Cintilografias de estômago, refluxo esofágico, glândulas salivares, tireóide e plexo coróide são realizadas por meio de radiofármacos como o pertecnetato de sódio (Na^99mTcO₄). Sabe-se que vários medicamentos naturais e/ou sintéticos interferem na biodistribuição normal deste fármaco radioativo. Dessa forma, nesse estudo, objetivou-se avaliar a influência da própolis - uma substância especial produzida pelas abelhas a partir de resinas de árvores e pólen de flores, que apresenta propriedades biológicas como antibacteriana, analgésica, anti-inflamatória e outras - na biodistribuição hepática do radiofármaco Na^99mTcO₄ e sobre o metabolismo lipídico de ratos Wistar.

20 animais foram divididos, igualmente, em 2 grupos: controles (C) e tratados (T). Os tratados receberam, via oral, 1 mL do extrato aquoso de própolis a 10%, diluído em sorbitol, por 10 dias. Os controles receberam sorbitol do mesmo modo e período. No último dia de tratamento, todos receberam 0,1mL de Na^99mTcO₄ (0,66 MBq) via plexo orbital, sob anestesia. Após a injeção do radiofármaco, os animais foram sacrificados em tempos diferentes (10 e 30 min). Coletaram-se então 3 mL de sangue total, por punção cardíaca aberta, para dosagens bioquímicas, e foram retirados os fígados dos animais, sendo o percentual de radioatividade por grama de órgão (%ATI/g) determinado no contador gama automático.

As análises estatísticas demonstraram um aumento estatisticamente significativo (p<0,05), do grupo tratado em relação ao controle, respectivamente, em (mg/dL): Triglicerídeos (142,10±16,28 e 111,40±17,49) e Colesterol (172,30± 12,97 e 123,60±11,48). Não foi encontrada alteração significativa no percentual de radioatividade por grama do Na^99mTcO₄ no fígado, nem nos animais sacrificados 10 minutos após a injeção do radiofármaco (p = 0,1297) e nem nos animais sacrificados 30 minutos após o mesmo procedimento (p = 0,1297). É sabido na literatura científica que o extrato bruto de própolis, administrados em coelhos não ocasionam efeitos adversos no perfil lipídico. Nesse presente estudo, realizado em ratos e com um extrato aquoso diluído em sorbitol, observou-se incremento significativo nas taxas de triglicerídeos e colesterol, sendo necessários maiores estudos para elucidar melhor esses achados.

Os dados demonstraram um aumento nos níveis séricos do colesterol e triglicérides após tratamento crônico oral com própolis em ratos, o que pode indicar desordens no seu metabolismo lipídico. Já a diferença de captação hepática do radiofármaco pelo fígado tratado cronicamente com própolis, em relação ao controle, não foi estatisticamente significativa.