62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
UM ESTUDO DA CRIATIVIDADE NA SALA DE AULA DO ENSINO SUPERIOR: A PRESENÇA E/OU AUSÊNCIA DE PRÁTICAS CRIATIVAS NA FORMAÇÃO INICIAL NO CURSO DE BIOLOGIA NO CAMPUS-MACAU-IFRN
Fábio Alexandre Araújo dos Santos 1
Andrezza Maria Batista do Nascimento Tavares 1
Cassivandro dos Santos Teixeira 1
Cícero Eduardo de Oliveira Rocha 1
Edivan Moraes de Souza Júnior 1
Leandro Lima Cortêz 1
1. IFRN
INTRODUÇÃO:

Este trabalho de cunho acadêmico e científico tem o objetivo de analisar os impactos das atividades criativas em sala de aula no Curso de Licenciatura em Biologia no Campus Macau - IFRN. As pesquisas realizadas no país sobre a temática da criatividade vem sendo desenvolvidas desde a década de 70. Neste estudo, fez-se um recorte temporal, identificando às principais investigações a partir da década de 90 cuja qual foi a responsável pela grande expansão das investidas nesta área de pesquisa. Os primeiros estudos sobre a criatividade escolar ou educacional aconteceram na década de 90 no Brasil. Internacionalmente, estas pesquisas foram difundidas bem antes, principalmente, nos Estados Unidos da América - USA, tendo como precursor Guilford (1950), aliás, este consiste em um dos grandes desbravadores dos estudos da criatividade na sociedade americana, e por que não dizer, de todas as demais sociedades, pois ele não foi somente o precursor desses estudos, mas também, através de pesquisas científicas e testes de criatividade revelou para o mundo traços e características relevantes para o reconhecimento da criatividade humana. Nos últimos anos, mas precisamente, a partir do novo milênio, várias pesquisas reportam as pesquisas realizadas sobre as décadas anteriores, sobretudo, carecendo, de um novo estudo sobre o desenvolvimento das pesquisas sobre a criatividade a partir do ano de 2007 até o presente momento. No Brasil, a criatividade no ambiente escolar configura-se como um dos mais importantes eixos da referida temática. As iniciativas deram-se a partir de Alencar (2003), Amaral e Martinez (2006), Bauer (2007), Fleith (2008), Fleith e Alencar (2006, 2008), Matos e Fleith (2006), Lakatos (1999), Llantada (2005), Mariani e Alencar (2005), Mitjáns (1995), Mourão e Martinez (2006), Nakano e Wechsler (2006), Oliveira (1997), Pereira (2001), Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003), Ribeiro e Fleith (2007), Silva (2000), Sousa (2001), Sternberg (2010), Torrance (2000), Torre (2008) Vigotsky (2000) dentre outros. As principais questões de pesquisa estudadas, dentre outras, configuram-se nos questionamentos acerca das capacidades de identificação da criatividade dos alunos pelos professores, bem como, identificar os alunos com mais ou menos criatividade; as relações causais entre professores e alunos criativos, ou seja, se professores criativos contribuiria para o desenvolvimento de alunos criativos e vice-versa; quais as principais características e qualidades de um aluno criativo; quais são as imagens e conceitos definidos por professores em relação aos alunos ideais. Diante dos múltiplos questionamentos originados dos inúmeros estudos sobre a temática exposta, surge uma questão central nesta pesquisa: quais os impactos das metodologias criativas adotadas nos processos de ensino-aprendizagem para os alunos do Curso de Licenciatura em Biologia no tocante a sua formação profissional? A referida pesquisa está vinculada ao GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM LINGUAGENS, FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOCENTE E INCLUSÃO SOCIAL (GELFOPIS) pertencente ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) em Macau-RN, sendo discutida na linha de pesquisa políticas educacionais, formação docente e inclusão social, certificado pelo CNPQ.

