62ª Reunião Anual da SBPC |
B. Engenharias - 1. Engenharia - 6. Engenharia de Produção |
CONSTRUÇÃO DE DEMANDAS: APLICABILIDADE DE UMA METODOLOGIA EM ERGONOMIA PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA ATIVIDADE JANGADEIRA NA PRAIA DE PONTA NEGRA, NATAL-RN |
Joyce Elanne Mateus Celestino 1 Cristina de Souza Bispo 2 Maria Christine Werba Saldanha 3 Karen Maria da Costa Mattos 4 |
1. Prog. Pós graduação em Eng. de Produção GREPE/PEP/UFRN Bolsista Capes/REUni 2. Curso de Ciências Biológicas - UFRN Bolsista Iniciação à Extensão PROEXT-UFRN 3. Profª. Dra/Orientadora - Depto. Eng. de Produção/PEP/UFRN -Coordenadora do GREPE 4. Profª Drª/ Co-orientadora - Depto. Engenharia de Produção - UFRN |
INTRODUÇÃO: |
A pesca artesanal é aquela que se viabiliza pelo trabalho manual do pescador, não utilizando aparelhagens que atinjam os mesmos níveis de produtividade pesqueira industrial e não causando impactos ambientais sobre os estoques pesqueiros com a mesma intensidade (SILVA, 2004). A pesca artesanal com jangadas é intrínseca ao Nordeste Brasileiro e, no Rio Grande do Norte, representa cerca de 12,10% do volume anual de pescado (2175 t), segundo dados estatísticos da Superintendência do IBAMA (2007). A adoção de práticas de sustentabilidade nesse tipo de pesca vem sendo requisitada para o alcance de melhorias ambientais e socioeconômicas, visto que sua produção tem sofrido decréscimo com o passar dos anos e a sobrepesca (ABDALLAH, BACHA, 1999) (SOARES, 2003) tem levado à redução dos estoques, além disso, destacam-se as agressões ao meio ambiente, como a poluição (REPINALDO, TONINI, 2007; STORI, 2000). Tais fatores precisam ser levantados e analisados, a fim de buscar alternativas adequadas para a sustentabilidade ambiental da população de jangadeiros. Este trabalho baseia-se na metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho - AET (WISNER 1987, VIDAL, 2008, GUÈRIN, 2001), objetivando encontrar a demanda ergonômica/ambiental inerente à atividade jangadeira de Ponta Negra, Natal-RN. |
METODOLOGIA: |
Este trabalho caracteriza-se como estudo de caso, do tipo descritivo-exploratório e integra uma pesquisa de mestrado. Neste desenvolveu-se o processo de construção da demanda, baseado na metodologia da AET, o qual foi iniciado em dezembro de 2008, com uma amostra de 42 jangadeiros. Ao longo desse processo, realizou-se a construção social da demanda, por meio de uma gestão participativa de projeto. Para a coleta de dados utilizou-se métodos observacionais e interacionais (ação conversacional e verbalizações espontâneas e provocadas), além de registros fotográficos e vídeos. Para a construção das hipóteses de demanda provocada foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais, análises globais em situações de referência (análise de situações de trabalho que apresentem características próximas as do local de estudo, conforme Daniellou, 2002) e, pesquisas complementares (instituições relacionadas à pesca). As hipóteses de demanda direcionaram a análise global na Praia de Ponta Negra (situação de foco), possibilitando a formulação das demandas dos jangadeiros, das instituições e as latentes, as quais foram clarificadas e confrontadas. Estas foram analisadas conjuntamente chegando-se a demanda ergonômica/ambiental. |
RESULTADOS: |
Os jangadeiros da praia de Ponta Negra apresentam faixa etária predominante de 41 a 50 anos e primeiro grau incompleto. No tocante aos aspectos ambientais, constatou-se que grande parte dos rejeitos gerados pela atividade é constituída de sacos plásticos e das embalagens dos alimentos que, por falta de espaço e de consciência, são lançados no mar, causando poluição no ambiente. Alguns pescadores deixam resíduos de peixes na areia, os quais podem ser levados pela maré e/ou favorecerem a proliferação de odor e de vetores endêmicos, fatores que contribuem para a degradação do meio ambiente natural e construído. Uma problemática comentada pela maioria dos jangadeiros consiste na queda de produção pesqueira, pois existem dias em que eles partem para o mar e não conseguem fazer capturas. Ainda relataram situações em que pescadores deixam redes de espera e demoram a retirá-las, tornando os peixes inadequados para o consumo/ comercialização. Destacam o aumento no número das embarcações, desde jangadas até barcos maiores e o aumento na capacidade das artes de pesca (redes, anzóis, linhas, etc.). A necessidade de consciência voltada à sustentabilidade do meio ambiente caracterizou-se como demanda ergonômica/ambiental, pois perpassa todas as problemáticas levantadas. |
CONCLUSÃO: |
Para a construção da demanda ergonômica/ambiental da atividade jangadeira em Ponta Negra, várias etapas foram trabalhadas, as quais possibilitaram o levantamento de diversas demandas, como poluição no ambiente de trabalho, geração de resíduos oriundos da pesca, queda de produção pesqueira e sobreexploração dos recursos pesqueiros. Neste contexto, o processo de construção social proporcionou uma maior aproximação e compreensão da realidade dos jangadeiros, possibilitada pela interação entre os pescadores e os pesquisadores, favorecendo a troca de informações, de modo a evidenciar a demanda: necessidade de consciência voltada à sustentabilidade do meio ambiente, haja vista que como esta transcorre as outras demandas, o trabalho acerca dessa poderá contribuir para a melhoria das demais e assim para um desenvolvimento ambiental mais sustentado na pesca com jangadas. A abordagem dessa demanda foi impulsionada através da metodologia da AET, a qual permitiu a compreensão da atividade dos jangadeiros, o conhecimento das problemáticas enfrentadas e de como estão inter-relacionadas, possibilitando ao pesquisador buscar alternativas adequadas a essa realidade, com uma atuação mais efetiva sobre a demanda encontrada, de modo a melhorar a qualidade de vida dessa população. |
Instituição de Fomento: Bolsa Capes/REUni; CNPQ; PROEXT-MEC-SESU; PROEXT-UFRN |
Palavras-chave: Atividade jangadeira, Ergonomia, Sustentabilidade ambiental. |