62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 5. Oceanografia
DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ZONA COSTEIRA DA BAÍA DE SÃO MARCOS - MA
Camilla Helena Guimarães da Silva 1
Juliana Nogueira de Holanda 1
Ana Carla Fontenelle 2
Claudermir Gomes de Santana 2
1. Departamento de Oceanografia - Universidade Federal do Maranhão
2. C. G. S. Consultoria e Serviços Ambientais
INTRODUÇÃO:

A ilha de São Luís está situada no norte maranhense, limitando-se ao norte, com o oceano Atlântico; ao sul, com a Baía do Arraial e com o Estreito dos Mosquitos; a leste, com a Baía de São José, e a oeste, com a Baía de São Marcos. Essa ilha possui uma belíssima orla que, em sua vasta extensão, apresentam dunas, morros e pequenos córregos. Dentre as principais praias, encontram-se: Ponta d'areia, São Marcos, Calhau, Olho d'água, Araçagi (SANTANA, 2009).

As praias são, historicamente, uma área de interface direta com a comunidade. O desenvolvimento de atividades econômicas na zona costeira interfere na qualidade da bacia, podendo, quando mal gerenciado, culminar em contaminação do ambiente. Este processo é visível principalmente a partir da metade do século XX, em função do crescimento econômico do pós-guerra (Tucci & Cabral, 2003).

Segundo a CONAMA 274/2000, a água torna-se imprópria para a recreação de contato primário quando se observa valores superiores a 2500 coliformes fecais por 100 ml. A CONAMA 357/05 ressalta como valor máximo, 43 coliformes termotolerantes por 100 ml para águas salinas tipo 2 - para fins de cultivo e pesca - sendo que o percentil de 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes por 100 ml. Analisa-se, portanto, a amostragem realizada com os padrões citados.

METODOLOGIA:

Foram amostrados e georreferenciados 30 pontos, distribuídos nas praias do Araçagi, Olho d´água, Calhau, São Marcos e Ponta da Areia. O posicionamento dos pontos de amostragens foi registrado usando o Global Position System - GPS (Modelo GPS 76 Garmin).

As datas de coleta foram distribuídas de forma estratégica, abrangendo os períodos seco e de estiagem, apresentando resultados mais significativos para os objetivos do trabalho. Utilizou-se para acondicionamento das amostras frascos Nalgene de 250 ml esterelizados e as amostras foram coletas à uma profundidade média de 1 m.

Adotou-se como critério realizar a amostragem em dias com maior concentração de banhistas, de acordo com o Art. 5° e Parágrafo Único da resolução CONAMA 274/00. Após cada coleta, as amostras foram acondicionadas em caixa térmica termoplástico contendo gelo, mantendo-as resfriadas a aproximadamente 4°C até a análise no laboratório. As análises foram realizadas pela Univerdade Federal do Maranhão - Centro de Ciências Exatas e Tecnologia - Departamento de Tecnologia Química - Programa de Qualidade de Alimentos e Água.

RESULTADOS:

Observou-se que durante o período seco houve uma diminuição dos valores encontrados nas amostras, após o período de incubação nas análises de colimetria. Pôde-se observar que durante o período mais chuvoso - referente a coleta realizada em março de 2009 - houveram os maiores valores registrados, chegando a 24000 NMP/100mL-1. Isso corresponde a 2300% acima do limite estabelecido para recreação de contato primário, segundo a CONAMA 274/00 e 55713% acima do limite estabelecido pela CONAMA 357/05 para cultivo de organismos para alimentação humana e pesca.

Liau (1984) referencia altos índices de poluição nas bacias do Rio Anil e Bacanga, resultados do maior lançamento de detritos fecais e resíduos sólidos. Porém, a depreciação da qualidade de águas aparece com sinais mais enfáticos há cerca de 40 anos, devido aos processos de urbanização em todo seu curso (ALCANTARA et al, 2003).

Outro aspecto observado foi que, das sessenta amostras coletadas durantes as três campanhas, apenas onze estavam dentro dos padrões de colimetrias citados na CONAMA 357/05 para a atividade pesqueira e a criação de bivalves destinados a alimentação humana. Tal fato é relevante, pois há cultivos de ostras no entorno da praia do Araçagi e a pesca é uma das principais atividades econômicas nas praias referenciadas.

CONCLUSÃO:

No final das chuvas (1º coleta) e no auge do período chuvoso (3º coleta) observou-se os maiores valores nas análise colimétricas, indicando que esse período é crítico para atividades como aquicultura e pesca costeira em todas as praias amostradas, assim como para recreação de contato primário nas praias do Calhau, São Marcos e Ponta da Areia.

Nas três amostragens, a praia da Ponta da Areia apresentou os piores índices qualitativos, sendo que, das análises realizadas, 92% dos pontos coletados nessa orla estiveram acima dos padrões citados, estando imprópria para quaisquer atividades citadas na Resolução CONAMA 357/05. Pode-se observar, ainda, que da séria amostrada, está é onde concentra-se o maior número de bares, prédios residenciais e hotéis em sua área de drenagem; acredita-se que a origem da poluição nesse trecho é decorrente do escoamento superficial das bacias do rio Anil e Jansen, com contribuição dos empreendimentos em zona costeira.

Considera-se como fatores relevantes no diagnóstico a dinâmica de drenagem superficial das bacias hidrográficas, a integridade da mata ciliar e o aporte de efluentes, que constituem o cenário de urbanização das áreas analisadas, juntamente com a falta de políticas públicas que visem melhorar a qualidade de vida da população.

Palavras-chave: Zona Costeira, Caracterização Ambiental, Gerenciamento Costeiro.