62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE PLANTAS MEDICINAIS DO GÊNERO Annona
Isabela Gomes Alves Munhoz 1
Bonifácio Pereira do Nascimento Filho 1
Thiago José Matos Rocha 1
Thássia Thicielle Oliveira Sena 2
Tryciane Silva Pinheiro 2
Aldenir Feitosa Santos 1, 2
1. Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - FCBS/Centro Universitário Cesmac
2. Depto. de Química, Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL
INTRODUÇÃO:

A utilização de plantas medicinais tem acompanhado a evolução do homem através dos tempos, sendo muitas das indicações etnofarmacológicas comprovadas cientificamente e originando derivados naturais com relevante potencial terapêutico. Os produtos da oxidação celular podem causar muitos danos, incluindo perda da função celular. Isto pode ocorrer devido à oxidação da membrana de lipídios que produzem radicais livres, produtos estes que alteram a permeabilidade da membrana, provocando mudança da regulação da atividade enzimática. Atualmente tem crescido a busca por antioxidantes de origem vegetal. A família Annonaceae é quimicamente uma das famílias de plantas tropicais menos estudadas. Entretanto, investigações fitoquímicas e farmacológicas sobre membros desta família vêm se intensificando nos últimos anos. O objetivo do presente trabalho é determinar o potencial antioxidante de cinco espécies do gênero Annona: A. crassiflora (caule, folha, semente, raiz), A. glabra (folha, caule), A. muricata (folha, raiz), A. salzmanni D. C. (madeira, raiz) e A. squamosa L. (semente); através dos métodos do radical livre DPPH (2,2- difenil-1-picril-hidrazila) e FTC (tiocianato férrico), além de calcular os seus respectivos coeficientes de eficiência (CE50).

METODOLOGIA:
O material vegetal foi seco à temperatura ambiente, moído e macerado em etanol 96%, para posteriormente serem secos em rotaevaporador. A partir de 20 mg do extrato seco, foi preparada uma solução em etanol a 1,0 mg/mL (ou 1:1) para posteriores diluições. Para análise qualitativa da atividade antioxidante dos extratos vegetais, os mesmos foram submetidos à cromatografia em camada delgada - CCD. As placas foram eluídas em solventes com polaridade crescente e, após secagem, foram borrifadas com solução a 0,4 mmol/L do radical DPPH em MeOH. As placas foram observadas até o surgimento de manchas amarelas sob fundo de coloração púrpura, indicativo de possível atividade antioxidante. A análise quantitativa in vitro da atividade antioxidante foi feita seguindo metodologia descrita na literatura, monitorando-se o consumo do radical livre DPPH pelas amostras e o percentual de inibição pelo método FTC. Estas medidas foram feitas em espectrofotômetro UV-Vis. Os valores de atividade antioxidante percentual (AAO%) nas concentrações 250, 150, 50, 10 e 5 μg/ mL para o DPPH e 100, 75, 50, 255 μg/ mL para o FTC, foram analisadas no programa "Excel for Windows", para obtenção das respectivas equações de reta, necessárias para determinação dos valores de CE50 das amostras vegetais
RESULTADOS:

Todas as plantas analisadas apresentaram, em análise qualitativa, atividade antioxidante. Com relação à avaliação quantitativa do potencial antioxidante, as espécies A. crassiflora (folha e semente), A. muricata (raiz) e A. salzmannii (raiz) apresentaram atividade antioxidante em todas as concentrações avaliadas. As espécies A. crassiflora (folha, raiz), A. muricata (folha) e A. salzmannii (madeira, raiz) apresentaram atividade antioxidante superior a 90% a 500μg/mL. Nesta mesma concentração as espécies A. crassiflora (semente, caule), A. glabra (folha, caule), A. muricata (raiz), A. squamosa (semente) apresentaram AAO% entre 40 e 78%. Merece destaque a espécie A. crassiflora (folha) por apresentar AAO% 97,953% a 50μg/mL. Todos os extratos apresentaram o coeficiente linear (R2) acima de 0,7, o que indica que em mais de 70% dos casos a equação da reta obtida reproduz o comportamento do extrato vegetal analisado com relação a sua atividade antioxidante. No cálculo do CE50 todos os extratos obtiveram bons resultados com destaque para A. salzmannii que apresentou CE50 = 3,5008µg/mL. No método FTC todos os extratos obtiveram bons resultados com destaque A. squamosa e A. salzmannii que apresentaram AAO% de 92,243% e de 92,946%, respectivamente a 25μg/mL.

CONCLUSÃO:

Pode-se concluir que pelos resultados aqui apresentados todas as espécies estudadas apresentaram um grande potencial antioxidante, sendo fortes candidatas a fonte de novas substâncias úteis no combater a vários problemas relacionados aos radicais livres. Tendo em vista que até então não existia comprovações cientificas sobre as propriedades antioxidantes dessas espécies vegetais, este trabalho torna-se pioneiro no estudo da família Annonaceae no Brasil com essa finalidade.

Instituição de Fomento: Fundação De Amparo A Pesquisa Do Estado De Alagoas - FAPEAL
Palavras-chave: Radicais livres, Antioxidantes, Annona .