62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
ACESSIBILIDADE FÍSICA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - INCLUSÃO À VISTA?
Ivone Braga Albino 1
Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
INTRODUÇÃO:

A acessibilidade aos espaços de ensino, pesquisa e extensão na universidade é um direito de todos os estudantes e necessita do esforço conjunto da comunidade universitária para atender às necessidades de cada um, inclusive dos que possuem deficiência. Nesse sentido, é um equívoco pensar que os desafios são poucos frente às dificuldades de ordem física encontradas no ir e o vir de estudantes com deficiência no âmbito de uma Instituição de Ensino Superior. Dessa forma, parece muito mais aos olhos de quem não passa pelas mesmas experiências que não existem obstáculos que limitam ou impedem o acesso desses estudantes a lugares da academia. Diante do exposto, este trabalho é resultado de um recorte de uma pesquisa mais ampla iniciada em 2008 na Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, aprovada pelo Comitê de Ética desta instituição (CAAE 0102. 0. 051. 000 - 08), e tem como objetivo situar as dificuldades de estudantes com deficiência física matriculados nos cursos de graduação quanto às condições de acessibilidade física e se este tipo de barreira compromete seu processo de formação acadêmica na referida instituição.

METODOLOGIA:

A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa por meio do Estudo de Caso tendo como lócus os diferentes campi da UFRN. Participaram da pesquisa 12 estudantes com deficiência, nas áreas visual, auditiva e física - sendo dois com deficiência auditiva, três com deficiência visual e sete com deficiência física. Quanto ao gênero, seis são do sexo masculino e seis são do sexo feminino, com idade variando entre 20 e 46 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e interpretados com base em análise de categorias.

RESULTADOS:

Constatou-se que houve entre os estudantes o predomínio da condição de deficiência física, sendo a maioria das causas de origem adquirida. Em relação aos espaços físicos existentes na UFRN evidenciaram-se, segundo os estudantes entrevistados, barreiras arquitetônicas que dificultam a participação efetiva e o desempenho dos estudantes com deficiência no âmbito da instituição. Os relatos apresentados pelos entrevistados fazem transparecer que os espaços internos e o entorno da UFRN muitas vezes fazem com que estes estudantes não possam levar uma vida acadêmica com autonomia, acabando por inibir a sua inclusão na universidade com igualdade de oportunidades. Outros aspectos mencionados foram a pouca quantidade de vagas especiais de estacionamento; a irregularidade do piso; a ausência de rampas apropriadas no entorno e nos espaços de convívio com outras pessoas; banheiro com má comodidade e ausência de chave da plataforma de acessibilidade em tempo hábil, constituindo-se em elementos de um ambiente inacessível e demonstrando o impacto social e educacional decorrentes do descumprimento da Lei 10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

CONCLUSÃO:

Com a realização deste estudo é possível constatar que a UFRN está aquém do previsto na legislação vigente tendo como referência as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2004) a respeito da promoção da acessibilidade como um direito universal, resultante da conscientização da sociedade, em função do viver com os outros. Os relatos comprovam que existem barreiras físicas que prejudicam o ir e o vir nos espaços que os estudantes com deficiência circulam. É fundamental a mudança de concepção em torno dos ambientes acessíveis de aprendizagem para uma verdadeira educação inclusiva na UFRN. Evitar barreiras físicas no ambiente acadêmico é voltar-se, então, a um pensamento dirigido à diversidade humana visando às possibilidades de utilizar o direito que é de todos. A compreensão sobre a deficiência deve ser construída socialmente de modo estruturado diariamente nas interrelações, nas decisões tomadas, atitudes assumidas e formas de estruturação do entorno físico, social, político, cultural e ideológico. Portanto, os estudantes no âmbito da UFRN ainda se deparam constantemente com barreiras físicas comprometendo seriamente sua permanência na graduação e revelando verdadeiros indícios de uma inclusão acadêmica e social que não existe.

 

 

Palavras-chave: Acessibilidade física , Universidade, Deficiência.