A literatura médica frequentemente atribui vários significados para o termo qualidade de vida. Expressões como "condições de saúde", 'funcionamento social" e "qualidade de vida" comumente são destacados como sinônimos (GILL e FEINSTEIN, 1994). Outros autores acreditam que o termo "qualidade de vida" é mais geral e inclui uma variedade potencialmente maior de condições que podem afetar a percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o seu funcionamento diário, incluindo, mas não se limitando, à sua condição de saúde e às intervenções médicas. Nesta perspectiva, vários tem sido os instrumentos propostos para a sua avaliação, dentre eles, podemos destacar o WHOQOL-100 e o WHOQOL-brief ambos desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde; o Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form (SF-36) dentre outros. Desta maneira o objetivo deste estudo foi analisar a qualidade de vida dos funcionários de uma instituição de ensino superior.

A amostra foi composta por 118 indivíduos de ambos os sexos e com idades entre 21 e 49 anos, todos funcionários de uma instituição de ensino superior nas diversas esferas que compõem o quadro funcional. Para a avaliação da qualidade de vida, utilizamos dois instrumentos para efeito de comparação do constructo: o WHOQOL-brief que é composto por 4 domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente) obtidos distribuídos em 26 itens de maneira não equitativa, e o SF-36 que é composto por 36 itens englobados em oito escalas ou componentes: capacidade funcional (dez itens), aspectos físicos (quatro itens), dor (dois itens), estado geral de saúde (cinco itens), vitalidade (quatro itens), aspectos sociais (dois itens), aspectos emocionais (três itens), saúde mental (cinco itens) e mais uma questão de avaliação comparativa entre as condições de saúde atual e as de um ano atrás. As entrevistas foram feitas após a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido. A amostra foi seqüencial e os sujeitos foram entrevistados, individualmente,sem a interferência do avaliador.

Quanto ao WHOQOL, os 4 fatores foram identificados através de uma Análise Fatorial das Componentes Principais (AFCP) com rotação Varimax. Conseguinte, a consistência interna foi analisada pelo Alfa de Cronbach em cada uma das dimensões para se prosseguir com os cálculos das dimensões. Os valores médios dos escores obtidos em cada domínio foram: 15,0 + 2,2; 15,0 + 2,0; 15,8 + 2,4 e 14,3 + 2,07 respectivamente para os domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Os valores supracitados podem ser configurados em valores relativos ao máximo valor encontrado dentro de cada domínio e são respectivamente: 68,7; 68,7; 73,7 e 89,4%. Em relação ao SF-36, a avaliação de seus resultados, é dado por um escore em cada questão, o que, posteriormente, é transformado numa escala de 0 a 100, onde zero corresponde a um pior estado de saúde e 100 a um melhor, sendo analisada cada dimensão em separado. Desta forma encontramos para a capacidade funcional (78,3 + 19,3), limitações por aspectos físicos (74,2 + 31,1), dor ( 67,4 + 25,4), estado geral de saúde (69,1 + 19,8), vitalidade (59,3 + 22,1), aspectos sociais (66,5 + 24,1), aspectos emocionais (67,2 + 36,9) e saúde mental (71,2 + 21,3). Os dados foram tratados com através do pacote estatístico SPSS 15.0 for Windows.

Com base nos resultados, não pudemos verificar divergências aparentes entre os 2 constructos, quando comparados pelos valores relativos a cada domínio. Admitindo que existe uma razoável semelhança entre os domínios de ambos os contructos, não verificamos valores que pudessem contradizer um certo aspecto envolvendo as duas escalas. Em ambos os instrumentos verificamos razoável valor indicativo de qualidade de vida com destaque para o "domínio das relações sociais" encontrado pelo WHOQOL e pelo componente "capacidade funcional" encontrado pelo SF-36. Mesmo assim, encontramos baixos resultados relacionados ao "domínio do meio ambiente" e para a componente "vitalidade" respectivamente encontradas no WHOQOL e SF-36. Atentamos para o fato de baixos valores nestas componentes estarem associados à diminuição no rendimento funcional do dos profissionais.