62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES HERBÁCEAS DA MATA ATLÂNTICA DE PERNAMBUCO
Ana Maria da Silva 1
Elba Maria Nogueira Ferraz Ramos 1, 2
1. Depto. Acad. de Meio Ambiente, Saúde e Segurança -IFPE
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Atualmente, a mata atlântica continua a ser devastada, sofrendo contínua fragmentação, o que compromete cada vez mais a sustentabilidade dos seus remanescentes. Apesar do elevado grau de degradação existente na mata atlântica, notadamente no nordeste, ainda é escasso o conhecimento que se tem sobre a dinâmica regenerativa das comunidades presentes nessa região. Sendo assim, existe uma escassez de estudos envolvendo o componente herbáceo destas florestas, o que o torna pouco conhecido. O componente herbáceo, certamente, possui uma grande importância para regeneração da vegetação, pois, fornece um ambiente de condições favoráveis para o estabelecimento de espécies vegetais  lenhosas e fauna característica. Em função de conhecer mais o componente herbáceo, o presente trabalho teve como objetivo fazer um checklist das espécies herbáceas da mata atlântica depositadas no herbário Professor Vasconcelos Sobrinho - PEUFR da UFRPE. Dessa forma, acredita-se que a importância deste trabalho está na carência de estudos que envolvam o conhecimento do componente herbáceo das áreas de mata atlântica, e na necessidade de fornecer informações que possam subsidiar trabalhos que envolvam a dinâmica do componente herbáceo em relação à regeneração da mata atlântica.
METODOLOGIA:

A coleta de dados ocorreu através de levantamento das famílias e espécies herbáceas depositadas no Herbário Professor Vasconcelos Sobrinho - PEUFR da URPE e que foram coletadas em áreas de mata atlântica de Pernambuco. O Herbário PEUFR possui um acervo considerável de coleções oriundas de trabalhos científicos desenvolvidos no Estado. De cada exsicata analisada foram registradas as seguintes informações: nome da família e da espécie; época de coleta; fenofase (vegetativa, flor, fruto); características morfológicas (cor da flor e fruto, presença de pêlos e de espinhos); município de coleta e habitat. Com as informações foi montado um banco de dados que retrata o nível de coletas para o Estado, permitindo, dessa forma, identificar as áreas com maior esforço de coleta, bem como as lacunas de coleta existentes. Também permitiu verificar que algumas espécies possuem coletas bastante antigas e, assim, requerem uma atenção especial dentro de um plano de coleta botânica para a mata atlântica do Estado. O indicativo da época de coleta com a correspondente fenofase atende aos objetivos de subsidiar trabalhos de campo sobre dinâmica regenerativa do componente herbáceo, considerando ser a fase vegetativa difícil de distinção quando comparada com as plântulas das lenhosas.

RESULTADOS:
No levantamento realizado no Herbário PEUFR foram registradas 315 espécies, distribuídas em 17 famílias. As famílias com maior número de espécies foram: Rubiaceae (25 espécies); Amaranthaceae (17 espécies), Euphorbiaceae (12); Acanthaceae (10) e Araceae e Bromeliaceae (8 espécies cada). Esse número de espécies herbáceas é subestimado, considerando o elevado número de exsicatas sem identificação em nível de espécie e o reduzido número de coletas, já que os levantamentos florístico e fitossociológico na mata atlântica nordestina são, em geral, do componente lenhoso. Algumas espécies foram coletadas apenas a cerca de 40 a 50 anos passados, segundo registros do herbário PEUFR, como é o caso de Hygrophila costata Ness. (Acanthaceae). Em relação à época de floração e frutificação, para auxiliar nos programas de coleta, os registros das exsicatas indicam os meses de setembro a novembro (estação seca) e de fevereiro a maio (estação chuvosa). Há enorme escassez de coleta das espécies no interior das matas, sendo a maioria para áreas abertas e de borda florestal. A riqueza de famílias registrada é compatível com outros levantamentos de mata atlântica fora do Estado.
CONCLUSÃO:

A escassez de coletas em situações de interior de mata permite concluir o quanto o componete herbáceo dos fragmentos de mata atlântica de Pernambuco é pouco conhecido e quanto esforço de coleta precisa ser investido em prol desse conhecimento. Haja vista que a maioria das espécies herbáceas (terrestre e epífitas) de matas úmidas ocorre em condições de elevado sombreamento, temperaturas mais amenas e elevada umidade. Notadamente as herbáceas de mata atlântica das famílias Orchidaceae, Rubiaceae, Apocynaceae, Maranthaceae, e Menispermaceae. Constata-se, ainda, que um número bem representativo de espécies herbáceas registradas em áreas de domínio atlântico pode pertencer a floresta stricto senso, mas pode fazer parte das formações pioneiras (restingas, dunas, mangues) ou até mesmo de outros ecossistemas e estarem na condição de invasoras de áreas abertas ou alteradas. Finalmente, conclui-se que muito precisa ser feito para o conhecimento do componente herbáceo da mata atlântica Pernambucana e principalmente da dinâmica regenerativa desse componente nas diversas condições de habitat e de status de conservação dos remanescentes.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: mata atlântica, regeneração, componete herbáceo.