62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DE NANOGEL DE FUCANA  EXTRAÍDA DA ALGA MARROM Spatoglossum schröederi
Arthur Anthunes Jacome Vidal 1
Jailma Almeida de Lima 1
Ruth Medeiros de Oliveira 1
Nednaldo Dantas dos Santos 1
Hugo Alexandre de Oliveira Rocha 1
1. Depto. de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte / UFRN
INTRODUÇÃO:

Fucana é um termo utilizado para denominar uma família de polissacarídeos sulfatados cujo açúcar mais representativo é a L-fucose sulfatada. Elas são encontradas em algas marrons e em equinodermas. Apesar da atividade antiproliferativa das fucanas encontradas pelo nosso grupo e por outros pesquisadores, há um empecilho que dificulta os avanços dos estudos com fucanas antiproliferativas: devido ao seu caráter iônico, elas podem se ligar a uma gama de moléculas antes de entrarem nas células. Essa característica também é encontrada para a heparina que demonstra atividade antiproliferativa frente a uma gama de linhagens celulares. No caso da heparina têm sido desenvolvidos sistemas de nanopartículas que são resistentes ao ambiente extracelular, mas que se degradam no interior celular promovendo a liberação controlada da heparina no interior das células tumorais e, por conseguinte a morte celular por apoptose. Contudo, não há trabalhos que relatem a formação de nanogéis de fucanas. Portanto, este trabalho tem como objetivo sintetizar nanogéis de uma fucana extraída da alga Spatoglosum schröederi e avaliar a atividade antiproliferativa deste nanogel frente a células humana de carcinoma renal (786-0).

METODOLOGIA:

A alga marrom da espécie S. schröederi foi coletada no litoral sul do Rio Grande do Norte, na praia de Búzios, município de Parnamirim-RN. Após a coleta, as algas foram secas, trituradas e submetidas à maceração com acetona PA. O material obtido após esse processo foi submetido à extração das frações polissacarídicas através de uma cromatografia de troca iônica sendo obtida a fucana purificada, que foi denominada de fucana A. Para se fazer os nanogeis desta fucana, ela foi modificada quimicamente através da adição grupamentos tióis.Posteriormente, a fucana A tiolada foi complexada com PEG (polietileno glicol) na relação de 1:15. Este último funciona como uma matriz para a formação das nanoparticulas, que posteriormente foi retirado da partícula pela combinação de congelamento, liofilizaçao,  sonicação e dialise . O tamanho e a morfologia das partículas de nanogeis foram determinados por "dynamic light scatering" (Zeta plus) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). A citotoxicidade dos compostos (nanogel de fucana; fucana A tiolada e fucana A) frente a linhagem celular 786-0 foi medida indiretamente pela redução enzimática de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)- 2,5 difeniltetrazolio bromídio (MTT, Sigma) para cristais de formazona.

 

RESULTADOS:

A fucana A tiolada apresentou diâmetro de 980,0 ± 6,1 nm, mas já o nanogel de fucana A apresentou diâmetro de 362,2 ± 8,2 nm em solução aquosa. Além disso, o nanogel apresentou estrutura estável e esférica. Este valor foi um pouco superior ao observado para nanogeis de heparina (208,8 ±19,1 nm) obtidos por outros autores, utilizando esta mesma técnica. A atividade antiproliferativa foi realizada em cinco concentrações de nanogél de fucana A, fucana A tiolada e fucana A (12,5; 25; 50; 75 e 100 µg/mL). As células foram analisadas durante um período de 24, 48 e 72 horas. Nem a fucana A, nem a fucana A tiolada diminuíram a taxa de proliferação das células em todas as condições testadas. Por outro lado a nanogel de fucana A teve uma atividade antiproliferativa tempo e dose-dependente. Na concentração de 100 µg/mL após 48 horas de cultivo foi a que apresentou a maior inibição das células tumorais, em torno de 89%.  Este valor foi muito superior a aquele observado para nanogel de heparina (40%) por outros autores.

 

CONCLUSÃO:

Diante dos resultados obtidos para síntese de nanogél de fucana A, o tamanho das nanopartículas foi compatível com o desejado, indicando que a metodologia foi satisfatória e reprodutível. A formação de nanogel de fucana A aumentou em torno de 90% a sua atividade antiproliferativa. Estudos futuros de sinalização celular nos ajudarão a entender melhor o mecanismo antiproliferativo destes nanogeis. Os dados também indicam que a produção de nanocomplexos de fucanas poderá criar um novo eixo para a produção de fármacos antitumorais.

Instituição de Fomento: CNPq, MCT e CAPES
Palavras-chave: Polissacarídeos sulfatados, Células de carcinoma renal humano, Alga marrom.