62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
VESTIBULAR: UMA ESCOLHA A FAZER.
Eliara Baumgardt 1
Carlos Marin 1
Danyela Ruth do Nascimento Gregório 1
Joyce Ribeiro Luz 1
Thiago Hudson de Sousa Bianchini 1
1. (1) Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT/CUR
INTRODUÇÃO:
O estudante brasileiro está inserido num contexto educacional organizado em dois níveis: Ensino Fundamental e Médio. A promoção entre eles dá-se automaticamente, já o acesso ao Ensino Superior, passa por uma prova seletiva, que elimina parte dos alunos: o exame vestibular. O referido exame enquanto processo seletivo gera conflitos, dúvidas e ansiedade. A pressão social para que os jovens atinjam o nível superior transforma o ingresso nos cursos num imenso funil de frustrações, afinal, nessa fase da vida, o jovem enfrenta um período de contradições e questionamentos e, nesse cenário, é convocado a elaborar um plano de vida e fazer sua escolha profissional. A situação torna-se mais difícil quando a sociedade estipula que tal escolha seja ao fim do ensino médio quando o adolescente encontrasse no "estágio de suspensão" (não é criança nem adulto) e não possui auto-conhecimento e maturidade necessárias para a escolha propriamente dita. Esta pesquisa teve como objetivo investigar variáveis relacionadas à escolha profissional e a experiência do vestibular. Conhecer os sentimentos dos jovens é uma das opções para a conseqüente construção do contexto onde adolescentes, pais e educadores possam dialogar sobre a escolha referente ao futuro, justificando assim a realização da pesquisa.
METODOLOGIA:
A pesquisa qualitativa descritiva desenvolvida para conhecer as vivências e expectativas dos jovens frente ao vestibular realizou-se numa escola de Rondonópolis/MT. Primeiramente, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a questão abordada. Logo após, foram feitas observações e estabelecidos diálogos com os jovens. Tendo esclarecidos as expectativas destes jovens, as respostas obtidas foram comparadas com os estudos já realizados anteriormente. Para a presente pesquisa optou-se em escolher duas salas em cada período (6 turmas do terceiro ano do ensino médio), totalizando uma amostra de 157 alunos. A apresentação e a coleta de dados ocorreram em dois momentos, o primeiro onde foi apresentada a presente pesquisa e seus objetivos, apresentou-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e entregou-se um questionário aos alunos, contendo perguntas sobre dados pessoais e a respeito do vestibular. No segundo encontro que teve a duração de 50 minutos, foi pedido para que os alunos discutissem e debatessem as idéias ali expostas por seus companheiros de sala. Desta forma, conseguiu-se abordar diversos temas, em determinadas áreas do cotidiano do aluno frente ao vestibular.
RESULTADOS:
Escolher uma profissão implica conhecer os aspectos positivos e negativos e estar ciente que ao escolher uma carreira irá se deparar com os dois lados. Durante a discussão os jovens demonstraram a carência de conhecimento frente às diversas profissões e provaram a importância de conhecê-las antes da decisão. Nesta perspectiva, muitos jovens sentem-se desorientados ante as próprias mudanças e a escolha de uma profissão numa sociedade cheia de problemas. Sabe-se que o adolescente se expressa melhor em grupo que individualmente, pois este é uma forte referência, ocorrendo identificações que faz com que a tarefa seja comum a todos do grupo. Assim, notou-se que nas salas a maioria dos alunos deseja fazer o mesmo curso por ser considerada a profissão do futuro. Os elementos familiares podem levar a uma escolha baseada em "recomendações", ou pior, a busca de vantagens por vinculações da família, como foi exposto por alguns dos estudantes, ao mencionarem que gostariam de seguir uma profissão, mas a trocariam por uma segunda opção, já exercida por alguém próximo. Ao final das discussões fica evidente que os jovens conhecem suas responsabilidades frente ao vestibular e sabem o quanto este processo é importante para a construção de sua identidade individual.
CONCLUSÃO:
A pesquisa verificou que a escolha profissional não é algo fácil e pode tornar-se uma tortura para o jovem que necessita posicionar-se diante de uma profissão, numa época de transformações físicas e psíquicas, onde sociedade, família e amigos cobram urgência numa escolha para qual nem sempre o jovem está preparado. Nota-se um diálogo produtivo entre as gerações, possibilitando assim, que as influências dadas nas relações pais-filhos, atualmente, sejam cada vez mais pelo diálogo e menos por atitudes autoritárias, ameniza-se, assim, as pressões familiares que poderiam interferir no processo da escolha. Chegar a uma escolha vocacional supõe um processo de tomada de consciência de si mesmo e a possibilidade de fazer um projeto que significa imaginar-se antecipadamente cumprindo um papel social e ocupacional. Isto requer que se diferencie o projeto pessoal e a identidade própria dos desejos atuantes em forma direta ou indireta a partir de outros que são importantes para quem escolhe: em especial seus pais e irmãos. São poucos os lugares em que os jovens são escutados, dizendo aquilo que têm para dizer e não aquilo que os outros querem. Eles têm que ter o direito de falar, afinal desta forma, certamente terão muitas respostas para os problemas enfrentados no dia-a-dia.
Palavras-chave: Vestibular, Profissão, Estudante.