62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
INVESTIGAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL EM ADULTOS COM LESÃO MEDULAR
Juliana Raquel Silva Souza 1
Alexsandro Silva Coura 2
Cibely Freire de Oliveira 1
Giovanna Karinny Pereira Cruz 1
Deborah Sabrina Macedo Araújo 1
Inacia Sátiro Xavier de França 3
1. Depto. de Enfermagem, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Mestrado em Saúde Pública, UEPB
3. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Enfermagem, UEPB
INTRODUÇÃO:

A Lesão Medular-LM constitue um grave evento, pois a medula espinhal é a via condutora de estímulos motores e sensitivos aferentes e eferentes entre a periferia e o encéfalo. Também é o órgão regulador das funções respiratória, circulatória, excretora, térmica e sexual. Podendo ser traumática ou não, a LM pode ocorrer por diversas etiologias, tais como: acidente automobilístico, arma de fogo, arma branca, queda, tumores e esquistossomose. Dentre outras características, uma pessoa com LM apresenta alterações de motricidade e sensibilidade, ocorrendo na maioria dos casos, dependência de terceiros para desenvolvimento das Atividades da Vida Diária-AVD. Nessa perspectiva, o estudo justifica-se pelo sério problema de saúde pública que se apresenta, pois o tratamento e (re)socialização de lesados medulares requerem altos custos do Estado. Os resultados poderão subsidiar a formação de recursos humanos para a área de reabilitação motora e servir de referência para pesquisas futuras, visando ampliar o conhecimento nesse campo do saber. Delimitou-se como objetivo deste estudo investigar a prevalência de incapacidade funcional para às AVD em adultos com LM no município de Campina Grande-PB.

METODOLOGIA:

Estudo censitário, transversal, realizado nas 62 Unidades Básicas de Saúde da Família-UBSF de Campina Grande, de agosto de 2008 a julho de 2009. A população alvo foram todas as pessoas com LM cadastradas na Estratégia Saúde da Família-ESF. A amostra foi composta por 50 lesados medulares. Os critérios de inclusão foram: ter LM, 18 anos ou mais, residir em zona urbana com cobertura da ESF e função cognitiva normal. Foi utilizado o instrumento Índice de Barthel para avaliar a capacidade funcional dos participantes para as AVD. Este questionário verifica dez itens: vestir-se, banhar-se, alimentar-se, fazer a higiene pessoal, levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, controlar bexiga e intestino, utilizar o banheiro, caminhar e subir escadas. Cada item contém perguntas que recebem pontuação 0, 5, 10 ou 15, conforme independência ou necessidade de ajuda para executar a atividade. O resultado global varia de 0 a 100 pontos. A pontuação igual a 100 significa total independência; ≥ 60, leve dependência; 40-55, moderada; 20-35, grave; e < 20, total dependência. Os dados coletados foram analisados por meio do programa Epi-Info versão 3.5.1 e apresentados por meio de tabelas. A resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foi respeitada.

RESULTADOS:

Com utilização da estatística descritiva, verificou-se as seguintes prevalências de incapacidade funcional na amostra investigada: Lavar-se (60%); Vestir-se (30%); Arrumar-se (20%); Evacuar (48%); Micção (46%); Usar o sanitário (60%); Transferir-se (50%); Deambular (70%); Subir e descer escadas (84%). Apenas para o item Comer não identificou-se incapacidade. Pela escala do Índice de Barthel, 5% dos participantes encontram-se em total dependência, 10% em grau grave, 35% em grau moderado, 40% em grau leve e 10% são independentes. A média global dos escores individuais da Escala de Barthel foi de 64,85 pontos. A maior parte da literatura aponta que os processos álgicos, a falta de energia, a dificuldade de locomoção devido ao déficit motor e as barreiras arquitetônicas e atitudinais enfrentadas pelos lesados medulares, são os principais responsáveis pelas limitações em realizar as AVD.

CONCLUSÃO:

Pode-se concluir, pelo escore global, que a amostra encontra-se em estado de dependência leve. Todavia, alguns itens apontam para considerável incapacidade funcional, conduzindo a inferência de que as sequelas deixadas pela LM prejudicam a realização de várias atividades. Sugere-se precoce assistência de reabilitação, objetivando o melhor desempenho e independência do lesado medular. Propõe-se que as UBSF desenvolvam atividades para diminuir a incapacidade funcional dessa demanda.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Lesões da Medula Espinhal, Atividades Cotidianas, Prevalência.