62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE SAÚDE BUCAL NOS MILITARES DO CENTRO DE LANÇAMENTO DA BARREIRA DO INFERNO, NATAL, RN.
Tatyana Maria Silva de Souza Rosendo 1
Karla Patrícia Cardoso Amorim 1
Laise Araújo de Azevedo Queiroz 2
Angelo Giuseppe Roncalli 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Centro de Lançamento da Barreira do Inferno
INTRODUÇÃO:
A realização de estudos descritivos baseados na realidade local constitui um importante instrumento para o incremento das ações de planejamento e avaliação na área de saúde bucal, uma vez que produz informações representativas de sua população, para que se possa monitorar e atender as demandas realmente necessárias. Observa-se que a realização de levantamentos epidemiológicos em saúde bucal em Organizações Militares não tem sido uma prática comum. O presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento epidemiológico das condições de saúde bucal do efetivo de uma organização militar da aeronáutica, localizada no município de Natal - o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). As variáveis estudadas foram as preconizadas pelo Ministério da Saúde para levantamentos epidemiológicos em saúde bucal: prevalências de cárie e da doença periodontal, necessidade de tratamento devido à cárie, o uso e necessidade de prótese dentária, características sócio-econômicas, acesso aos serviços odontológicos e autopercepção em saúde bucal. A utilização dessas variáveis possibilitou uma análise comparativa da realidade estudada com dados regionais e nacionais.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo seccional, realizado nos padrões do Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal - SB Brasil 2003 - do Ministério da Saúde. A amostra foi composta de 236 militares, o que corresponde a 66,67% da população. Os exames intrabucais foram realizados nos consultórios odontológicos por três equipes especialmente treinadas, cada uma composta por um cirurgião-dentista-examinador e um auxilar-anotador sob responsabilidade do primeiro. Cada equipe utilizou jogos clínicos contendo instrumentos padronizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devidamente esterilizados conforme as normas de biossegurança do Ministério da Saúde. Os instrumentais clínicos utilizados foram o espelho bucal plano e a sonda periodontal da OMS. Para assegurar uma interpretação uniforme e consistente dos critérios padronizados para a coleta dos dados foi desenvolvido, previamente, um treinamento com o propósito de calibrar as equipes. O instrumento de coleta utilizado foi o questionário do SB Brasil 2003, o qual já foi validado. As fichas foram conferidas e os dados foram digitados numa base eletrônica construída no software SB Dados, produzido em linguagem Fox Base pelo Prof. Eymar Sampaio Lopes sob encomenda do Projeto SB Brasil e a análise descritiva foi realizada no programa SPSS 13.0.
RESULTADOS:
Dos 236 participantes, 60% estavam na faixa etária de 19 a 29 anos e 40% na faixa de 30 a 49 anos. Apenas 4% eram mulheres. A média do CPO-D para a primeira faixa foi de 10,89, e 17,82 para a segunda. Quanto aos componentes do CPO-D, as maiores proporções para o primeiro grupo foram: dentes obturados - 66% e cariados - 23%. Essa última proporção foi menor em comparação ao Nordeste e Brasil. No segundo grupo, as maiores proporções foram: dentes obturados - 70% e perdidos - 20%, perda essa menor que no Brasil e Nordeste. As maiores necessidades de tratamentos relacionados à cárie foram: remineralização da mancha branca - 47% e restaurações 40%. Quanto à doença periodontal, ambos os grupos apresentaram piores condições com relação aos dados nacionais. Contudo, a maioria dos pesquisados considerou sua saúde gengival boa ou regular (83%). Quanto ao uso de próteses, observou-se que 17% usavam a superior e 15% a inferior e quanto à sua necessidade 16% necessitam da superior e 30% da inferior, sendo a prótese fixa a maior necessidade geral. Os mais jovens estudaram em média 12 anos e os outros 14 anos. A renda média familiar mensal foi de R$1.929 para os mais jovens e de R$3.581 para os outros. Todos foram ao dentista pelo menos uma vez e 54% consideram sua saúde bucal boa ou ótima.
CONCLUSÃO:
Com relação à cárie dentária observamos diferenças quando comparamos os resultados do CLBI com os resultados regionais e nacionais, principalmente, na análise por componentes. Os resultados sugerem que os indivíduos possuem maior acesso aos serviços odontológicos e um tratamento menos mutilador que no Nordeste e Brasil. A identificação de bolsa periodontal durante o exame indica agravamento das condições do órgão de suporte dentário relacionada à presença e/ou risco de infecção periodontal. Grande parte dos indivíduos de ambas as faixas etárias apresentaram doença gengival ou até mesmo periodontal, evidenciando a necessidade de esclarecimentos sobre o assunto e de medidas de controle para prevenção e tratamento desse agravo. A necessidade de algum tipo de prótese surge a partir da faixa etária de 19 a 29 anos. Porém, a necessidade encontrada segundo o tipo de prótese, aponta para perdas dentárias de poucos ou apenas um elemento. O acesso aos serviços odontológicos foi uma variável satisfatória, visto que 100% dos indivíduos tiveram acesso ao dentista. Os resultados expressam de maneira resumida, porém bastante objetiva, a situação de saúde bucal com relação aos principais problemas bucais no CLBI. Configuram-se, assim, como subsídios valiosos para a melhoria do serviço.
Palavras-chave: Saúde Bucal, Epidemiologia, Cárie Dentária.