62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FORAMINÍFEROS (REINO PROTOZOA) DO TOPO RECIFAL DE GUARAJUBA, LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA
Thiago Mariano de Almeida 1
Rafael Barbosa da Silva Vieira 2
Marcus Vinícius Peralva Santos 3
Simone Souza de Moraes 4
Maili Correia Campos 5
1. Grupo de Estudos de Foraminíferos (GEF), Instituto de Geociências - UFBA
2. Curso de Ciências Biológicas, UNIJORGE
3. Pós-Graduação em Geologia e GEF-IGEO-UFBA
4. Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Sedimentologia e GEF-IGEO-UFBA
5. Profa. Msc. - Curso de Ciências Biológicas da UNIJORGE e GEF-IGEO-UFBA
INTRODUÇÃO:
Foraminíferos são organismos unicelulares que predominam em ambientes marinhos e distinguem-se dos demais protozoários por apresentarem uma rede de pseudópodos filamentosos. São excelentes bioindicadores devido ao fato de apresentarem uma alta sensibilidade às mudanças ambientais, ampla distribuição geográfica e batimétrica, grande variedade morfológica e boa dispersão populacional, as quais podem auxiliar na compreensão dos eventos hidrodinâmicos que, dentre outros, atuam nos ambientes recifais. O recife de Guarajuba está localizado no município de Camaçari, Litoral Norte do Estado da Bahia, a 42 Km da cidade de Salvador. Trata-se de um recife em franja constituído principalmente por algas marinhas e corais que apresenta um topo recifal bastante irregular com cerca de 1200m de extensão e 370m de largura. Na sua zona de pós-recife, encontra-se uma extensa faixa de praia ao longo da qual foram construídos grandes condomínios residenciais utilizados de forma sazonal. Assim, este trabalho teve o objetivo de analisar a distribuição espacial das assembléias de foraminíferos do topo recifal de Guarajuba no Litoral Norte do Estado da Bahia.
METODOLOGIA:
A amostragem no topo recifal de Guarajuba foi realizada em 03 de julho de 2008. Durante a maré baixa e com o auxílio de um GPS, foram demarcados seis transectos (com cerca de 5 pontos amostrais cada) para a coleta de 29 amostras de sedimento superficial. As amostras foram tratadas com solução Rosa de Bengala (para identificação dos indivíduos vivos) e mantida em uma caixa de isopor com gelo até serem transportadas ao laboratório, onde foram lavadas em água corrente. De cada amostra foi retirado 1g de sedimento úmido para, com o auxílio de lupa bilocular, a realização da triagem de todas as testas dos foraminíferos, separando-se os indivíduos vivos dos mortos. Posteriormente, a identificação dos espécimes ao menor nível taxonômico foi feita com auxílio de bibliografia especializada, sendo também registradas as assinaturas tafonômicas (coloração e desgaste) das testas. No tratamento estatístico, foram calculadas as freqüências relativa e de ocorrência e aplicado o teste de Kruskal-Wallis para comparação dos transectos. Também foram realizadas análises multivariadas (agrupamento e MDS utilizando-se o índice de Bray-Curtis) para confirmação das interpretações.
RESULTADOS:
Trabalhos anteriores realizados no litoral norte do Estado constataram que o desenvolvimento preferencial destes organismos vem ocorrendo em profundidades superiores a 35m. De fato, foram identificados 412 indivíduos de 53 espécies, dos quais apenas um estava vivo. Além disso, o padrão de coloração mais representativo foi o mosqueado (37%), seguido do branco (28%) e marrom (27%), os quais sugerem que há constante adição de novas testas e revolvimento do sedimento. Portanto, os foraminíferos de Guarajuba estão se originando na plataforma e sendo transportados para o topo recifal. A maioria das testas foi encontrada em bom estado de preservação (41%), seguida das que sofreram abrasão (22%), indicando que o transporte está sendo feito em suspensão, mas, uma vez depositadas no extenso topo recifal, a ação das marés provoca o selecionamento das testas robustas e resistentes a desgastes (abrasão, quebramento), o que justifica o predomínio (espécies constantes e mais abundantes) de Amphistegina lessonii, Quinqueloculina bicarinata e Quinqueloculina lamarckiana. Este dado é corroborado pelo fato de que apenas o transecto 6, o mais próximo da margem recifal, apresentou diferença significativa no número de indivíduos, demonstrando que o arrasto das testas é mais intenso neste local.
CONCLUSÃO:
Os foraminíferos encontrados em Guarajuba estão se originando na plataforma continental adjacente e sendo transportados em suspensão para o topo recifal. Com a descida da maré, ocorre a deposição das testas, mas com a inversão do ciclo e, conseqüentemente, o aumento da energia hidrodinâmica, os espécimes são submetidos a processos de desgaste que culminam com a destruição das testas. Deste modo, apenas as espécies com carapaças resistentes permanecem por mais tempo no topo recifal e, mesmo assim, apenas se a deposição se der em regiões mais distantes da margem do recife. Interpretações deste tipo contribuem para a caracterização ambiental em estudos de monitoramento de recifes costeiros uma vez que auxiliam na compreensão da ação hidrodinâmica sobre a superfície de ambientes recifais.
Palavras-chave: Foraminíferos, Recifes, Litoral Norte da Bahia.