62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
RECONSTRUINDO OS SENTIDOS E OS SIGNIFICADOS DA PRÁTICA EDUCATIVA NA INICIAÇÃO CIENTÍFICA: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE PESQUISADORES
Michelle Duarte Rios 1
Marília Dejanira Berberick de Almeida 1
Léa Stahlschmidt Pinto Silva 1
1. NUPEL,Faculdade de Educação,Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
INTRODUÇÃO:
A partir da experiência de bolsistas de Iniciação Científica do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora e da nossa atuação no grupo de pesquisa - Educação, Formação de Professores e Infância (EFoPI) - apresentaremos a pesquisa que está sendo desenvolvida pelo grupo e as contribuições que essa prática de iniciação à pesquisa traz para a formação do Pedagogo. A pesquisa tem como objetivo desencadear a reflexão crítica e a ação colaborativa de 24 coordenadores de creches públicas e pesquisadores do grupo EFoPI, no espaço da creche, acerca das experiências infantis e o sentido que o pensar sobre elas têm para a (re)construção da ação na prática educativa. A partir desse objetivo buscou-se desenvolver ações colaborativas que possibilitassem uma reflexão crítica dos participantes. Essas ações se configuram como sessões reflexivas, definidas como encontros realizados entre pesquisadores e coordenadores visando à colaboração entre eles para a construção de novos sentidos e significados da prática educativa. Estes termos são compreendidos com base na teoria da enunciação de Mikhail Bakhtin (1995), onde os sujeitos ao interagirem trazem as marcas de interações anteriores, com diferentes comunidades semióticas que, por sua vez, já alteraram os sentidos das palavras que vinham construindo.
METODOLOGIA:
O referencial teórico-metodológico fundamenta-se em John Smyth (1986) e Maria Cecília Magalhães (2007). O primeiro defende a constituição de processos de colaboração com os professores para favorecer sua reflexão crítica. Tais processos envolvem um ciclo de quatro fases que representam os tipos de reflexão que os docentes deveriam adotar: descrever, informar, confrontar e reconstruir. Para Magalhães (2007), a perspectiva da pesquisa crítica de colaboração não significa que os participantes tenham uma simetria de conhecimentos, semelhanças de idéias, de representação e de valores, mas que juntos analisam práticas, refletem e argumentam sobre questões que embasam a sala de aula. Caracterizamos a pesquisa como interventiva e crítico-colaborativa. Interventiva porque os pesquisadores intervêm, mas também sofrem interferência no processo de intervenção, entendendo que ele pesquisa porque pergunta e, na nossa compreensão, são as perguntas que nos fazem avançar no processo de produção do conhecimento científico. Critico porque possibilita aos participantes espaços de reflexão e elementos para a (re) construção de seus discursos e de suas ações. É colaborativa porque busca problematizar as ações cotidianas, procurando repensar e (re) significar o que é familiar, o que é conhecido.
RESULTADOS:
A ênfase da pesquisa está na participação de cada um dos envolvidos e na contribuição de reciprocidade para o grupo, envolvendo, portanto, uma situação de colaboração entre os participantes. A ação dos pesquisadores da Universidade e da creche, na investigação das próprias ações é compreendida e examinada como um processo de colaboração crítica. Nesse contexto, os participantes, juntos, analisam suas práticas tecendo as ações cotidianas que embasam as práticas no espaço da creche. Nas sessões reflexivas realizadas ao longo do ano de 2008 e primeiro semestre de 2009, os pesquisadores e coordenadores puderam compartilhar situações vivenciadas no cotidiano da creche, analisando como as conduziram, como foi a participação dos envolvidos na situação, se fariam diferente, o que foi interessante, o que poderia melhorar.
CONCLUSÃO:
Essa discussão coletiva proporcionou uma troca de experiências e idéias no grupo, conduzindo para o confronto das mesmas e para pensar a reconstrução da própria prática, com um olhar ampliado, que permitiu o enfrentamento de situações do cotidiano da creche de diferentes formas. Acreditamos que a experiência de compartilhar os diferentes conhecimentos com os pesquisadores do grupo tem contribuído muito para nossa formação que vai além da sala de aula. Estar em contato com as muitas vozes desses pesquisadores: professores pesquisadores da graduação e pós-graduação, professores pesquisadores da educação básica, coordenadores de 24 creches municipais e dos autores que fundamentam a pesquisa, ampliam a nossa compreensão de conceitos importantes para o desenvolvimento da mesma, bem como das práticas educativas com crianças pequenas. Portanto, consideramos que a oportunidade de compor uma equipe de pesquisa como bolsistas de iniciação científica é um importante passo na formação de um pedagogo e uma experiência revolucionária na vida de um estudante.
Palavras-chave: Iniciação Científica, Formação de Professor, Infância.