62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
OS GAFANHOTOS ROMALEIDAE (ORTHOPTERA: ACRIDOIDEA) DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM, PARÁ, BRASIL
Carlos Elias de Souza Braga 1
Ana Lúcia Nunes Gutjahr 2
Rafael Segtowick da Silva Sovano 1
Gustavo Costa Tavares 1
1. Coleção de Invertebrados, CZO, Museu Paraense Emílio Goeldi / MPEG
2. Departamento de Ciências Naturais, Universidade do Estado do Pará / UEPA
INTRODUÇÃO:

Os Orthoptera são insetos conhecidos popularmente como gafanhotos, grilos e esperanças, possuem 25.000 espécies descritas. Seus representantes podem ser, em decorrência do hábito alimentar, herbívoros, predadores e onívoros. Possuem grande importância ecológica e econômica devido à existência de espécies que constituem importantes pragas de plantas cultivadas e por algumas serem consideradas bioindicadoras de qualidade ambiental. A família Romaleidae é Neotropical, apresenta 437 espécies descritas que são facilmente reconhecidas por apresentarem um espinho apical na face externa das tíbias posteriores. Possuem tamanhos, formas e cores variadas, podem ser alados, braquípteros ou, raramente, ápteros, sua cabeça pode ser orthognata ou opistognata. Nesta se encontram os maiores gafanhotos, em tamanho corporal e biomassa, conhecidos na natureza. A região metropolitana de Belém (RMB) é composta pelos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. A RMB mantém áreas de floresta primária preservadas e também outras bastante degradadas, devido à ação antrópica. O objetivo deste trabalho é realizar um estudo para determinar as espécies de gafanhotos Romaleidae que ocorrem na RMB, dando ênfase à abundância e riqueza das espécies do acervo da coleção do MPEG.

METODOLOGIA:

Os exemplares utilizados neste trabalho fazem parte do acervo entomológico da Coleção de Invertebrados do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Inicialmente foi realizado o levantamento nas gavetas entomológicas dos exemplares da família Romaleidae, onde foram separados os espécimes com etiqueta de procedência da RMB (municípios: Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará). Após essa etapa todos exemplares foram identificados em espécie ou morfoespécie. A identificação foi realizada com auxílio de chaves dicotômicas, descrições originais e por comparação com espécimes previamente identificados existentes no acervo. Para a verificação dos caracteres morfológicos, utilizou-se microscópio estereoscópico (SV 11 Zeiss). Todos os exemplares estudados tiveram suas etiquetas de procedência analisadas e seus dados foram anotados manualmente, para a determinação das localidades de origem e reconhecimento da distribuição geográfica das espécies de gafanhotos Romaleidae estudadas, provenientes da RMB. Esses dados foram informatizados em planilhas do programa Microsoft Excel, para facilitar as análises das informações obtidas a partir das etiquetas dos exemplares estudados.

RESULTADOS:

A Coleção de Invertebrados do MPEG possui em seu acervo um total de 249 exemplares de Romaleidae procedentes da RMB (40% dos exemplares dessa família na Coleção). Esses exemplares pertencem a 2 subfamílias, 5 tribos, 10 gêneros e 12 espécies.  As espécies mais abundantes são Chromacris speciosa (n = 70), Prionolopha serrata (n = 52) e Tropidacris collaris (n = 51), que correspondem, juntas, a 69,5% do acervo de Romaleidae da RMB preservados na Coleção. As espécies com menor abundancia foram Colpolopha sp., Ophthalmolampis fervida, Prorhacris granulosa e Trybliophorus sp. representadas por apenas 1 exemplar. A riqueza de espécies de Romaleidae na RMB é baixa em relação às 164 registradas para o Brasil, o que pode ser devido a grande ação antrópica na RMB, visto que a maioria das espécies de Romaleidae habita ambientes de vegetação primária. Entre os exemplares analisados 8 espécies exploram ambientes de mata fechada e outras 4 ambientes de vegetação aberta ou parcialmente ensolarada. Quanto a isso, é sabido que algumas espécies de Acridoidea podem apresentar especificidade a ambientes exclusivamente abertos, fechados ou parcialmente ensolarados, em decorrência de suas necessidades alimentares, o que influi na escolha de ambientes com maior ou menor luminosidade.

CONCLUSÃO:

Os resultados obtidos neste trabalho mostram que a família Romaleidae é pouco diversa na região metropolitana de Belém, visto que foram registradas para essa área apenas 12 espécies dessa família, no acervo da Coleção de Invertebrados do MPEG. Essa afirmação pode ser reforçada pelo fato de que é conhecida a ocorrência de 164 espécies de gafanhotos Romaleidae para o Brasil e 271 espécies para a região Amazônica (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana-Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A maioria das espécies encontradas no acervo explora ambientes de mata fechada dos fragmentos florestais existentes na Região Metropolitana de Belém.

Palavras-chave: Gafanhotos, Região Metropolitana de Belém, Romaleidae.