62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS E RÉPTEIS EM DOIS MUNICÍPIOS DO BIOMA CAATINGA NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Fabiana Oliveira de Amorim 1
Ednilza Maranhão dos Santos 2
1. Lab. Ecofisiologia e Comportamento Animal, Univ. Federal Rural de PE/ UFRPE
2. Profa. Dra. - Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UAST/ UFRPE
INTRODUÇÃO:
A Caatinga é um bioma de grande diversidade, com seres que apresentam adaptações distintas, o que faz desse bioma exclusivo, destacando sua importância no cenário biológico. Estende-se do Piauí ao norte de Minas Gerais. Apresenta uma vegetação seca que perde as folhas durante a estação de estiagem. A forte deficiência hídrica sazonal faz com que o período úmido seja do tipo sub-úmido e o seco seja quase todo árido, típico de regiões semi-áridas ou sub-desérticas. São conhecidas 49 espécies de anfíbios anuros para localidades de Caatinga do Nordeste brasileiro. Em relação aos répteis, conhecem-se 47 espécies de lagartos, 10 anfisbenídeos, 52 serpentes, 4 quelônios e 3 crocodilianos. São poucos os estudos referentes a herpetofauna no Estado de Pernambuco, especialmente na região estudada. Inventários biológicos fornecem subsídios técnico-científicos valiosos para a tomada de decisões por parte de gestores de políticas públicas, órgãos governamentais responsáveis pela conservação e uso sustentável dos recursos naturais, agências internacionais de investimento e conservacionistas. Este estudo teve como objetivos inventariar as espécies de anfíbios e répteis que ocorrem em dois municípios de Pernambuco, bem como determinar a diversidade de espécies e compará-la entre as duas áreas.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em Parnamirim e Terra Nova (Sertão Central de Pernambuco), que apresentam a paisagem típica do semi-árido nordestino, relevo predominantemente suave-ondulado cortado por vales estreitos. A vegetação é composta por Caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta Caducifólia. O clima é Tropical Semi-Árido, com chuvas de verão. A precipitação média anual é de 431,8mm. Foram 21 dias de amostragem, distribuídos em 3 coletas (em junho, setembro e dezembro/ 2009). Foram empregados os métodos passivo, representado pela utilização de armadilhas de interceptação e queda (pit-fall traps) e ativo, representado pela procura visual limitada por tempo (PVLT). Foram instaladas 20 estações de armadilhas em "Y". As coletas ativas consistiram em buscas visuais e auditivas, onde eram percorridas margens de corpos d'água para captura manual dos espécimes. As curvas de acumulação de espécies foram geradas através do programa EstimateS 8.0. Foi aplicado o índice de Diversidade de Shannon no Programa BioEstat 5.0. Para comparar as diferenças significativas na diversidade das áreas foi utilizado o teste "t" de Hutcheson. Os espécimes-testemunho foram sacrificados com Ketamin®, fixados com formol 10%, preservados em álcool 70% e depositados na Coleção Herpetológica da UFRPE (CHUFRPE).
RESULTADOS:
Foram registradas 32 espécies: 18 anfíbios anuros - distribuídos em 9 gêneros pertencentes às famílias: Hylidae (6), Leptodactylidae (4), Leiuperidae (4), Bufonidae (2) e Cycloramphidae (2); e 14 répteis - Squamata: 10 spp. de lagartos, distribuídas em 10 gêneros pertencentes às famílias Gekkonidae (4), Teiidae (3), Scincidae (1), Tropiduridae (1) e Gymnophthalmidae (1); Serpentes: 3 spp. pertencentes às famílias Boiidae (1) e Colubridae (2); Testudines: uma espécie, família Chelidae. A curva de acumulação de espécies de anfíbios se estabilizou, indicando que o número de espécies encontrado se aproxima do estimado para a região. Para os répteis a curva continuou em leve ascendência, indicando o acréscimo de mais espécies. A riqueza de anfíbios e répteis corresponde, respectivamente a 37,5% e 12% das espécies encontradas na Caatinga. A diversidade de Shannon para os anfíbios foi alta (H'= 2,16), assim como a equitabilidade (E= 0,74), indicando que as espécies se distribuíram uniformemente. Para os répteis, tanto a diversidade como a equitabilidade foram baixas (H'= 1,30; E= 0,49), indicando menor uniformidade na distribuição das espécies. Houve diferença significativa na diversidade de anfíbios (t= 8,024; p< 0,0001) e répteis (t= 2,383; p= 0,0178) encontrada para as duas áreas.
CONCLUSÃO:
O presente trabalho produziu uma considerada lista de espécies representantes da herpetofauna da Caatinga, tendo em vista o curto período de amostragem. Porém, foi encontrada uma baixa representatividade nos resultados que se referem à fauna de répteis, o que pode estar atrelado ao fato desses animais não formarem agregações reprodutivas e, portanto, demandarem um maior esforço de amostragem para o encontro de seus indivíduos que geralmente estão refugiados em seus abrigos. Contrariamente, os anfíbios anuros formam agregações reprodutivas e vocalizam durante a estação chuvosa, sendo mais fácil sua coleta e identificação, dessa forma os anfíbios foram mais representativos que os répteis neste estudo. Vale ressaltar ainda que a curva de acumulação de espécies de anfíbios atingiu uma assíntota e, portanto, acredita-se que a maioria das espécies, possíveis de serem amostradas através dos métodos de coletas utilizados, foram contempladas nas amostras realizadas. Este trabalho demonstra a necessidade de novos estudos em longo prazo para identificação e conservação das espécies que ainda não são conhecidas para a região.
Instituição de Fomento: ARCADIS - Tetraplan
Palavras-chave: Herpetofauna, Inventário faunístico, Região Nordeste.