62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 2. Analise Toxicológica
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DA ÁGUA DE UM TANQUE DE DEPURAÇÃO DE MANDIOCA (PUBEIRO) ATRAVÉS DE ENSAIO UTILIZANDO Allium cepa.
Dimas Araújo dos Passos 1
Ewerton Silva Gonçalves 1
Edson Franco de Sá Junior 1
Hudson Barbosa Ferreira 1
Juliana Nogueira de Holanda 1
Ricardo Luvizotto Santos 2
1. Curso de Oceanografia, Universidade Federal do Maranhão / UFMA
2. Departamento de Oceanografia e Limnologia (DEOLI) - UFMA
INTRODUÇÃO:

A produção da farinha de mandioca é uma cultura temporária e de fácil manejo exigindo poucos insumos e mão de obra não especializada. Na comunidade do Rio dos Cachorros (São Luís, MA) moram aproximadamente 200 famílias onde algumas retiram, de maneira sustentável, parte da sua renda familiar com o plantio da mandioca e produção de farinha.

No processo de fabricação da farinha, o líquido extraído depois da prensagem vem sendo utilizado como fertilizante o que pode levar à contaminação do solo e do lençol freático uma vez que contém elevados níveis de ácido cianídrico. Os efeitos tóxicos do ácido cianídrico são bem conhecidos, sobretudo no que se refere à inibição de enzimas que possuem metais em suas estruturas, especialmente o ferro, e acredita-se que seu contínuo lançamento nos ambientes pode representar risco ambiental.

A cebola (Allium cepa) é um organismo-teste utilizado para investigar efeitos deletérios de substâncias químicas, efluentes e amostras ambientais de água, sendo que seu uso tem sido recomendado para avaliação preliminar do nível de toxicidade de misturas complexas. Este trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade da água residuária da produção de farinha de mandioca por meio de testes toxicológicos utilizando A. cepa.

METODOLOGIA:

Uma amostra da água foi coletada num pubeiro na comunidade do rio dos Cachorros, com auxílio de uma garrafa de 5 L e levada ao Laboratório de Ecotoxicologia (DEOLI-UFMA) onde foi filtrada e armazenada por 24h a 3oC até o momento do ensaio toxicológico. Foram utilizadas cebolas com 5,37 ± 0,62 cm de diâmetro as quais foram adquiridas na mesma semana na central de distribuição de alimentos (SEASA) do município. Além da água do pubeiro (100%) e de uma série de diluição da mesma (10%, 25%, 50% e 75%) foi testada uma solução de referência de cobre 0,54 mg L-1 (controle positivo), sendo que o crescimento das raízes foi comparado com o dos bulbos mantidos em água destilada (controle negativo). Foram utilizados tubos de ensaios com 15 cm de altura, cheios até a borda onde foram colocadas as cebolas. Em seguida, foram incubados por 72h em câmara de germinação programada para operar a 25ºC no escuro. Após este período, todas as raízes dos bulbos foram medidas para se calcular a porcentagem de inibição, onde: Inibição de Crescimento = (Comprimento médio da amostra controle - Comprimento Médio das amostras) x 100/ Comprimento médio da amostra controle.

RESULTADOS:

Os resultados obtidos da inibição do crescimento para as amostra sulfato de cobre, 10%, 25%, 50%, 75% e 100% foram, respectivamente, 70,7%, 89,5%, 96,6%, 97,8%, 96,9%, e 97,3% de inibição. Os resultados mostraram que todas as amostras contendo água do pubeiro apresentaram percentuais muito elevados de inibição de crescimento, sendo que não existe diferença significativa entre a amostra de 10% e o controle positivo (cobre). Estes resultados indicam que a água residual do processo de depuração da mandioca é altamente tóxica para Allium cepa, mesmo quando diluída 10 vezes.

CONCLUSÃO:

A amostra de água do pubeiro demonstrou ser altamente tóxica para o organismo teste. Pode-se especular que a utilização dessa água nas atividades agrícolas ou seu descarte diretamente no ambiente pode representar risco aos organismos que por ventura venham a ser expostos. Há a necessidade de outros estudos com relação aos impactos que podem ser causados pelo ácido cianídrico presente na água residual da depuração da mandioca, sobre tudo considerando outras espécies de maior relevância ecológica para o ambiente.

Palavras-chave: Ácido cianídrico, Cebola, Ecotoxicologia.