62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
CRESCIMENTO DE ESPÉCIES ARBÓREAS PERTENCENTES A FAMÍLIA HUMIRIACEAE NO PERÍODO DE TRÊS ANOS E SEIS MESES EM UMA FLORESTA NATURAL SUBMETIDA À EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO, NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS, PA.
Simone Marinho de Oliveira 1
João Olegário Pereira de Carvalho 2
1. Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
2. Embrapa Amazônia Oriental
INTRODUÇÃO:

Para a aplicação de qualquer sistema de manejo, em florestas naturais na Amazônia, é necessário que se conheça a estrutura dessas florestas, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, além da dinâmica de crescimento das espécies, para, assim, evitar alterações que possam causar danos irreparáveis à floresta. Dados necessários para analisar a estrutura e a dinâmica da floresta podem ser obtidos por meio de inventários florestais contínuos realizado em parcelas permanentes. O monitoramento do crescimento e da regeneração natural dos indivíduos em parcelas permanentes se constitui em uma ferramenta valiosa para o silvicultor planejar a utilização da floresta. Os dados oriundos desta atividade são fundamentais para estabelecer a quantidade de matéria-prima a ser colhida, possibilitando uma produção sustentável. No presente estudo foi avaliada a taxa de crescimento de três espécies de Humiriaceae (Endopleura uchi, Sacoglottis guianensis e Vantanea parviflora), em uma floresta explorada sob impacto reduzido, em um período de três anos e seis meses, na região de Paragominas, PA, visando contribuir para o manejo e conservação dessas espécies.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada em 108ha de floresta natural na Fazenda Rio Capim, pertencente a Cikel Brasil Verde Madeiras, no município de Paragominas, PA. Foram realizadas quatro medições: a primeira em 2003, um mês antes da exploração; a segunda em 2004, sete meses após a exploração; a terceira em 2005, 24 meses após a exploração e a quarta medição foi realizada em 2007, 44 meses após a exploração. Todas as árvores com DAP (diâmetro a 1,30m do solo) igual ou superior a 10cm foram registradas. As medições foram feitas em 36 parcelas permanentes de 50mX50m, estabelecidas aleatoriamente na área, sendo que, foram instaladas 12 parcelas para monitorar as áreas onde ocorre apenas a colheita dos fustes comerciais (T1); 12 nas amostras onde, além dos fustes comerciais, foram colhidos também os resíduos lenhosos com diâmetro superior a 10cm (T2); e 12 nas amostras de floresta não-explorada (T0). Os dados foram processados pelo programa "Monitoramento de Florestas Tropicais - MFT", desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental para avaliar dados de inventário contínuo, obtidos em parcelas permanentes. Os indivíduos estudados tiveram sua determinação botânica feita no Herbário IAN da Embrapa Amazônia Oriental.

RESULTADOS:

As taxas de crescimento médio em diâmetro das três espécies de Humiriaceae analisadas durante três anos e seis meses, foram as seguintes: na área não-explorada (T0), o incremento periódico anual de E. uchi foi de 0,47cm/ano, o incremento de S. guianensis foi de 0,33 cm/ano, enquanto que o incremento V. parviflora foi de 0,41cm/ano; na área explorada com retirada apenas dos fustes comerciais (T1) E. uchi teve um crescimento periódico anual de 0,34 cm/ano, enquanto que S. guianensis, cresceu 0,15cm/ano e V. parviflora apenas 0,04cm/ano; e na área onde além da colheita dos fustes comerciais foram retirados os resíduos lenhosos (T2), não ocorreram curvas de E. uchi, impossibilitando a determinação do seu crescimento, mas o S. guianensis cresceu 0,41cm/ano e V. parviflora cresceu 0,31cm/ano.

CONCLUSÃO:

As taxas de crescimento das espécies E. uchi e V. parviflora foram maiores na área onde não foi realizada a exploração florestal nem outra intervenção silvicultural, enquanto o crescimento do S. guianensis foi maior na área onde, além de terem sido colhidos os fustes comerciais das árvores foram retirados os resíduos lenhosos. A conclusão poderia ser no sentido de que a exploração florestal não influenciou na taxa de crescimento de E. uchi, nem de V. parviflora, porém foi benéfica para S. guianensis, favorecendo o seu desenvolvimento. Porém seria muito mais sensato, concluir que o tempo decorrido, após a exploração, ou seja, o tempo de monitoramento foi muito curto, havendo a necessidade de acompanhar o desenvolvimento das três espécies por um período maior.

             

 

Instituição de Fomento: EMBRAPA; UFRA; CIKEL BRASIL VERDE MADEIRAS
Palavras-chave: Manejo de Florestas Naturais, Espécies Amazônicas, Dinâmica Florestal.