62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA DO CURRÍCULO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM PEDAGOGIA NO BRASIL
Carolina Nozella Gama 1
Cláudio de Lira Santos Junior 2
Celi Nelza Zulke Taffarel 3
1. Mestranda do PPGE FACED/UFBA e Grupo LEPEL/FACED/UFBA
2. Prof. Dr. do Dep. III da FACED/UFBA e do PPGE/FACED/UFBA
3. Profa. Titular do Dep. III da FACED/UFBA e do PPGE/FACED/UFBA
INTRODUÇÃO:
O presente estudo objetivou levantar, sitematizar e analisar dados sobre a produção do conhecimento acerca do currículo de pedagogia, em nível de teses e dissertações no Brasil. O debate acerca da formação de professores e do currículo do curso de Pedagogia vem sendo travado desde a década de 1970, quando a sociedade civil se organiza e exige modificações no quadro de prioridades sociais e econômicas do país. O Centro de Estudos Educação e Sociedade assim como a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação já discutiam problemáticas acerca da formação de professores: a necessidade de se repensar as estruturas das Faculdades e a organização dos cursos de formação, no sentido de superar a fragmentação entre as habilitações no curso de Pedagogia e a dicotomia entre este e demais licenciaturas; e os princípios da Base Comum Nacional para a formação dos educadores. Levantamos a hipótese, após análise de conteúdo de pesquisas sobre formação de professores, que as reivindicações da década de 1980 ainda se mantém. Apontando a necessidade de sistematizar um banco de dados com as informações acerca das teses e dissertações que tratam do currículo de Pedagogia, de forma a socializar com a comunidade científica as informações coletadas que sirva de base para novos estudos.
METODOLOGIA:
O levantamento das teses e dissertações demandou a definição de fontes, procedimentos e instrumentos de pesquisa. Assim, realizamos um levantamento no sitio da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior, onde são registrados os estudos em nível de mestrado e doutorado em nosso país desde 1987 até 2008. A opção pelo levantamento no sítio da CAPES se deu pela sua disponibilização de fácil acesso; sua característica de reunir a produção nacional; e por ser um órgão que tem responsabilidade pelo acervo disponibilizado. Para a localização consideramos como expressão exata "currículo de Pedagogia" e "currículo do curso de Pedagogia", combinamos-os com os anos de 1987 a 2008, e com o nível da produção mestrado ou doutorado. Organizamos as informações obtidas em tabelas de acordo com uma ordem cronológica das produções, título e autores. Os dados obtidos foram analisados a partir do instrumento elaborado por Sánchez Gamboa (1998), denominado Esquema Paradigmático, desenvolvido visando reconstruir a lógica interna que decifre, explique e fundamente cada enfoque metodológico utilizado nas investigações científicas. Com auxílio deste instrumento analisamos os resumos das referidas produções, buscando identificar os enfoques teórico-metodológicos das mesmas.
RESULTADOS:
Após a realização dos procedimentos localizamos 63 estudos acerca do tema, sendo 56 dissertações e 7 teses. Os primeiros estudos são dissertações e datam de 1994. Em nove anos foram registrados 54 estudos em nível de mestrado - 85,71% da produção total. No que diz respeito às teses, estas começaram a ser publicadas no ano de 2001, sendo interrompidas no ano de 2007, ou seja, em seis anos foram produzidas 7 teses - 11,11% da produção total. O pico da produção se deu no ano de 2005, com 12 trabalhos. Constatamos que mesmo com o forte debate da década de 1980, a produção científica em nível Stricto Sensu só iniciou na década de 1990, vindo a ser ampliada na década de 2000, vinte anos depois. Possivelmente, a ampliação foi impulsionada pela aprovação da LDB de 1996, que instituiu a formação de professores em nível superior para a atuação nas séries iniciais do ensino fundamental. Observamos que as características teórico-metodológicas da produção apontam para um predomínio de teorias idealistas que não demonstram os nexos entre projeto histórico, teoria educacional e teoria pedagógica. Predominam teorizações adaptativas e conservadoras em detrimento de outras que têm no horizonte histórico a superação das relações sociais vigentes baseadas na exploração do homem pelo homem.
CONCLUSÃO:
Diante dos dados levantados, concluimos que, por um lado, diante das necessidades que ainda se apresentam, no que diz respeito ao debate sobre a formação de professores, e à ausência de uma base comum nacional, a produção sobre esta problemática necessita ser ampliada, dado o reduzido número de produções, em contraste com o número de 410 dissertações e teses defendidas no Brasil de 1981 até 1998 sobre a formação de professores. Observamos que os estudos analisados enfrentam questões mais superficiais deste ou daquele currículo específico, e não enfrentam com radicalidade problemáticas da formação do pedagogo que vem sendo colocadas desde a década de 1980 pelos movimentos sociais em nosso país. As questões curriculares essenciais, como a questão da base comum nacional de formação de professores e a formação não fragmentada - que não segregue ensino, pesquisa e extensão - não vêm sendo pautadas nos estudos acerca do currículo. Por outro lado, o banco de dados ainda necessita ser avaliado de forma rigorosa, radical e de conjunto de forma a identificarmos elementos que nos permita apontar possibilidades para enfrentarmos as problemáticas que envolvem a formação de professores no Brasil, que se expressam na particularidade da formação em Pedagogia através do currículo.
Palavras-chave: currículo de pedagogia, produção do conhecimento, teses e dissertações.