62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
Levantamento etnobotânico das plantas medicinais utilizadas por moradores do bairro Camata, Pedro Canário, ES
Alex Sandro Oliveira Santana 1
Adriana Quintella Lobão 1, 3
Valdenir José Belinelo 1, 4
Eder Barbosa de Aguilar 1, 3
Mônica Irani de Gouvêia 2
Fernanda Altoé Lorencini 1
1. Centro Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES), UFES, São Mateus, ES
2. Faculdade de Minas, FAMINAS, Muriaé, MG
3. Co- orientador (a), Orientador
4. ORIENTADOR
INTRODUÇÃO:

Nos últimos tempos, a conservação da natureza é uma grande preocupação, assim como a procura por conhecimentos populares associados ao uso de espécies vegetais. A biodiversidade da flora brasileira a torna de grande interesse para pesquisadores e empresas brasileiras e estrangeiras.

A etnobotânica estuda a relação entre a comunidade e a vegetação, utilizando e valorizando o conhecimento tradicional dos povos e, sob vários enfoques possibilita entender sua cultura bem como a utilização pratica do uso das plantas.

Desde 2006, o CEUNES trabalha em parceria com o Centro Comunitário Franco Rossetti, município de Pedro Canário, no estudo e difusão do uso de plantas medicinais, por meio dos cursos de Fitoterapia e de Aperfeiçoamento de Terapeuta Naturalista.

O Programa de Bolsa de Iniciação Científica Junior do CNPq apoiou o projeto de se pesquisar e efetuar o levantamento e classificação das espécies vegetais utilizadas pela comunidade canarense no tratamento de suas enfermidades.

METODOLOGIA:

O levantamento etnobotânico foi realizado no período de agosto de 2009 a fevereiro de 2010, através de entrevistas e preenchimento de um questionário interrogativo do uso de plantas medicinais e dados socioculturais. Foram escolhidas aleatoriamente 100 residências do bairro Camata, com cerca de 3 mil habitantes, situado na periferia do município de Pedro Canário, e os responsáveis foram entrevistados.

As plantas foram catalogadas no Centro Comunitário Franco Rossetti e exsicatas foram elaboradas para as espécies ainda não existentes no herbário do CEUNES/UFES. O coletor, para todos os números de coleta, foi o primeiro autor em parceria com os alunos de iniciação científica Junior. Os espécimes foram identificados com ajuda de bibliografia especializada, comparações com exsicatas de herbário e consulta a especialistas. O questionário envolveu a obtenção de dados sobre nome popular da planta, parte utilizada, formas de preparo e usos mencionados.
RESULTADOS:

Das 100 pessoas entrevistadas, 74 % são do sexo feminino e 26 % do sexo masculino. Sendo que 65 % apresentam idade superior a 35 anos. O levantamento resultou em 91 espécies de plantas medicinais, distribuídas em 44 famílias botânicas, das quais 72 apresentam mais de um usuário.

As famílias com maior número de espécies são Asteraceae (11), Lamiaceae (11), Verbenaceae (5), Amaranthaceae (4), Myrtaceae (4), Poaceae (3) e Rutaceae (3). As espécies mais utilizadas são Aloe arborescens (babosa), Baccharis trimera (carqueja), Cymbopogon citratus (capim cidreira), Lychnophora pinaster (arnica), Mikania glomerata (guaco), Mentha piperita (hortelã), Foeniculum vulgare (funcho), Phyllanthus niruri (quebra-pedra), Plectranthus neochilus (boldo), Pothomorphe umbellata (capeba), Rosmarinus officinalis (alecrim) e Vernonia polyanthes (assa-peixe).

As partes mais utilizadas das plantas foram 50 % folhas, 31 % partes aéreas e 19 % frutos, raízes, rizomas, flores, casca de caule e sementes, porém em 18% dos vegetais são utilizados mais de uma parte.

A preparação predominante utilizada pelos entrevistados é o chá (76 %), similar aos estudos publicados na literatura. Ainda na preparação do chá, são utilizadas associações de plantas e de medicamentos, tais como dipirona, paracetamol e AAS.

CONCLUSÃO:

A comunidade do Bairro Camata utlliza grande variedade de plantas medicinais, fato relacionado ao fato dela estar situada na periferia e pertencer ao município capixaba Pedro Canário, de menor índice de desenvolvimento humano e pela presença da ONG Centro Comunitário Franco Rossetti, que oferece cursos de Fitoterapia e outras Terapias Naturalistas.

Os resultados sugerem a importância das plantas para o tratamento das enfermidades do povo desta comunidade e resgata a cultura milenar da Fitoterapia como método alternativo preconizado pela OMS e Ministério da Saúde do Brasil.

Este trabalho permitiu intensificar a permuta de conhecimentos entre estudantes locais das escolas públicas de ensino fundamental do programa de iniciação científica Junior, população local e universidade, patrocinado por órgãos de fomento de pesquisa.
Instituição de Fomento: FAPES, CNPq, CEUNES/UFES
Palavras-chave: Etnobotânica, Plantas medicinais, Pedro Canário.