No contexto da saúde se encontra a maioria dos profissionais de Serviço Social, os quais contribuem para a efetivação das políticas de saúde, construindo respostas para as demandas de seus usuários. A construção dessas respostas traz em si desafios que se configuram como estratégias de práticas que se colocam ora como continuidade, ora como ruptura em relação aos "modelos" de intervenção até então existentes. Perceber de que modo a prática profissional do Serviço Social vem-se efetivando no âmbito das políticas de saúde, colocou-se como questão central que nos desafiou para essa pesquisa. Nesse sentido, tivemos como objetivo principal da pesquisa analisar como se manifesta a prática profissional do Serviço Social frente às demandas que se colocam nas instituições de saúde pública. Ficou constatado que há dificuldades para colocar em prática as formulações da Constituição Federal referentes à saúde, mas, também, que é possível realizá-las, desde que cada profissional se engaje individualmente em práticas diferenciadas e comprometidas com os usuários e seus direitos.

A metodologia compõe-se dos seguintes passos: revisão bibliográfica, pesquisa de fontes documentais e pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica, foram selecionadas e analisadas produções sobre a temática, possibilitando um maior esclarecimento acerca de nossas inquietações. Durante a pesquisa de fontes documentais, foram utilizados o manual de rotinas do Serviço Social, bem como o relatório de acompanhamento social e o manual de normas do hospital.  A pesquisa de campo foi  realizada no Hospital Distrital Edmilson Barros de Oliveira, de Dezembro de 2005 a Fevereiro de 2006, a partir da qual foi coletado o material empírico, através das técnicas de observação participante e de entrevistas semi-estruturadas com roteiro, próprias do método de abordagem qualitativa aqui adotado. A observação participante, com registro em um diário de campo, foi extremamente importante para a compreensão da dinâmica institucional, o trabalho das assistentes sociais e a própria condição de saúde pública no Brasil. Foram utilizadas, também, entrevistas semi-estruturadas, mediante um roteiro de perguntas, mas dando liberdade aos atores sociais de acrescentarem novas colocações. Foram entrevistados nove Assistentes Sociais do Hospital Distrital Edimilson Barros de Oliveira (HDEBO).

Os resultados obtidos nesta análise explicitaram que todos os assistentes sociais consideraram que o Serviço Social é muito importante na saúde pública, pois, dentre outros motivos, relaciona-se à garantia de direitos e desempenha o papel de mediador entre a instituição (e outras) e os usuários; verificou-se que na instituição hospitalar pesquisada os assistentes sociais são os profissionais que têm mais acesso aos usuários e que quaisquer problemas vividos por eles dentro do hospital chegam ao Serviço Social em forma de demanda. Constatou-se que a carência de recursos materiais foi enfatizado como um limite apontado pela maioria. A falta de recursos é algo que acontece com freqüência no HDEBO e pode ser percebido pelo sucateamento dos equipamentos, bem como pelo fato de determinados procedimentos não funcionarem nos finais de semana, dentre outros fatores.Verificou-se que a possibilidade de prestar um bom atendimento e a elaboração de projetos foram apontadas como possibilidades no trabalho dos assistentes sociais do HDEBO.Finalmente, foi possível verificar que todos os assistentes sociais entrevistados se sentem satisfeitos com o seu trabalho, referindo como prioridade à questão de poder fazer algo pelos usuários como pessoas humanas, assim como por uma satisfação pessoal.

Através dessa pesquisa, foi possível identificar a coexistência de práticas profissionais das quais emergem diferentes posicionamentos. Os assistentes sociais entrevistados consideram o Serviço Social muito importante na Saúde Pública e na efetivação do SUS, seja como garantidor de direitos ou como elo entre instituição e usuários. Foi possível concluir, ainda, que um grupo, com pouco aprofundamento acerca do tema abordado, reproduz a visão de inoperância do SUS frente as suas dificuldades, como insuficiência gerencial, excessiva burocracia e dificuldades de financiamento, mesmo que a sua concepção tenha sido bem elaborada, enquanto um outro grupo de assistentes sociais, considera a importância do compromisso ético-político dos profissionais em sua prática cotidiana e individual para que o SUS aconteça de fato e de direito. Foi possível verificar, também, a satisfação demonstrada pelos profissionais do Serviço Social do Hospital, seja por uma realização pessoal e profissional ou por questões humanas de ajuda ao próximo. Por fim, foi possível chegar à seguinte conclusão: que o Serviço Social possui dificuldades, mas também é rico em possibilidades, no sentido de contribuir fundamentalmente para um melhor desempenho do SUS, como elemento constitucional do direito de cidadania.