62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
POTENCIAL ANTIFÚNGICO DE Siparuna cujabana
Dandara Braga Santana 1
Polyana Araújo de Assis 1
Phellipe Norato Estrela Terra Theodoro 1
Raphaella Correia da Costa 1
Mariana Laundry de Mesquita 1
Laila Salmen Espíndola 1
1. Laboratório de Farmacognosia, Universidade de Brasília / UnB
INTRODUÇÃO:

O gênero Siparuna (Siparunaceae) é amplamente distribuído no hemisfério sul, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da América, sendo que suas espécies compõem a medicina tradicional indígena dessas regiões. Apesar do número de espécies classificadas neste gênero, as pesquisas químicas e biológicas são reduzidas. No Brasil, algumas espécies de Siparuna têm sido utilizadas para o tratamento de diversas enfermidades, dentre essas as doenças de pele. Como reportado na literatura, tais doenças podem ser causadas por fungos patogênicos, que muitas vezes apresentam resistência aos medicamentos disponíveis. Frente a esse quadro, a necessidade pela descoberta de novos agentes terapêuticos antifúngicos torna-se objeto de estudo de várias pesquisas. A elucidação de compostos naturais ativos tem sustentado a busca recorrente de moléculas líderes. Nesse contexto, o presente trabalho objetiva avaliar a atividade antifúngica de extratos vegetais da espécie Siparuna cujabana.

METODOLOGIA:

A espécie Siparuna cujabana (Mart. ex Tul.) A. DC. (Siparunaceae) foi coletada no bioma Cerrado presente nos arredores de Brasília-DF. Uma exsicata foi depositada no Herbário da Universidade de Brasília, sob o número (UB) 3737. Os órgãos da planta foram dessecados, estabilizados, pulverizados e, em seguida, foram produzidos extratos hexânico e etanólico através do método de maceração por contatos múltiplos. Posteriormente, a solução extrativa foi filtrada e concentrada em rota-evaporador. O extrato bruto foi diluído em dimetilsulfóxido (DMSO) e submetido ao teste de determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) pela técnica de microdiluição descrita nos protocolos M27-A2 e M38-A do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). A avaliação foi feita em leveduras: Candida albicans, Candida parapsilosis, Candida krusei, e em dermatófitos: Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum e Microsporum canis.

RESULTADOS:

Foram obtidos seis extratos de Siparuna cujabana: extratos etanólicos de folha, caule, raiz e fruto; e extratos hexânicos de caule e raiz. Esses extratos foram ativos em C. albicans, C. parapsilosis e C. krusei, apresentando valores de CIM inferiores a 500 µg/mL. O extrato hexânico da raiz apresentou CIM de 62,5 µg/mL em C. krusei. Para os fungos dermatófitos, os extratos apresentaram atividade similar à obtida em leveduras, CIM ≤ 500 µg/mL. Na literatura, não existe consenso formado sobre o valor de CIM que classifica os extratos como promissores na busca de novos agentes antifúngicos, sendo apontado por alguns autores que valor de CIM inferior a 500 µg/mL poderia ser um bom ponto de corte. Deste modo, os resultados encontrados para S. cujabana demonstram o aspecto promissor de seus extratos na busca de novos compostos ativos.

CONCLUSÃO:

Os extratos brutos hexânico e etanólico de S. cujabana apresentaram atividade tanto em leveduras como em fungos dermatófitos. Apesar de a literatura reportar a atividade antiprotozoária de várias espécies do gênero Siparuna, ainda não tinha sido relatada a atividade antifúngica de extratos obtidos dessa espécie. O achado desse estudo indica que os extratos de S. cujabana podem ser promissores para a busca de novos agentes antifúngicos. A perspectiva é realizar o fracionamento cromatográfico biomonitorado desses extratos, a fim de caracterizar as moléculas responsáveis pela atividade. Esse estudo mostra a importância da pesquisa de extratos vegetais do Cerrado aliado à preservação desse bioma.

Instituição de Fomento: UnB, CNPq, CAPES, FAPDF
Palavras-chave: Siparuna cujabana, Fungos patogênicos, Bioma Cerrado.