É latente as discussões acerca das questões ambientais. As freqüentes catástrofes ambientais têm incentivado líderes mundiais a discutirem propostas de cunho político, econômico e social. No bojo dessa discussão, encontra-se a região Amazônica, que por sua extensa cobertura vegetal e biodiversidade está frequentemente presente nos debates ambientais. Contudo, reduzir a temática ambiental aos aspectos puramente naturais, é simplificar o seu campo de estudo, pois educação ambiental envolve, além dos aspectos naturais, o homem e suas múltiplas relações. Tendo em vista a grande importância que, aparentemente, é oferecida a questão ambiental, os estudos aqui apresentados buscaram refletir acerca da proposta curricular do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), verificando de que modo a referida temática tem sido abordada. Além do aspecto curricular, buscou-se analisar as representações sociais dos alunos sobre educação ambiental. Entende-se ser relevante pesquisar sobre educação ambiental no curso de Pedagogia, uma vez que o referido curso tem por objetivo formar profissionais que atuarão com sujeitos em pleno processo de formação.

Para compreender as representações sociais de educação ambiental presentes entre os alunos do curso de pedagogia, realizou-se, inicialmente, uma entrevista com quatro alunos que participaram do grupo de pesquisa: Gênero, Trabalho e Educação, analisando, dessa forma, quais e como foram produzidas suas representações. Após precisar quais categorias foram enfocadas, organizaram-se entrevistas que foram aplicadas a um universo maior de alunos (oitenta entrevistados). Na entrevista foi utilizada a técnica de associação livre de palavras, a qual possibilita a livre colocação dos entrevistados, garantindo respostas mais espontâneas. Para a análise dos dados obtidos tanto nas entrevistas, quanto no Projeto Político Pedagógico (PPP) do curso, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que consiste em conhecer aquilo que está por trás das palavras. Os conteúdos presentes nas entrevistas, assim como os conteúdos presentes no PPP, foram separados em categorias, ou seja, após a leitura das entrevistas e dos documentos, organizaram-se as informações, aproximando as respostas que se apresentavam mais frequentes. Essa categorização permitiu precisar as representações sociais do grupo sobre educação ambiental, avaliando a presença ou ausência da temática no currículo de pedagogia.

A análise do Projeto Político Pedagógico do Curso de Pedagogia da UFAM (o trabalho se refere à análise realizada no ano de 2005), constatou que sua estrutura curricular já não atendia às exigências do mundo moderno, pois encontrava-se estagnada (desde o ano de 1976), apresentando as seguintes características: fragmentação do conhecimento,  desarticulação e o reducionismo do curso a um caráter tecnicista.Durante a análise do PPP, observou-se que quanto ao discurso, o mesmo esteve baseado nos princípios da teoria crítica. Mas, quanto à prática curricular, era evidente a supremacia dos princípios da teoria técnica. Outra dificuldade apresentada pelo curso, diz respeito ao oferecimento de formação especializada em funções consideradas extintas enquanto novas demandas têm surgido. Dentre elas, destaca-se a questão ambiental, a qual esteve ausente na estrutura curricular do curso. No que diz respeito às representações sociais dos alunos, verificou-se que 89% dos estudantes entendem que a educação ambiental tem a função de reintegrar o homem à natureza, preparando-os para utilizarem racionalmente os recursos naturais. Relacionam, portanto, educação ambiental à idéia de preservação da natureza, ignorando a dimensão política da educação ambiental.

Analisando o Projeto Político Pedagógico do curso de pedagogia, pode-se verificar a ausência da temática ambiental, mesmo sendo entendida como uma das maiores exigências educacionais contemporâneas. As representações sociais de educação ambiental entre os alunos, revelou-nos uma tendência simplista e reducionista da concepção ambiental, vinculada a aspectos puramente naturais, indicando um processo de conscientização, considerando a relação homem-natureza como natural, deixando de ver que as relações que se estabelecem no mundo são sociais e vividas em um tempo e espaço histórico. Um dos motivos desse reducionismo, talvez esteja na ausência da referida temática na proposta curricular do curso. É nesta perspectiva que considera-se importante trabalhar a questão ambiental nos cursos de formação de professores, pois a Universidade, por ser um espaço privilegiado de informação, de transmissão e produção de conhecimento, constitui-se como um importante contexto no trato dessas questões. Entretanto, para que isso seja possível, é preciso que os atores envolvidos nesse processo, principalmente os professores, estejam informados e capacitados para discutir e refletir sobre as questões ambientais.