62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO INVENTÁRIO FLORESTAL EM UMA ÁREA EXPERIMENTAL DE FLORESTA TROPICAL NA AMAZÔNIA
Leandro Ribeiro Monteiro 1
Ulisses Silva da Cunha 2
1. Curso de Ciências Agrárias e do Ambiente/INC/BC-UFAM
2. Depto. de Ciências Florestais/FCA-UFAM
INTRODUÇÃO:
Inventário florestal é a parte da ciência florestal que avalia de forma qualitativa e quantitativa os recursos florestais bem como sua dinâmica, servindo como base para pesquisas, para o planejamento do uso dos recursos florestais e para adoção de políticas públicas voltadas ao uso e conservação dos recursos florestais. A qualidade das informações de um inventário florestal é de suma importância para o processo de tomada de decisão, porém é bastante comum no processo de amostragem ou na coleta de dados a presença de erros. Dessa forma há necessidade de se quantificar os erros para se avaliar a qualidade das informações resultantes desse inventário para que se possa, assim, ter uma maior confiabilidade durante os processos de tomada de decisão. A necessidade de se ter parâmetros para inferir sobre a qualidade de um determinado produto ou serviço resulta na avaliação dos desvios de um padrão mínimo de qualidade. Portanto a avaliação de erros tem uma ampla aplicação em todas as áreas do conhecimento. A determinação da altura das árvores em pé por meio de instrumentos é uma operação onerosa e sujeita a erros, desta forma este estudo teve como objetivo de se testar uma metodologia para se avaliar os erros de estimação da altura comercial em inventário florestal a 100%.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Amazonas localizada na BR-174 km 37, latitude 02º 39' 63"S e longitude 60º 02' 55"W, no município de Manaus-AM, em uma área experimental de práticas florestais que foi inventariada 100% em novembro de 2004. Com o intuito de avaliar a qualidade do inventário florestal instalado em novembro de 2004, usando como parâmetro de comparação a altura comercial das árvores que foi estimada visualmente, foram sorteadas ao acaso 183 árvores para remedição da altura comercial com uso de trena a laser. Por diferença entre a altura comercial obtida com a trena à laser (Hc') e altura comercial estimada (Hc) no inventário a 100% obteve-se o erro absoluto de estimação da altura comercial (EA). EA= Hc'-Hc. A partir dos erros encontrados foi criada uma classificação para os erros: 0,0m≤ |EA| ≤1,0m: (aceitável); 1,0m < |EA| ≤ 3,0m (moderado); 3,0m< |EA| ≤ 5,0m (grave); |EA| >5,0m (crítico). Erro relativo de estimação da Altura comercial (ER) foi obtido a partir do quociente entre "EA" e o "Hc'". Dessa forma pode-se verificar se os erros são de superestimar ou subestimar a altura comercial das árvores: -5,0≤ER≤5,0 (aceitável); ER<-5,0 (abaixo da altura comercial); ER> 5,0: (acima da altura comercial).
RESULTADOS:
A porcentagem de ocorrência de erros absolutos de estimação da Altura comercial (EA) foi 21,9% das observações em níveis de erro aceitáveis e de 78,1% apresentando erros englobando as classes de moderados com 30,6%, graves com 22,4% e críticos com 25,1%, apresentando ainda Esta porcentagem alta de erros demonstra que a altura comercial estimada visualmente apresenta uma baixa acurácia. A estimação visual da altura comercial é amplamente utilizada em inventários florestais comerciais na Amazônia, desta forma a busca por informações de maior qualidade e confiabilidade dão maior subsidio ao planejamento da produção e controle da atividade florestal. Já os erros relativos de estimação da altura comercial (ER) foram de 85,2% divididos em abaixo da altura comercial (subestimação) com de 43,2% e acima da altura comercial (superestimação) com 42,1%. Podemos observar que os erros abaixo e acima apresentam porcentagens bem próximas, indicando que de certa forma os erros são compensantes. Destacamos ainda que 14,8% das observações apresentaram erros relativos considerados aceitáveis.
CONCLUSÃO:
O desenvolvimento deste trabalho nos permitiu testar uma metodologia para avaliar os erros nos inventários florestais onde, destacamos que a avaliação dos erros absolutos pode ser empregada como ferramenta para avaliação da qualidade das variáveis como altura comercial e diâmetro a altura do peito DAP. Apesar de a trena laser apresentar um fácil manuseio e um bom rendimento em trabalho de campo, podemos destacar que em ambiente de floresta tropical, há certa dificuldade na visualização do ponto de bifurcação do tronco em virtude principalmente do entrelaçamento das copas das árvores impedindo muitas vezes que a leitura seja feita. Porém seu uso pode ser bastante útil como parâmetro de aferição para inventários comercias, na auditoria de Planos de Manejo Florestais pelos órgãos de Licenciamento Ambiental, nos inventários florestais amostrais e nas mais diversas pesquisas no campo das ciências florestais e áreas afins. Em síntese, a metodologia apresentada na quantificação dos erros nos permite uma melhor avaliação dos inventários florestais como forma de garantir padrões mínimos de qualidade e com isso informações mais confiáveis do ponto vista quantitativo e qualitativo.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Amazonas-UFAM
Palavras-chave: Inventário Florestal, Variáveis dendrométricas, Controle de qualidade.