62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
REVELANDO PRECONCEITOS NA UNIVERSIDADE: O ESTIGMA DA HANSENÍASE E AS PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS
Yonara Miranda Bandeira 1
José Rodrigues Rocha Júnior 2
1. Universidade Federal da Paraiba - UFPB
2. Universidade Federal do Maranhão - UFMA
INTRODUÇÃO:
O estudo é o relato resumido do trabalho de conclusão do curso de graduação em Psicologia. Analisa a solicitação do exame de hanseníase no processo admissional para professores da UFMA. Descreve a história clínica e social da doença: epidemiologia, diagnóstico, tratamento, estigma e preconceito ao portador. Analisa o processo de seleção para professores e as técnicas existentes na área de recrutamento e seleção de pessoal. Discute a necessidade de solicitar o exame, como ele é realizado e suas repercussões. Levou-se em conta o papel social que a universidade exerce como formadora de opinião e principalmente por nortear atitudes e comportamentos na sociedade. Partiu do pressuposto de que a solicitação do exame dissemina o preconceito de uma forma sutil, perpetuando o estigma e a exclusão dos portadores da doença. Objetivos: a)Caracterizar e analisar o processo de recrutamento, seleção e admissão de professores para a UFMA; b) Analisar as relações entre a função desempenhada pelo professor universitário e as limitações (quando existem) trazidas pela hanseníase; c) Analisar se a prevenção pode ser uma justificativa para a inclusão do exame de hanseníase no processo admissional; d) Investigar qual o procedimento adotado em caso de confirmação da doença.
METODOLOGIA:
Partindo dos pressupostos sócio-históricos de Vygotsky foi realizada uma pesquisa descritiva, através dos seguintes instrumentos: a) Pesquisa bibliográfica fundamentada em teses, dissertações, publicações em livros e periódicos e pesquisas eletrônicas, b) Entrevista semi-estruturada, partindo de um roteiro básico e c) Visita e submissão ao exame de hanseníase.
RESULTADOS:
Algumas categorias foram definidas para a análise dos achados: 1. Distinção entre o processo seletivo em empresas pública e privada, 2. Justificativa para a solicitação do exame: a) Limitação trazida pela doença e b) Contaminar outras pessoas no ambiente de trabalho, 3. Como o exame é realizado, 4. Reação dos professores à forma como exame é realizado, 5. Postura adotada pelo SESMT quanto ao exame positivo, 6. Visão biomédica da hanseníase e 7. Papel social atribuído a Universidade
CONCLUSÃO:
Os avanços médicos possibilitaram a cura para a hanseníase, mas ainda não puseram fim ao estigma e ao preconceito relacionado à doença. A solicitação do exame pode ser relacionada a falta de informação acurada sobre a doença, como no caso da AIDS. Levando-se em conta o papel social que a universidade exerce, podemos afirma que este procedimento tem sido propagador de legitimidade para outras instituições públicas e privadas. A atitude do SESMT de pedir o exame como medida preventiva, não possui respaldo consistente. Os subsídios encontrados possibilitaram concluir a falta de fundamentação que justifique essa prática, sendo sugerido ao setor responsável a retirada do exame.
Palavras-chave: Hanseníase, Preconceito, Exames admissionais.