62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
TAXONOMIA DE FUNGOS LIQUENIZADOS (ASCOMYCOTA): FAMÍLIA GRAPHIDACEAE NO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO.
Amanda Yumi Otsuka 1
Aline Anjos de Menezes 1
Marcela Eugenia da Silva Cáceres 1
Amanda Barreto Xavier Leite 1
1. Universidade Federal de Sergipe - UFS, Itabaiana/SE
INTRODUÇÃO:
Os liquens são compostos por um fungo, quase sempre Ascomycota, e um organismo fotossintético (alga ou cianobactéria). Essa relação biológica é chamada de simbiose, e o resultado tem sido um sucesso evolutivo com pelo menos 20.000 espécies de liquens no mundo. A família Graphidaceae, fungos liquenizados encontrados na sua maioria em regiões tropicais, formam a liquenização com algas verdes, geralmente Trentopohliaceae. Espécies de Graphidaceae têm como características gerais o talo crustoso, ascomata do tipo apotécio (lirelas), ramificados ou não, com carbonização total ou parcial do excípulo, ascósporos trasnversalmente septados ou muriformes, hialinos ou pigmentados. Este estudo foi realizado na Região Semi-árida dos estados de Sergipe, Pernambuco e Alagoas, onde predomina a vegetação da Caatinga, entretanto, outros tipos de vegetações podem ser encontrados como matas úmidas, matas ciliares e resquícios de mata atlântica. Como principais características climáticas, destacam-se as temperaturas médias elevadas e precipitações médias anuais inferiores a 800 mm e estiagem prolongada. Esse trabalho tem como objetivo o estudo da taxonomia de espécies de Graphidaceae no semi-árido nordestino para o levantamento da diversidade, como subsídio a futuras pesquisas na área.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas em áreas naturais dos município de Porto da Folha, Areia Branca e Poço Redondo (estado de Sergipe), Caruaru, Araripina e Serra Talhada (estado de Pernambuco) e em São José da Tapera (Alagoas). Os materiais utilizados para a coleta foram martelo, faca, envelopes de papel, tesoura de poda, GPS. No laboratório foi feita a prensagem das amostras em prensa botânica para secagem em temperatura ambiente por alguns dias. Após a secagem iniciou-se a confecção das exsicatas, colando os exemplares em cartões brancos (15 x 7 cm) e identificadas local e data de coleta. As exsicatas prontas passam de uma semana a 15 dias no freezer para uma melhor conservação. Para o processo de identificação foi utilizado a lupa óptica, onde algumas características morfológicas da amostra foram analisadas, e posteriormente a realização dos cortes anatômicos das estruturas. Estes são colocados sobre uma lâmina contendo uma gota de água destilada e coberto por uma lamínula, para então serem observadas no microscópio óptico as principais características para a identificação como a química (KOH e I), tipo, tamanho e cor de esporos. A partir de todos os dados observados foi possível, com o auxilio de chaves de identificação, a devida análise e identificação das exsicatas.
RESULTADOS:
A Família Graphidaceae é muito diversificada, tendo como característica geral o tipo de apotécio em forma de lirela. Suas características especificas são a carbonização ou não do excípulo, tipo, tamanho e cor dos esporos, septação e reação dos esporos com Lugol. Foram identificadas neste trabalho 16 espécies de Graphidaceae da região semi-árida nordestina. Dentre estas, apenas uma espécie foi encontrada nos três estados, Glyphis scyphulifera (Ach.) Staiger. Duas foram encontradas em Alagoas e Pernambuco: Glyphis cicatricosa Ach. e Graphis palmyrensis Zahlbr., sendo está última uma espécie nova para o estado de Alagoas. Para o estado de Pernambuco e Sergipe, três espécies foram identificadas, e todas elas são novos registros para Sergipe, Graphis oxyclada Müll. Arg., G. schiffneri Zahlbr. e G. tenella Ach.*. Em Pernambuco, sete espécies foram identificadas nos locais coletados: Graphis caesiella Vain., G. dupaxana Vain., G. submarginatta Lücking, G. virescens Müll. Arg., Hemithecium chlorocarpum (Fée), Phaeographis neotricosa Redinger e P. tortuosa (Ach.) Müll. Arg. Foram identificadas duas espécies para Sergipe, Glyphis substriatula (Nyl.) Staiger e Phaeographis aff. fusca Staiger (novo registro para área) e uma espécie para Alagoas: Graphis pavoniana Fée.
CONCLUSÃO:
A partir de novos dados obtidos através desse estudo da diversidade de liquens da família Graphidaceae, ressalta-se aqui a importância dessa pesquisa para o incremento das estimativas reais de espécies de liquens no semi-árido nordestino, devido à insuficiência de estudos nessa área. Além disso, vale salientar o aumento do acervo de amostras de liquens nos herbários locais (Herbário ASE da UFS) e coleções do Laboratório de Micologia, UFS, Campus Prof. Alberto Carvalho, como testemunhas da biodiersidade de áreas ameaçadas.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ
Palavras-chave: Diversidade liquênica, Família Graphidaceae, Semi-árido nordestino.