62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ESTUDO COMPARATIVO DA MOBILIDADE TORÁCICA E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA AGUDA E ESCOLARES SAUDÁVEIS
Murillo Jales Lins de Lira 1
Thalita Medeiros Fernandes de Macêdo 1
Kátia Myllene Costa Oliveira 1
Raissa de Oliveira Borja 1
Gardênia Maria de Holanda Ferreira 1
Karla Morganna Pereira Pinto de Mendonça 1
1. Departamento de Fisioterapia / UFRN
INTRODUÇÃO:
A leucemia é a neoplasia infantil mais comum. O tratamento eleito é a quimioterapia que possui diversos efeitos colaterais que implicam em alterações no sistema respiratório. A fadiga é um dos sintomas mais relatados pelos pacientes submetidos à quimioterapia. Esta pode diminuir a capacidade física com conseqüente catabolismo muscular, produzindo rápida perda de performance, contribuindo para a manutenção da inatividade e descondicionamento. Diante das alterações observadas, se faz necessária a realização de avaliações periódicas da função pulmonar com o objetivo de monitorar as condições mecânicas do aparelho respiratório desses indivíduos, auxiliando na orientação de medidas preventivas. Tais alterações podem ser avaliadas pelos testes de função pulmonares, amplamente utilizados no diagnóstico e acompanhamento de disfunções pulmonares. O propósito desse estudo foi comparar, entre crianças e adolescentes com leucemia aguda na fase de manutenção da quimioterapia e indivíduos saudáveis, a força dos músculos respiratórios e a mobilidade da caixa torácica.
METODOLOGIA:
Participaram do estudo 48 sujeitos, dessas, 16 crianças e adolescentes com leucemia aguda, de um hospital de referência no tratamento do câncer infantil do estado do Rio Grande do Norte, compuseram o grupo A e 32 escolares saudáveis foram pareados de acordo com gênero, idade e índice de massa corporal para formar o grupo B, de forma que para cada participante do grupo A havia pareamento com 2 escolares do grupo B. A avaliação dos participantes foi norteada por uma ficha previamente elaborada que continha dados pessoais, antropométricos (peso e altura), dados referentes à avaliação da mobilidade torácica através da cirtometria torácica (utilizando uma fita métrica de 150cm);e pressões respiratórias máximas por meio da manovacuometria (utilizando manovacuômetro digital MVD300 da marca Globalmed). A avaliação do grupo A foi realizada no ambulatório do hospital em que os participantes realizavam tratamento para leucemia e a avaliação do grupo B foi realizada na escola onde os mesmos estavam matriculados.
RESULTADOS:
Observou-se diferença significativa entre as pressões inspiratórias máximas, retração axilar, expansão e retração xifoidiana nos grupos A e B. Foram comparados os valores das pressões respiratórias máximas encontradas com valores de referências descritos na literatura (para crianças a partir de 7 anos) e evidenciou a ocorrência de pressões inspiratórias e expiratórias máximas predominantemente abaixo do previsto no grupo A. A diminuição da pressão inspiratória máxima observada no grupo A deste estudo pode ser sugestiva de comprometimento muscular respiratório em crianças com leucemia aguda que se encontram na fase de manutenção do tratamento quimioterápico. A inexistência de relatos na literatura a cerca da avaliação da força dos músculos respiratórios e mobilidade da caixa torácica em crianças e adolescentes com diagnóstico de leucemia aguda são limitantes para uma adequada interpretação dos resultados deste estudo. A análise estatística foi realizada através da prova de Kolmogorov-Smirnov, posteriormente à análise descritiva, e identificou as variáveis com distribuição normal. Estas foram comparadas através do teste t`Student pareado e, as demais, através do teste de Mann-Whitney. Atribuiu-se nível de significância p<0,05.
CONCLUSÃO:
Nossos achados indicam que pode ocorrer um déficit na mobilidade torácica e na força dos músculos respiratórios em crianças na fase de manutenção do tratamento quimioterápico para a leucemia aguda. Isto pode apontar para a necessidade de avaliar e monitorar de forma rotineira a ocorrência de possíveis danos à musculatura respiratória desta população, o que permitiria uma intervenção precoce.
Palavras-chave: Leucemia, Quimioterapia , Músculos respiratórios.