62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
DISCURSO DOS CUIDADORES FAMILIARES QUANTO A ALTA-HOSPITALAR DE IDOSOS ACAMADOS: REFLEXÕES PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE.
Fabíola de Araújo Leite Medeiros 1
Eduardo Rodrigues de Medeiros 2
Ranielly Pereira Lacerda 1
Giovanna de Araújo Leite Medeiros 3
Gérson Sampaio da Silva 1
1. DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA/UEPB
2. CAT-JRF SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA/SESI
3. DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PERNAMBUCO/UPE
INTRODUÇÃO:

O idoso acamado requer acompanhamento por uma pessoa que atenda as suas necessidades básicas e consiga prevenir e/ou controlar algum problema crônico ou agudo de saúde. O acompanhante geralmente é um membro da família e sua presença junto ao idoso é muito importante, não só para acompanhá-lo, mas também para ser orientado em relação ao seu papel social, observando os cuidados prestados no período em que o idoso esteve no hospital e continuando esse processo após a alta hospitalar em domicílio. Para que o cuidado seja garantido com qualidade, torna-se importante avaliar os anseios, angústias e perspectivas que um cuidador familiar tem perante os cuidados a um idoso dependente. Dentro dessa perspectiva, o objetivo desse trabalho foi analisar o discurso dos cuidadores familiares em relação ao ato de cuidar de idosos acamados, fazendo com que essa análise sirva de reflexão para a orientação dos cuidados domiciliares prescritos por profissionais de saúde, na alta hospitalar.

METODOLOGIA:

Tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, que apresenta abordagem qualitativa utilizando-se como método a análise do discurso. A pesquisa foi realizada no horário em que o acompanhante estava sem atribuições especificas relacionadas ao cuidar de seu paciente. Os critérios de inclusão foram: ter mais de 18 anos de idade, ser cuidador familiar do idoso, ser consciente e esclarecido que estava participando de uma pesquisa científica e aceitasse a condição, por voluntariedade, a se dispor a ler ou a ouvir a leitura a posteriori de toda a transcrição de sua fala mediante a entrevista realizada. O campo de pesquisa foi um hospital público do município de Campina Grande/PB, Brasil. O período vigente de realização das entrevistas foram os meses de Março a Maio de 2009, e a amostra foi composta por 35 acompanhantes inseridos nos critérios de inclusão e que assinaram o termo de compromisso e consentimento previsto pela Resolução 196/96 para pesquisa com seres humanos. A técnica de pesquisa foi à entrevista direta com uso de um gravador e fita para registro de todas as perguntas e respostas do diálogo exercido no período de coleta. O roteiro de entrevista foi semi-estruturado, pois a análise do discurso referencia uma abordagem de coleta baseada no encaminhamento do discurso.

RESULTADOS:

Da população estudada, 100% da amostra foi composta pelo sexo feminino. O papel de cuidador familiar era exercido por filhas (95%) e por outros parentes (netas, noras, primas, sobrinhas). Em relação ao discurso dos parentes de 1° grau houve um enfoque de sentimentos envolvidos na fala. A subjetividade referida no "tom" do discurso determina que o cuidado desse idoso "pai" ou "mãe" delega um ato que vai além do físico. Presencia-se nas falas a existência de todo um sentimentalismo que justifica o estresse evidenciado pelos dias de internação, porém o símbolo social de obrigação e gratificação de estar com o pai ou a mãe idosa torna sublime todo o cansaço vivenciado no acompanhamento dentro do ambiente hospitalar. A insegurança foi citada em muitos discursos, quando os cuidadores afirmavam "não estarem preparados para tal função". O profissional de saúde poderá aproveitar da emoção de cuidar dos pais e melhorar a execução de cuidados com orientação adequada sobre as necessidades básicas afetadas do idoso fragilizado. Em alguns dos discursos apareceram certo "tom" apelativo de ajuda no processo familiar alterado para expor que o cuidado do idoso requer envolvimento familiar de todos os filhos, embora um exerça a função principal.

CONCLUSÃO:

A sensibilidade citada pelo discurso do cuidar pela família ao idoso acamado e hospitalizado referencia a necessidade de um planejamento de ação no que diz respeito à orientação dos cuidados básicos a serem desenvolvidos por estes cuidadores no período pós-alta, como também dar suporte de segurança ao cuidador que cita em suas falas receio pelo papel social assumido. A estratégia de um profissional de saúde, vivenciando tal dificuldade expressada pelo discurso de um cuidador familiar, é buscar meios de conversa com os outros filhos e/ou outros familiares verificando as possibilidades de rodízio familiar ou outra solução viável. Há uma necessidade de reflexão sobre a sobrecarga de trabalho dos cuidadores de saúde visando o planejamento de prescrições pós-alta a idosos acamados. Urge, pois, a busca por mais estudos sobre o cuidado familiar ao idoso fragilizado.

Palavras-chave: cuidadores familiares, envelhecimento, saúde do idoso.