METODOLOGIA:

A natureza da pesquisa consistiu em uma pesquisa fundamental. O tipo de pesquisa foi classificado em explicativa e exploratória. A abordagem do problema deu-se na perspectiva quantitativa e qualitativa (LAKATOS, 1999). O público-alvo consistiu em 30 alunos do 1º semestre do Curso de Licenciatura em Biologia. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se a observação participante, a entrevista semi-estruturada e o uso de testes criativos (TORRANCE, 2000; WECHSLER, 2007), mas especificamente, os testes figurais e a técnica de brainstorming no intuito de analisar o conjunto qualitativo e quantitativo de respostas a um mesmo problema, portanto como afirma (TORRE, 2008) "soltar as rédeas da imaginação. A compreensão dos dados da pesquisa deu-se de pela análise de conteúdo de qualidade temática. O presente trabalho registrou três momentos importantes no tocante a sua execução, foram eles: observação inicial e contínua em sala de aula nas aulas de Fundamentos Histórico-filosóficos da Educação disciplina excentricamente pedagógica que fundamenta os discursos e práticas educativas ao longo do desenvolvimento da educação, na qual se aplicou a técnica brainstorming além dos testes de criatividade supracitados; num segundo momento foram feitas as entrevistas com os alunos do mesmo curso com o objetivo de extrair mais e melhores informações dos sujeitos de pesquisa sobre a temática em destaque; num terceiro momento, foram realizados testes de criatividade figurais e verbais buscando o aluno refletir sobre suas compreensões acerca do potencial criativo e das possibilidades de se implementar práticas pedagógicas de cunho criativo em sala de aula. Logo após as coleta de dados, transitou-se para outra etapa significativa da pesquisa, a análise dos dados. Nela criou-se categorias extraídas, justamente, por meio da análise temática sob as premissas éticas da pesquisa em manter, o máximo possível, a neutralidade através da garantia da essência dos conteúdos proferidos pelos sujeitos da pesquisa. Esta análise deu-se no formato coletivo e de forma democrática, ou seja, a participação ativa de todos os colaboradores foram vitais no referido processo. Por fim, de posse dos resultados, constituiu-se uma mesa-redonda entre os colaboradores da pesquisa e os sujeitos participantes desse processo investigativo para efetivar a socialização desses dados e apontar também, coletivamente, algumas sinalizações para possíveis mudanças nesse sentido.

 

RESULTADOS:

Diante do processo de coleta de dados da pesquisa e da socialização daqueles, observou-se que a participação e a interação são vitais na compreensão integral do objeto de estudo destacado. Afirmar-se-á que as instituições de ensino deveriam investir tanto no que diz respeito aos aspectos quantitativos quanto nos aspectos qualitativos sob o olhar investigativo, pois, a comunidade escolar ou universitária necessita (re)discutir as ações, as concepções e os rumos de uma educação social e humanizante, sobretudo, que possibilite uma formação profissional cuja qual o aluno possa e deva refletir, agir critica e criativamente ao estudar e apontar alternativas de ações no conjunto de mudanças necessárias e emergentes. As instituições formativas não deverão restringirem-se apenas ao conhecimento técnico e enciclopédico, mas deverá propiciar aos futuros profissionais, de um modo geral, a condição básica de desenvolver seu potencial criativo (ALENCAR, 2006) bem como desenvolver tais habilidades (GALPERIN apud NUÑEZ, 2009) no sentido de transpô-las para fora da escola, isto é, em espaços sociais diversos. Em relação aos dados diretos da pesquisa, constatou-se a existência, pelo menos cerca de 90% dos participantes deste estudo, que afirmaram desconhecer a configuração teórico-metodológica da criatividade, isto é, sua importância no processo de desenvolvimento de habilidades profissionais. Ao vivenciar a supracitada técnica comumente conhecida no Brasil por "tempestade de Idéias", a maioria deles descobriu o potencial criativo intrínseco, entretanto, os mesmos sentiram a necessidade de vivenciar no próprio campo de formação acadêmica, tais sentimentos corroboram com as lacunas evidenciadas em estudos de (ALENCAR; FLEITH, 2006 e 2008) quanto à "ausência" de práticas pedagógicas fomentadoras de criatividade em detrimento de práticas essencialmente diretivas, autoritárias, superficiais em termos de conhecimento e aprendizagem significativa. No que concerne as experiências vividas através dos testes de criatividade, percebeu-se a relevância de práticas educativas nesta dimensão e com a responsabilidade social de fazer com que o sujeito aprenda a lidar criativamente com os conhecimentos a ele designados. Como afirma (TORRE, 2008) não são os conteúdos que são criativos, mas sim, as possibilidades metodológicas de conhecê-los de forma criativa, crítica e reflexiva. Sendo assim, os impactos das atividades ou metodologias criativas analisados nesta pesquisa, de modo geral, foram considerados de extrema relevância para a constituição de um profissional que domina a técnica (o fazer), o saber (conteúdos críticos), ou melhor, como afirma (RAMALHO, NUÑEZ e GAUTHIER, 2003) um saber fazer, um saber que se realiza porque faz bem como um fazer que se realiza pelo saber que se detém sobre aquele fazer. Além do mais, um saber-fazer criativo que possibilita aos alunos a pensar ou (re)pensar suas ações, suas concepções e intervir na sociedade de forma mais direta e contributiva para o desenvolvimento social e o progresso tecnológico-científico.

