62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 3. Engenharia Agrícola
RESÍDUOS SÓLIDOS EM COMUNIDADES RURAIS E RURBANAS, ESTUDO DE CASO NAS COMUNIDADES DE LAJES E POÇO DO BOI (IBIMIRIM-PE)
Marylin Farias 3, 2, 1
Betânia Bacelar 2, 3, 1
Robéria Karine Lemos Gomes 2, 3, 1
Taís Pinheiro 2, 3, 1
Gerlane Dantas e Silva 1, 2, 3
Soraya El-Deir 4, 1, 2, 3
1. Departamento de Tecnologia Rural DTR/UFRPE
2. Ministério de Ciência e Tecnologia
3. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
4. Orientadora
INTRODUÇÃO:

A questão da gestão dos resíduos sólidos atualmente é uma problemática em todas as áreas, visto a desestruturação dos serviços públicos para tal fim, como a ausência de políticas voltadas para a implantação da filosofia dos 3Rs. Para as regiões da zona rural este temática apresenta particularidades, visto que a infra-estrutura e serviços para tal fim são insuficientes, como o caráter descentralizado das moradias, tornando o procedimento ainda mais oneroso e difícil quanto a logística. Desta feita, a população dessas localidades desenvolvem outras estratégias para a destinação dos resíduos sólidos ali gerados. Esse também é um problema das áreas rurbanas (áreas do entorno da zona urbana, mas que apresentam características rurais), visto a deficiência de tais serviços nestas regiões. O presente estudo foca a realidade encontrada em comunidades rurais e rurbanas do semi-árido nordestino, tendo como estudo de caso as comunidades de Lajes (rurbana) e Poço do Boi (rural), ambas do Município de Ibimirim, semi-árido pernambucano. Tal estudo dá subsídios para uma melhor compreensão da realidade local, podendo auxiliar no delineamento de políticas públicas voltadas para a questão.

METODOLOGIA:

Nas comunidades de Lajes e Poço do Boi foram aplicados questionários (48 em Lajes e 49 em Poço do Boi), com perguntas objetivas e subjetivas, em janeiro de 2008. A comunidade de Lajes, anteriormente pequena vila rural, hoje apresenta continuidade com a sede, tendo feição rurbana, com cerca de 100 casas em arruado e 40 dispersas na área. Sem ruas asfaltadas nem rede coletora de esgotos, possui escola de ensino médio. Já Poço da Cruz, observa-se cerca de 230 casas ordenadas em ruas, formando uma vila, a qual apresenta apenas a rua principal com recente calçamento de paralelepípedos. As residências onde foram aplicados os questionários foram escolhidas aleatoriamente, sendo os entrevistados sempre maiores de 18 anos. O questionário procurou identificar a relação da geração e destinação do lixo com a falta de infra-estrutura e percepção ambiental. Foram realizadas observação in loco por parte dos pesquisadores, para uma descrição geral da área. Foi realizado inventário fotográfico. Os dados obtidos foram analisados através de planilha em Excel, onde se buscou comparar as duas comunidades em relação aos aspectos mencionados.

RESULTADOS:

Em Lajes 87% dos entrevistados contam com serviço de coleta de lixo 3 vezes por semana e 10,42% não dispõem deste serviço. Dos que contam com serviço, 72% organizam os resíduos, 15%, mesmo tendo coleta, não os ordena adequadamente, depositando-os na rua ou em terrenos baldios. Da comunidade 21% deposita aleatoriamente os resíduos, 6% queimam, sendo que nenhum destes acredita que sua atitude provoque impacto para o meio ambiente e saúde pública. Apenas 4% separam lixo seco do molhado e demonstram conhecimento sobre a correlação de tal atitude com a saúde pública. Em Poço da Cruz não há serviço de coleta de lixo regular, o que provoca uma desordem em relação ao descarte destes, 92% depositam aleatoriamente os seus resíduos nas proximidades e em terrenos baldios sem enterrá-los, 18,37% queimam e 4,1% esperam por caminhões que possam levar tais resíduos para local apropriado, guardando-os em sacos fechados. Em ambas as comunidades havia lixo nas áreas adjacentes, sendo que para 95% dos entrevistados de ambas as comunidades não percebem tal fato como um problema ambiental. Apenas 5% dos entrevistados indicaram este como um ponto crítico da comunidade, mas denotaram que a responsabilidade para uma solução é do serviço público, demonstrando descompromisso e desconhecimento da questão.

CONCLUSÃO:

Há correlação indireta da existência de serviço de coleta de lixo e a disposição inadequada destes pela comunidade. A ruralidade influencia diretamente este parâmetro. O grau de percepção ambiental em relação ao risco para a saúde inexiste. A ausência da compreensão deste risco faz com que a comunidade adote práticas que aumentam sua exposição a problemas de saúde pública advindo dos resíduos sólidos. Na comunidade onde há coleta, a população que não tem compreensão clara da relação resíduos sólidos e saúde pública faz uso de destinações inadequadas. O grau de falta de percepção é de tal que mesmo com a presença de lixo por toda a comunidade, esta não percebe como impacto ambiental. Se faz necessário trabalho de educação ambiental na ruralidade, buscando alteração de práxis para comportamentos ambientalmente corretos, gerando melhorias nas condições gerais de saúde pública, elevando a qualidade de vida. Em localidades sem coleta de lixo, a população pode ser instruída a dar uma destinação adequada aos resíduos, fazendo a sua separação e compostagem com a porção orgânica, o qual pode servir de adubo orgânico para hortas e jardins da comunidade. Políticas públicas voltadas para tal fim são necessárias e urgentes, visando a melhoria ambiental da ruralidade.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Resíduos sólidos, Comunidades rurais, Semi-árido pernambucano.