A Baía de Guanabara é um ecossistema extremamente produtivo, porém grande quantidade e diversidade de poluentes são lançados diariamente em suas águas. Dentre os resíduos industriais descarregados estão resíduos contendo metais pesados que comprometem seriamente sua fauna e flora e a saúde pública. Dentre os metais, destacam-se o mercúrio e o cromo. Alguns microrganismos possuem potencial biotecnológico para biorremediação de ambientes contaminados e estão sendo investigados. Cepas de bactérias isoladas da água, areia seca e areia úmida de praias, que sofrem grandes impactos da Baía de Guanabara foram testadas quanto ao seu potencial de resistência a metais pesados (cromo e mercúrio), com o objetivo de contribuir com a bioprospecção de microrganismos que possam ser utilizados em processos de recuperação de áreas degradadas por atividades industriais.

Cepas de bactérias isoladas da água, areia seca e areia úmida de praias, que sofrem grandes impactos da Baía de Guanabara foram testadas quanto ao seu potencial de resistência a metais pesados (cromo e mercúrio). Os microrganismos isolados, foram crescidos em meio E.C por 24 horas a 37°C, e o crescimento acompanhado a 600nm até 1 D.O. Foram testadas 92 cepas, que foram inoculadas em meio LB sólido, expostas a diferentes concentrações dos metais, sendo para cromo utilizadas as concentrações  0,0625 ;125; 0,25; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5µg/L e para mercúrio as concentrações 0,5 ;1,0 ; 1,5 ;2,0 ;2,5 ;3,0 ;3,5 ; 4,0 ; 4,5 e 5,0 mg/L em meio LB sólido. O crescimento foi avaliado após 24, 48 e 72 horas.

O perfil de resistência e sensibilidade aos metais foram analisados em 92 cepas bacterianas isoladas de diferentes matrizes (água, areia seca e areia úmida) das praias da Ilha do Governador (praia da Bica e praia de Tubiacanga) nos períodos do inverno e primavera. O crescimento bacteriano foi monitorado por 72 horas sendo a incubação feita a 37ºC. A concentração máxima de cromo em que as cepas testadas cresceram já em 24h, é de 1 ug/mL. Estes resultados sugerem que dentre os níveis testados, esta é a concentração inibitório mínima (MIC) para esse grupo. 15,2% das cepas isoladas da praia de Tubiacanga apresentaram resistência para cromo em 1 ug/mL. Enquanto 40,2% das cepas isoladas da praia da Bica apresentaram resistência na mesma concentração. Para mercúrio, 10 cepas cresceram na maior concentração testada, não sendo ainda possível estabelecer a concentração máxima inibitória para esse grupo. Das cepas isoladas da praia da Bica e da praia de Tubiacanga 6,5% e 4,3%, respectivamente apresentaram resistência em 5mg/L. Esses resultados confirmam a hipótese de que áreas contaminadas favorecem a seleção de microrganismos que se adaptam as condições do meio. É o que ocorre na praia da Bica, que tem sua orla voltada para zona industrial de Duque de Caxias e por isso  é das que mais sofre com os efeitos da poluição hídrica produzida no continente da Baía de Guanabara. Onde de acordo com nossos resultados, obtivemos maior número de microrganismos resistentes aos metais testados.