62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 4. Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo
ADEQUAÇÃO CLIMÁTICA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: ANÁLISE COMPARATIVA DE SOLUÇÕES DE SOMBREAMENTO EM EDIFÍCIOS DA UFAL
Jordana Teixeira da Silva 1
Fabio Henrique Sales Nogueira 1
Melyna de Almeida Lamenha 1
Renata Camelo Lima 1
Yara Carvalho de Macedo 1
Juliana Oliveira Batista 1
1. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas / UFAL
INTRODUÇÃO:
A busca pela qualidade e adequação das edificações ao clima, com o aproveitamento dos recursos naturais de climatização, pode minimizar a intensa demanda por energia elétrica através de meios artificiais, favorecendo a obtenção do conforto térmico nas edificações. Entendendo que as principais trocas térmicas dos edifícios com o meio exterior ocorrem por meio das aberturas (elementos transparentes), a orientação e o tamanho destas, o tipo de vidro e a utilização de protetores solares são fatores que influenciam no seu desempenho (LAMBERTS, 1997). Os protetores, que compõem a envoltória da edificação, podem otimizar o aproveitamento da radiação solar e luz natural, diminuindo a dependência da climatização e iluminação artificiais. O presente trabalho tem como objetos de estudo duas edificações localizadas no campus da UFAL, em Maceió: o Núcleo de Pesquisa Multidisciplinar - NPM e o Laboratório de Computação e Visualização Científica - LCCV, pertencente à Rede Temática de Computação e Visualização Científica. O objetivo consiste em avaliar o desempenho das soluções de sombreamento, reconhecendo a devida importância dos protetores solares e sua contribuição para o conforto térmico de cada edificação, uma vez que amenizam a carga térmica advinda da incidência direta da radiação solar.
METODOLOGIA:
Os procedimentos utilizados para a realização do trabalho foram: i) levantamento das áreas das aberturas envidraçadas e dos ângulos de sombreamento, proporcionados pela existência de protetores solares pertencentes às envoltórias dos edifícios em análise; ii) visitas in loco para identificação de possíveis alterações no projeto durante a execução da obra; iii) registro fotográfico; iv) sistematização dos dados através de planilhas eletrônicas e v) avaliação do nível de eficiência da envoltória, conforme o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C). Em seguida, foi feita a análise comparativa dos elementos de proteção solar existentes nas aberturas de ambas as edificações, considerando os seguintes parâmetros: flexibilidade do controle das aberturas, aproveitamento da luz natural e proteção contra a radiação.
RESULTADOS:
As edificações apresentaram nível B quanto à classificação da eficiência energética da envoltória, entretanto, diferem em relação às soluções para sombreamento das aberturas. As aberturas do NPM são compostas por janelas de correr envidraçadas, com o emprego de brises móveis verticais, beirais e prateleiras de luz, que possibilitam a captação da ventilação e da luz natural além da integração visual entre o interior e o exterior do edifício. No LCCV, as janelas também são de correr e envidraçadas, porém com brises fixos horizontais. A proteção por meio de brises fixos do LCCV é eficiente em relação à amenização do ganho térmico para a edificação, por proteger da incidência solar direta, além de diminuir o risco de ofuscamento. Por outro lado, esta solução não favorece a captação de ventilação natural, uma vez que o brise ocupa toda a área da abertura, além de comprometer a relação visual entre o interior e o exterior da edificação, limitando a visibilidade do entorno. No caso do NPM, os protetores solares móveis apresentam maior flexibilidade, permitindo ao usuário regular sua posição de acordo com a intensidade luminosa ao longo do dia, de acordo com as necessidades diferenciadas de sombreamento relativas a cada fachada.
CONCLUSÃO:
Verificou-se que o RTQ-C quantifica o nível de eficiência energética da envoltória, entretanto, não pode ser utilizado como referência para julgar a adequação bioclimática das edificações. A análise dos edifícios do NPM e do LCCV demonstrou que um edifício com bom nível de eficiência energética da envoltória não representa uma garantia de elementos de proteção adequados, pois o sombreamento das aberturas é somente um dos aspectos considerados pela avaliação. O NPM destacou-se pela melhor adequação às exigências climáticas locais, quando comparado ao LCCV. Através desta análise é possível dizer que não existe uma única solução possível para promover a adequação da arquitetura ao clima e obter uma boa classificação de eficiência energética. A interação simultânea entre as diversas variáveis e componentes de um projeto determinam a qualidade do resultado final. É por meio da combinação adequada das diversas estratégias de projeto que se torna possível alcançar um resultado satisfatório. Portanto, a possibilidade de criar soluções diferenciadas não é um fator limitador para o arquiteto, e sim, um meio propício para estímulo da criatividade.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Eficiência energética, Sombreamento, Envoltória.