estadual de Feira de Santana junto com as entidades representantes e responsáveis pelo setor de estágio do Curso de Educação Física não se responsabilizam pelo estágio dos alunos, sem ter em mãos o Termo de Consentimento da Instituição, exercendo ilegalmente a profissão; O estágio impede muitas vezes que os estudantes realizem atividades que contribuam para sua formação, sendo que não podemos afirmar com precisão, mas a maioria dos estudantes que estagiam em academias não desenvolve mais nenhuma atividade na Universidade, esse pressuposto pode ser objeto de pesquisas futuras; Existe uma substituição de força de trabalho, ou seja, de força de trabalho barata substituindo profissionais formados o que se constitui um crime, exercício ilegal da profissão.

Palavras-chave: Precarização, Estágio não obrigatório, Formação.