62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
MULTICULTURALIDADE: PENSANDO A RELIGIÃO EM TURMAS DE JOVENS E ADULTOS
Maria Edi da Silva 1
Sérgio Paulino Abranches 2
1. Secretaria de Educação, Esporte e Lazer - Prefeitura do Recife
2. Centro de Educação - UFPE
INTRODUÇÃO:

A escola tem sido convidada a participar do debate sobre as questões de diversidade cultural do mundo atual, dentro da perspectiva de um mundo globalizado, que ao mesmo tempo em que ressalta as particularidades culturais, religiosas, de gênero, caminha para sua homogeneização. Nesse contexto, a escola e o fazer pedagógico precisam repensar sua estrutura e suas configurações. O debate acerca da multiculturalidade e da convivência com o outro diferente faz-se necessário dentro de uma turma de Jovens e Adultos, servindo como instrumento reflexivo, para orientar e intervir no fazer pedagógico; para que se possa fazer dos processos educativos a base para a construção de um sujeito mais humano. O objetivo principal desse trabalho é discutir a diversidade religiosa em turmas de Jovens e Adultos dentro da escola pública. Para tanto, discutiremos como tem sido tratado o tema religião, sua implicação na realização de atividades culturais na escola e o respeito à diversidade religiosa dos estudantes e demais agentes, no espaço social da escola.

 

METODOLOGIA:

Para a realização da pesquisa usamos como aporte teórico os trabalhos de Paulo Freire para discutir a humanização do sujeito humano; João Francisco de Souza para pensar a educação multicultural; Stuart Hall e as identidades na pós-modernidade e Pierre sanchis para discutir religião e sincretismo no Brasil. Observamos atividades do cotidiano escolar em escolas públicas e realizamos entrevistas semi-estruturadas e conversa informal com professores de Educação de Jovens e Adultos.

RESULTADOS:

Percebemos que a presença religiosa dentro do cotidiano da escola pública é constante, sobretudo a presença de elementos católicos e evangélicos, sem espaço de representação positiva para outras religiões. Através dos relatos de professores, constatamos que a religião interfere na participação dos alunos em atividades culturais, dificultando a socialização entre os agentes que fazem a escola - estudantes, professores, funcionários,pais. Com a análise das entrevistas pudemos sentir que os professores têm a necessidade de que o debate sobre religião seja um ponto da formação de educadores proposto pela Rede Municipal de Ensino bem como o debate acerca da diversidade religiosa esteja presente no currículo dos estudantes.

CONCLUSÃO:

O debate sobre religião na perspectiva multicultural é pertinente dentro da visão freireana da humanização do sujeito humano, particularmente no contexto escolar. Nesse sentido, pensar em um currículo multicultural, que vise a educação para todos os sujeitos, requer que tomemos cuidado com a possibilidade de haver um reforço das diferenças e preconceitos; cuidado com a guetificação, com experiências dirigidas a grupos étnicos específicos; cuidado com estereótipos vistos como positivos. Discutir a composição de um componente curricular ou de um campo de conhecimento para a reflexão sobre religião coloca-se como tarefa imperiosa. Concluímos com duas afirmações importantes: a grande presença religiosa dentro da escola pública e a necessidade de formulação de um currículo que trate dessa diversidade.

Palavras-chave: multiculturalidade, diversidade religiosa, escola pública.