62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA, RORAIMA, DE 1993 A 2008.
DANIELLE DE SOUZA ALBUQUERQUE 1
FERNANDA CARLOS CORREIA DA SILVA 2
ELSIA NASCIMENTO BELO IMBIRIBA 3
ALBERTO MARIN VILALÓN 4
KARLA NATHÁLIA CORTEZ 4
MÔNICA DA SILVA PEIXOTO 4
1. CENTRO UNIVERSITÁRIO NILTON LINS
2. CENTRO UNIVERSITÁRIO NILTON LINS
3. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
4. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BOA VISTA
INTRODUÇÃO:

Nas últimas décadas a carga global da hanseníase reduziu em quase 90%, segundo a OMS. Apesar disso, nas regiões em desenvolvimento, ainda constitui um grave problema de Saúde Pública. No Brasil a Região Norte apresentou um coeficiente de detecção médio de 69,40/100.000 habitantes, classificando-se como hiperendêmico, no período de 2001 a 2007. O Estado de Roraima ocupa o terceiro lugar em número de casos da doença, com um coeficiente de detecção de 55,38/100.000 habitantes em 2007. Sua capital Boa Vista contribui com parcela significativa para a manutenção deste quadro, apresentando coeficiente de detecção em 2007 hiperendêmico de 51,34/100.000 habitantes, segundo dados obtidos no SINAN municipal. Isso demonstra a magnitude da doença em sua área urbana e a necessidade de tomada de medidas e estratégias para o controle dessa endemia ou que impactem sua transmissão. Este trabalho tem como objetivo avaliar o perfil epidemiológico da hanseníase na zona urbana de Boa Vista, Roraima, durante o período de 1993 a 2008.

METODOLOGIA:

Estudo descritivo, de base secundária, compreendendo 2.404 casos novos registrados no município de Boa Vista no período de 1993 a 2008. Os dados demográficos e populacionais foram obtidos por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. As variáveis selecionadas para o estudo foram: coeficiente de detecção de casos novos por 100.000 habitantes; percentual de casos novos por sexo, faixa etária, classificação operacional e forma clínica, proporção de casos com grau 2 de incapacidade física entre casos novos detectados e avaliados e proporção de casos curados com grau 2 de incapacidade dentre os casos avaliados na alta. Foi utilizado o software Epi-Info (versão 3.5) para obter as freqüências simples e para realizar a análise das diferenças entre as proporções por meio do qui-quadrado. O ponto de corte foi p<0,05.

RESULTADOS:

O coeficiente de detecção se mostrou muito alto em 1993 e 1994 passando a hiperendêmico no período de 1995 a 2008, com valores hiperendêmicos também em crianças. No total 59,9% dos casos registrados pertenciam ao sexo masculino. Quanto a classificação operacional 52,4% eram multibacilares e destes, 9,2% ocorreram em menores de 15 anos. No entanto, entre os menores de 15 anos 58,4% eram paucibacilares (p<0.0001). A forma clínica predominante foi a Dimorfa, com 37,8%, seguida pela Indeterminada (24,5%) e Tuberculóide (22,9%).  Nos menores de 15 anos predominou a forma Indeterminada (38,4%) seguida pela Dimorfa (31,2%). Do total de casos novos detectados 86,4% foram avaliados quanto ao grau de incapacidade, destes 15,7% apresentaram algum grau de incapacidade.  A proporção de casos com grau 2 de  incapacidade física entre os casos novos detectados e avaliados no momento do diagnóstico foi de 6,2,%, parâmetro considerado regular na avaliação da efetividade das atividades de detecção precoce de casos. Quanto a proporção de curados com grau 2 de incapacidade física foi de 6,0%, parâmetro médio na avaliação da transcendência da doença.

 

CONCLUSÃO:
Os resultados demonstram que o coeficiente de detecção da hanseníase se manteve hiperendêmico na área urbana do município de Boa Vista. Há um percentual elevado de casos em menores de 15 anos sugerindo contato precoce com doentes infectantes e a força da transmissão da endemia.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: Hanseníase, Epidemiologia, Indicadores Epidemiológicos.