CONCLUSÃO:

Conclui-se assim, que urge a clarificação conceitual e prática do fenômeno da criatividade. A formação profissional por meio do exercício acadêmico não deve negligenciar tal fenômeno vital na construção de cidadãos mais aptos a solucionar problemas individuais e sociais cada vez mais complexos, sobretudo, cidadãos conscientes da diversidade de pensamentos e da necessidade cada vez mais crescente de se tornarem criativos diante das situações sociais a desvelar. Uma formação que não leva em consideração a inteireza do ser, e claro, a criatividade humana, propicia uma lacuna sem precedentes para o futuro da cidadania do aluno e da sociedade em geral. As escolas e as instituições formativas, geralmente, matam a criatividade em vez de cultivá-las. Tal sinal possibilita repensar a atitude do professor, do aluno, do sistema educacional, da cultura familiar etc., como agentes influenciadores diretos nesta condição de formação profissional. Diante deste cenário de ensino e aprendizagem pautado na criatividade, o professor deveria possuir algumas habilidades e competências para conduzir as aulas e situações criativas. As habilidades do professor na perspectiva do ensino criativo, dentre outras permeavam desde, um alto grau de sensibilidade, abundância nos recursos metodológicos, de atitudes, um certo grau de flexibilidade e ações "raras" até ao pedido de coisas difíceis e certa "ingenuidade" em suas ações.Sendo assim, o professor nesta perspectiva de ensino e aprendizagem, deveria exigir dos seus alunos, por vez, atitudes originais, expressão espontânea, o desejo de questionamento, isto é, a curiosidade, a auto-direção nos processos de aprendizagem e uma percepção sensorial aguçada. tais qualidades exigidas pelos professores dos seus alunos, corroborariam para um clima educacional mais interativo, ativo, portanto, estimulante do potencial criativo do aluno. Discutir sobre as contribuições pedagógicas na perspectiva da criatividade implica em repensar sobre o processo de aprendizagem do aluno de forma a considerá-lo como um sujeito ativo, reflexivo, investigador e criativo, sobretudo, questionar de forma direta as estratégias teórico-metodológicas de um ensino, geralmente, que não fomenta concepções e nem tampouco, práticas que propicie o desenvolvimento criativo nos processos formativos bem como reflete sobre as possibilidades de implementação de práticas pedagógicas na perspectiva da criatividade.

 

Instituição de Fomento: CAPES - PIBID
Palavras-chave: Criatividade, Metodologias criativas , Práticas pedagógicas.