62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
ESTUDOS SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAS DE ÍNDIOS, QUILOMBOLAS, LIVRES POBRES E MILITARES EM UMA CÔLONIA MILITAR NO MARANHÃO OITOCENTISTA.
Rafael Ramos Campos 1
1. Universidade Federal do Maranhão / UFMA
INTRODUÇÃO:
A Colônia Militar São Pedro de Alcântara do Gurupi foi um empreendimento burocrático/militar, localizado na região do Gurupi-Turiaçu, uma região de fronteira entre as províncias do Maranhão e Pará, na segunda metade do séc. XIX. O objetivo deste trabalho é analisar como se (re)produzem as representações sociais expressas na correspondência dos diretores da Colônia e de outras autoridades de instancias administrativas daquela região, pertencente à Província do Maranhão. É apresentar como as representações sociais sobre questões cotidianas relatadas pelos diretores nos deram uma dizibilidade em relação às complexidades sociais imbricadas na teia de sociabilidades que envolve sertanejos pobres, índios, quilombolas, regatões, fazendeiros e o próprio conjunto humano da burocracia ali implantada, que foram os praças do Exército e os guardas nacionais ali destacados
METODOLOGIA:
A metodologia compreende a utilização de fontes documentais existente no Arquivo Público do Estado do Maranhão (ofícios trocados entre as autoridades, a legislação que regulamentava as colônias militares e os relatórios dos diretores da Colônia), correspondente aos anos de 1854 a 1879.O aporte teórico principal deste trabalho está baseado nas construções conceituais de representação propostas por Roger Chartier, nos os estudos de Norbert Elias a respeito ao processo civilizador, e de Fernando Uricoecha, Jose Murilo de Carvalho sobre o Estado brasileiro e os jogos políticos no Brasil Império. Para os aspectos institucionais e sociais relativos aos corpos militares no Brasil Imperial, utilizamos trabalhos de Jonh Schulz, Regina Helena Martins de Faria, bem como os autores da Nova Historia Militar brasileira, como Hendr Kraay, Vitor Izecksohn e Fabio Faria Mendes.
RESULTADOS:
Direcionando o nosso olhar para as falas dos integrantes do aparelho de Estado vimos que, na produção discursiva deles, articulam-se complexos elementos discursivos, como processo civilizador, entendido como a "civilização" de índios e de pobres livres, considerados fora do progresso e da ordem desejada pelas elites. Civilizá-los era submetê-los a um padrão de moralidade e de disciplina militar voltado para um certo "controle" dos seus corpos e mentes. O processo civilizador incluía a vigilância e coerção dos mocambeiros e outros indivíduos perigosos que transitassem por ali. Os discursos das autoridades militares e judiciais também nos possibilitaram entender como uma política destinada a instituir espaços de atuação do Estado buscava uniformizar os grupos sociais envolvidos na teia social existente naquela região até então indevassada pelos tentáculos da burocracia estatal.
CONCLUSÃO:
As situações apontadas permitem afirmar que houve, na Colônia Militar do Gurupi, uma complexa produção e reprodução das representações sociais acerca da região onde estava instalada, nas quais a foi marcante a ambivalência de inclusão/exclusão nas relações de poder estabelecidas entre os grupos sociais da região e as autoridades deste empreendimento, durante todo o período de existência deste aparato burocrático. As questões cotidianas e as experiências narradas pelos diretores da Colônia mostram o quanto foi difícil para os seus administradores a empreitada de que foram incumbidos e as tensões sociais que precisaram gerenciar
Palavras-chave: Gurupi, Colonização Militar, Representações Sociais.