62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE JUVENIS DE PIRARUCU, Arapaima gigas, INFECTADOS PELA BACTÉRIA Aeromonas hydrophila.
Ana Maria Dias da Silva 1
Elenice Martins Brasil 1
Elizabeth Gusmão Affonso 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia-INPA
INTRODUÇÃO:

A piscicultura é uma atividade zootécnica que vem ganhando importância econômica e social, destacando-se como uma das mais lucrativas atividades do agronegócio, pois, produz alimento de qualidade, em grandes quantidades, com baixo custo e com menor impacto ambiental. Tendo em vista a expansão da aqüicultura e a busca por alternativas econômicas para esta atividade, pesquisas nesta área são necessárias. O pirarucu, (Arapaima gigas, Arapaimatidae; Santos et al., 2006) que é nativo da bacia Amazônica, suporta altas densidades de estocagem e sua carne tem excelente aceitação no mercado. Segundo especialistas é a espécie mais promissora para o desenvolvimento da piscicultura em regime intensivo na região amazônica, haja vista que possui alta taxa de crescimento podendo alcançar ate 10 kg no primeiro ano de criação (Pereira-Filho et al., 2003). Estudos hematológicos em peixes são de interesse ecológico e fisiológico. Esses estudos auxiliam na compreensão da relação entre as características sanguíneas, a filogenia, a atividade física, o hábitat e a adaptabilidade dos peixes ao ambiente (Larson et al., 1976). Dessa forma o objetivo deste trabalho foi avaliar as condições hematológicas de juvenis de pirarucu submetidos à estresse causado pela infestação da bactéria Aeromonas hydrophila.

METODOLOGIA:

Foram utilizados 24 juvenis de pirarucu, com peso médio de 186,6 ±84 g e comprimento de 33,42 ± 5,1 cm, distribuídos em 12 aquários de 40 litros (2 peixes/aquário). Durante o experimento, a temperatura média da água manteve-se 25,5 ºC e os peixes não foram alimentados. Para a obtenção do inócuo, as bactérias cultivadas e identificadas foram semeadas em meio de cultura Ágar Nutriente, 24 horas antes da inoculação. Foi preparada uma solução salina estéril 0,85%, que foi utilizada na preparação das concentrações. Após a preparação das diluições das bactérias, as soluções foram injetadas via região intracelomática dos peixes nas seguintes concentrações 3,736 x 1010;  3,736 x 1011 e 3,736 x 1012 UFM/mL. Todos os peixes foram inoculados com 0,1 mL de suspensão bacteriana e cada dose foi inoculada em 6 juvenis, correspondente a 9 aquários. No grupo controle, composto de 6 juvenis (3 aquários), foi inoculada solução salina estéril. O experimento teve duração de 120 horas e durante este período observaram-se as lesões, mortalidade e alterações comportamentais dos peixes. Ao final do experimento foi coletada amostra de sangue para análises hematológicas Hemoglobina, Colesterol, Glicose, Proteínas, RBC e Hematócrito. Os dados foram submetidos a uma analise de variância com o nível de significância de 5%.

RESULTADOS:

Foi realizada a avaliação hematológica de juvenis de pirarucu submetidos ao estresse utilizando como agente estressor a bactéria gran-negativa Aeromonas hydrophilla, por ser uma bactéria muito comum na piscicultura local. Não foram observadas diferenças significativas nas variáveis sanguíneas analisadas (Hemoglobina p = 0,09; Colesterol p = 0,22; Glicose p = 0,12; Proteínas p = 0,17; RBC p = 0,9 e Hematócrito p = 0,84)  entre os três tratamentos e o grupo controle, fato este que deve estar relacionado com a resistência imunológica dos animais. Assim, apesar de serem diversos os fatores biológicos e ambientais que influenciam a hematopoiese (entre eles o estresse), nesse estudo a atuação da bactéria Aeromonas hydrophilla, no período de 120 horas após a inoculação, apesar de ter causado alguns danos (natação errática, hematomas cutâneos, exofitalmia) não foi suficiente para causar a mortalidade esperada (50% dos indivíduos infestados) de peixes.

CONCLUSÃO:

A dosagem de bactéria inoculada nos juvenis de pirarucu não foi suficiente como dose letal, uma vez que, apenas 12% (2 indivíduos) dos peixes morreram e não, 50% como esperado (letalidade de 50%). Isto significa que, após certo tamanho (aproximadamente 30 cm), os juvenis de pirarucu se tornam mais resistentes à doenças.

Instituição de Fomento: FAPEAM, INPA
Palavras-chave: Hematologia, Pirarucu, Estresse.