62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
AUTONOMIA DOCENTE E RESSIGNIFICAÇÃO DISCURSIVA DAS POLÍTICAS CURRICULARES
Maria Aparecida Pereira Barbosa 1
Arlete Pereira Moura 1
1. Depto. de Educação, UEPB
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO. Este trabalho resulta de uma pesquisa que estuda a ressignificação discursiva de políticas curriculares em escolas do ensino fundamental de Campina Grande-PB. Na atual conjuntura, desenvolvem-se posicionamentos diferenciados acerca da descentralização educacional: mais espaços para a democracia, no que se refere ao planejamento e realização do ensino, e mais controle sobre a instituição escolar, através de um currículo padronizado e de um sistema de avaliação nacional. Para o estudo dessa ambigüidade discursiva, elegemos os seguintes objetivos: significar concepções curriculares introduzidas em escolas; identificar o efeito de mudanças e inovações curriculares no trabalho docente. Abordamos o currículo como política cultural ou como choque de significados, pela possibilidade de constituir-se um espaço para a manutenção de práticas tradicionais e para a identificação de mudanças pedagógicas. A relevância dessa investigação reside, sobretudo, na possibilidade de contextualização e de questionamento dos discursos curriculares que incidem sobre a prática discursiva dos/das docentes.
METODOLOGIA:
MÉTODOS. Como abordagem metodológica, utilizamos a análise do discurso, conforme Fairclough (2001, p. 90), que concebe a "linguagem como prática social e não como atividade puramente individual ou reflexa de variáveis situacionais". O autor utiliza a análise tridimensional do discurso, que envolve o texto, a prática discursiva e a prática social. A prática discursiva faz a mediação entre o texto e a prática social. O universo da pesquisa é composto pelas escolas das redes de ensino estadual e municipal de Campina Grande-PB, selecionamos oito escolas, por atenderem aos critérios estabelecidos: manterem, em seu quadro de funcionamento, supervisores/orientadores educacionais e disporem de projetos pedagógicos elaborados com a participação de docentes. Entre outros procedimentos, utilizamos a análise de documentos escolares, entrevistas com gestores/as e técnicos/as educacionais e com líderes de sindicatos docentes. As informações coletadas foram sistematizadas em categorias, pondo em destaque inovações e mudanças educacionais e a participação e autonomia docentes na organização do trabalho escolar.
RESULTADOS:
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As dificuldades constatadas na fase de realização das entrevistas com gestores/as e técnicos/as educacionais (paralisação dos/as professores/as, formulação de respostas lacônicas pelos/as entrevistados/as e tentativa de controle das informações disponibilizadas), a forma de organização do trabalho escolar e de significação do currículo suscitaram indagações quanto ao nível de autonomia e de participação dos segmentos envolvidos na dinâmica institucional e quanto à identificação de mudanças pedagógicas. Ao mesmo tempo, questionamos o efeito das inovações introduzidas na prática discursiva docente e questionamos, também, a democracia educacional. A incidência de textos diversificados sobre a prática docente revelou ordens discursivas e significações diferenciadas acerca do currículo e da autonomia docente.
CONCLUSÃO:
CONCLUSÕES: O conflito dos discursos (democrático e de controle) na prática discursiva docente parece ter efeitos sobre o resultado do trabalho escolar. De um lado, hibridizam-se o "habitus" do ofício de mestre e os atos instituídos pelas inovações pedagógicas. De outro lado, e à medida que aumenta o controle sobre os resultados da educação escolar, sem a contrapartida de valorização real e de participação dos/das docentes, a escola parece transformar-se num "território contestado", onde não há espaço para um trabalho comprometido com a qualidade social.
Palavras-chave: Políticas curriculares , Inovações e mudanças pedagógicas, Participação docente.