62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
O BUMBA-MEU-BOI NA CIDADE DE SÃO LUIS-MA (1880-1920): HISTÓRIA, PERSEGUIÇÃO E RESISTÊNCIA
Wagner de Sousa e Silva 1
Sandra Antonielle Garces Moreno 2
Rosa Maria Godoy Silveira 3
1. Depto. de Educação, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maran
2. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade - UFMA
3. Profa. Dra. /Orientadora - Depto. de História- UFPB
INTRODUÇÃO:

Neste presente trabalho, que resultou em dissertação, procuramos abordar questões canalizadas à prática do bumba-meu-boi (BMB) no Maranhão, especificamente na cidade de São Luis, no período de 1880-1920. Neste recorte histórico, a capital ludovicense se inseria no cenário da belle époque, dada a sua apropriação do modelo de urbanização empreendido em Paris, na França. A filosofia desse modelo de vida urbana pressupunha a disciplinarização dos espaços citadinos, trazendo como consequência à perseguição as manifestações populares, como o BMB, que tinha como protagonista os escravos. Partindo deste pressuposto, buscamos investigar as ambigüidades que marcaram a relação, Estado/ manifestantes da brincadeira supracitada, perseguidores/perseguidos, como meio de compreensão da resistência dessa antiga manifestação popular.

 

METODOLOGIA:

Trabalhamos com algumas fontes, a saber: fontes orais, onde foram entrevistadas um número aproximado de oito pessoas, brincantes e atuantes do bumba-meu-boi. Fontes impressas (jornais, boletins e revistas). Fontes Documentais, tais como: Diário Oficial do Estado do Maranhão(1906-1920), Códigos de Posturas, Petições, Documentos da Secretária de Polícia do Estado do Maranhão. Fontes Iconográficas, devido à necessidade de tentar mensurar a configuração estética urbana do período. Para tanto, houve a necessidade de catalogar toda essa documentação, almejando compreender as relações sociais daquele período. Ademais, na tentativa de estruturar a historiografia sobre a perseguição as manifestações populares, para tanto, surgiu a necessidade de consultar a bibliografia especializada no tema.

RESULTADOS:

O cerne do referido trabalho gira em torno das perseguições ao bumba-meu-boi, praticadas pelas autoridades policiais  e governamentais, subsidiadas pelos decretos e códigos de postura municipais, que visavam disciplinar o povo e a cidade. Por outro lado, percebe-se também a resistência dos manifestantes, ou seja, os brincantes desta festança, que apesar das perseguições, continuaram praticando e transmitindo essa atividade cultural por muitas gerações. O recorte temporal deve-se ao fato de ser o período de transição do século XIX às primeiras décadas do século XX, período que detectamos de forma mais intensa a dialética, perseguição/resistência em relação ao BMB.A primeira hipótese levantada sobre a perseguição, advém do fato de ser esta uma manifestação proveniente de classes subalternas, com presença significante dos negros. A outra se deve ao fato de São Luis, assim como a maioria das cidades brasileiras do período, absorvia a ideia de modernidade e progresso, sendo necessário por isso, ocultar essas manifestações populares, que poderiam denunciar a situação de atraso e barbárie. Por conseguinte, sendo denominada como um risco para o bem estar social, devido a sua proveniência, no caso, dos meios populares e marginalizados.

CONCLUSÃO:

A pesquisa concluída no ano passado, que resultou em dissertação de mestrado, embasados em dados teóricos e empíricos (diversas fontes) a partir de documentos consultados acerca da história da cidade, pode-se inferir: Se houve perseguição aos participantes de "bumba" na transição do século XIX -XX, de acordo como conseguimos constatar nas fontes pesquisadas, e a brincadeira apesar das situações infensas continuam a perdurar até os dias atuais, implica dizer, que houve resistência. Todavia, a pesquisa apontou um cenário paradoxal, posto que, a priori o Estado, era o principal elemento repressor, por meio da violência física e simbólica, mas a posteriori, o mesmo se apresenta como o principal incentivador! O Estado que perseguia, hoje protege os Brincantes!. Nestes termos, o trabalho foi relevante ao demonstrar que as referências feitas às brincadeiras populares, nem sempre eram positivas. Como é propagada nos veículos midiáticos quando se refere ao Estado do Maranhão.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e CAPES
Palavras-chave: Cidade, Cultura Popular, Resistência.