62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO EM ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
ÂNGELA CRISTINA ALVES ALBINO 1
MARIA ZULEIDE COSTA PEREIRA 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA/ PPGE - UFPB
INTRODUÇÃO:
O projeto político-pedagógico(P.P.P) entendido como instrumental de organização curricular, apesar receber destaque nos discursos político-educacionais contemporâneos, ainda é pouco problematizado no cotidiano escolar. Verifica-se que sobre o P.P.P, incidem discursos de regulação e de emancipação. O discurso de regulação revela-se através de textos normativos e de ações operacionais. O discurso de emancipação resulta de abordagens teóricas, produzidas, sobretudo, nos processos de formação de docentes. Partindo do princípio que estes discursos entrecruzam-se no cotidiano da escola, assume-se como objeto de análise, a prática discursiva dos professores. Apresenta-se uma incursão no passado, para uma melhor contextualização das reformas educacionais na atual conjuntura de reestruturação produtiva e de reformas do Estado.
METODOLOGIA:
Para análise do trânsito entre o global e o local, prioriza-se as categorias "descentralização" e "autonomia", que ressignificam os tradicionais princípios do liberalismo "igualdade" e "liberdade". Aborda-se a análise crítica do discurso, conforme desenvolvida por Fairclough(2001, p.100), ao considerar que, as formas discursivas e as estruturas sociais se influenciam mutuamente, e por indicar que "os textos contêm traços e pistas de rotinas sociais complexas", como também, pela compatibilidade existente entre ela e a abordagem gramsciana, que fundamenta a investigação. Para o autor, a Análise crítica do discurso objetiva "tornar visíveis às relações entre linguagem e outras práticas sociais, muitas vezes naturalizadas e opacas" e, portanto, não percebidas pelos indivíduos. Aqui a análise ancorada a perspectiva de ACD servirá como forma de valorização das práticas discursivas e de alerta para entender que são elas, que vão construindo o tecido social. Ball (2005, p.01) entende que as tecnologias da reforma educacional, que envolvem a utilização calculada de técnicas e artefatos para organizar forças humanas e capacidades em redes de poder, terminam por "sonegar o espaço à constituição da identidade profissional dos professores como prática ético-cultural".
RESULTADOS:
O percurso da investigação, que realizamos, possibilitou uma incursão no mundo das teorias, que a simples "reflexão na prática" jamais suscitaria. Sem estas reflexões teóricas, as nossas dúvidas acerca das dificuldades dos professores, quanto à concretização de um projeto político-pedogógico comprometido com a qualidade educacional, continuariam. Essas reflexões, ao mesmo tempo, em que, de certa forma, explicitam "a regulação moral", que incide sobre o quadro de docentes do magistério da educação básica, eximem estes profissionais da responsabilidade pela solução dos problemas deste nível de ensino. A descentralização, enquanto enfoca a construção do político-pedagógico pela escola, confirma-se como "desconcentração" ou delegação restrita de tarefas e decisões às esferas locais sob fiscalização e controle técnico. Neste estudo, verificamos que as professoras podem contrapor e, de forma progressiva, reestruturar a dominação e as formações mediante a prática, uma vez que são sujeitos sociais moldados pelas práticas discursivas, mas também com capacidade de remodelar e reestruturar essas práticas.
CONCLUSÃO:
O trabalho mostra-se relevante por apontar que, o contexto discursivo da escola revela, entre outros aspectos, fragmentação e regulação trabalho docente, pela quantidade e duração dos projetos em execução; inserção dos princípios de gerência empresarial, na perspectiva de transformar a instituição escolar numa "organização" competitiva; resistência à regulação oficial e crença na possibilidade de construir a identidade escolar através de um projeto político-pedagógico.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: DISCURSO, AUTONOMIA, PROJETO.