62ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

UM OLHAR BIOSSOCIAL NO LIXÃO DE REMÍGIO-PB.

Elvira Bezerra Pessoa 1 Elicelia Freire Batista 2 Carla Liege Rodrigues Pimenta 1 Antônio Lopes Gaiao 2

1. Universidade Estadual da Paraíba 2. Universidade Vale do Acaraú

INTRODUÇÃO:

No Brasil, legalmente, as prefeituras são responsáveis pela limpeza pública - coleta, transporte e disposição do lixo domiciliar, comercial e dos espaços públicos. A coleta de resíduos sólidos urbanos atinge quase a totalidade das residências brasileiras. Porém, é na destinação final desses resíduos que se localiza o principal problema a ser resolvido pelos grandes centros urbanos. Depois de coletado, o lixo pode ter vários destinos, e isso depende da estrutura de cada município. Os lixões são a alternativa mais comum - e a pior - nas cidades brasileiras. O acelerado processo de crescimento urbano e demográfico experimentado pelo município de Remígio, cidade localizada na Mesorregião do Agreste Paraibano e na Microrregião do Curimataú Ocidental, com sede a 137 km da capital João Pessoa; e com população total, segundo o censo Demográfico de 2008 do IBGE de 17.123 habitantes, contribui para a superlotação do lixão agravando desta forma ainda mais a problemática dos resíduos sólidos; que tem uma produção per capita de lixo estimada em média de 1 kg/hab.dia. Além disso, a destinação do lixo local encontra-se em permanente discussão, tendo em vista a falta de definição de um modelo gerencial para o município.

METODOLOGIA:

A pesquisa realizada foi de cunho descritivo quantitativo e de campo. O desenvolvimento da mesma priorizou os seguintes passos: a observação direta e análise dos impactos ambientais provocados pelo lixo, a observação direta extensiva que baseia-se na aplicação de formulários e ou questionários e oficina realizada ao término da intervenção.Nesta pesquisa foi aplicado um questionário composto por perguntas abertas e fechadas, correspondendo aos objetivos pertinentes ao estudo. A coleta de dados é resultado de respostas dadas por 5 famílias (catadores) residentes nas proximidades do lixão, localizadas no sítio Serra Preta, na cidade de Remígio, Estado da Paraíba. A aplicação dos questionários foi realizada no período dos meses de setembro a novembro de 2009, de terça-feira à quinta-feira nos horários das 8h até as 11h, com duração de aproximadamente 40 a 50 minutos. Ao final os catadores participaram de uma oficina para a produção de vassouras de garrafas PET, proposta para a viabilização de um trabalho sustentável.

RESULTADOS:

Os catadores do lixão de Remígio estão na faixa etária entre 30 e 50 anos e não possuem o 1º grau completo, trabalham em coletivo com a recuperação das sobras da sociedade. Caracterizam-se por viver sempre juntos sendo que a maioria dorme amontoada próximo ao lixão, pois, por falta de armazém para guardarem seus materiais recicláveis permanecem juntos aos mesmos até a possibilidade de comercialização. Verificou-se, que os resíduos sólidos do lixão ficam expostos a céu aberto favorecendo a proliferação de micro e macro vetores. Outro problema constatado foi o lançamento indevido de resíduos de ordem hospitalar nos lixões que deveriam ser despejados em valas separadas e aterrados imediatamente. Sobre a atuação dos gestores públicos em relação aos catadores e ao lixão da cidade verificou-se que 70% dos entrevistados disseram que deveriam ser feitas campanhas sobre reciclagem de lixo e 30% responderam que deveriam construir uma usina de reciclagem. Apresentadas as dificuldades dos catadores viabilizamos uma oficina para fabricação de vassouras de garrafas PET vislumbrando uma nova alternativa de fonte de renda.

CONCLUSÃO:

De acordo com os dados obtidos durante a pesquisa, pode-se concluir que os catadores do lixão de Remígio-PB apresentam um trabalho extremamente dificultado pelos impactos provocados pela falta de uma política pública que não prioriza as condições humanas dos que tiram sustento do lixão da cidade. Entretanto, seria importante a parceria com os poderes públicos que poderiam oferecer incentivos tanto na melhoria da qualidade de trabalho quanto na vida dos/das catadores/catadoras. Percebe-se ainda que os catadores consideram importante a ajuda da comunidade na reciclagem do lixo visando desta forma facilitar o seu trabalho no lixão. Há também a preocupação em relação aos materiais que poderiam ser reciclados e reaproveitados, contribuindo para a diminuição dos resíduos sólidos e com a preservação do meio ambiente, já que eles ao mesmo tempo em que ganham seu dinheiro estão ajudando a preservar a natureza. É importante ressaltar que os catadores aprenderam a produzir as vassouras de garrafas PET que já estão sendo comercializadas como uma alternativa de geração de renda.

Palavras-chave: Lixão, Resíduos Sólidos, Catadores.