62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E SEQUELAS INVISÍVEIS DOS PACIENTES ACIDENTADOS DE TRÂNSITO TERRESTRE DO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO GURGEL (HMWG).
Rafaele Carla de Araújo Maia 1
Camila Augusta Silva 1
Pedro Henrique Silva de Farias 1
Renata Melo Maroto 1
Iapony Rodrigues Galvão 1
Rejane Millions Viana Meneses 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
INTRODUÇÃO:
No Brasil, os Acidentes de Transporte Terrestre ocupam a segunda posição entre mortes de causas externas e segundo o IPEA (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA), o impacto econômico da violência no trânsito em rodovias foi de R$ 22 bilhões o que representou cerca de 1,2% do PIB. Entretanto, o aspecto mais relevante é que as perdas individuais, sociais e econômicas são elevadíssimas, constituindo alto preço para a sociedade e representando um problema de saúde pública. Esse fato deve-se não apenas ao alto índice de mortes, mas pelas seqüelas do acidentado que perpassam incapacidades físicas e compromete também a capacidade mental e social. Herzlich (2005), em seus estudos enfatiza a importância de um olhar voltado para as representações sociais. Durkheim afirma que as nossas ações são expressões de uma realidade construída ao longo de nossa existência. A representação não é um simples reflexo do real, mas sim uma construção que se origina em um sujeito (individual ou coletivo) e se refere a um objeto. Partindo desse pressuposto, é de extrema relevância enfatizar a Teoria das Representações Sociais em nosso estudo. Através do presente estudo objetivamos compreender as representações sociais dos acidentados de trânsito terrestre acerca das seqüelas invisíveis e de seus familiares
METODOLOGIA:
Caracteriza-se como um estudo exploratório quanti-qualitativo cujos pesquisadores coletaram os dados através de formulários e entrevistas semi-estruturadas com os pacientes acidentados do Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG). Através deste instrumento se procurou o reconhecimento das representações sociais e conhecer aspectos sociais, econômicos, culturais, hábitos de vida dos pacientes e familiares envolvidos em acidentes de trânsito, a fim de traçar os seus perfis. O Projeto de pesquisa foi previamente submetido ao Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL), respeitando a Resolução 196/96 por se tratar de um estudo que envolve seres humanos. Salientamos ainda que a participação dos pesquisados fosse voluntária e que poderiam desistir da pesquisa ou abster-se a responder qualquer pergunta que lhe causasse constrangimento mesmo com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A população alvo foi composta por 70 pessoas, de ambos os sexos que obedeceram aos seguintes critérios de inclusão estabelecidos, tais como: concordar em fazer parte do estudo voluntariamente, com assinatura do TCLE; ser acidentado de trânsito terrestre com idade acima de dezoito anos; ser paciente do Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel.
RESULTADOS:
Segundo Franco (2004, p.170), a "abordagem e a realização de pesquisa sobre representações sociais podem ser ingredientes indispensáveis para a melhor compreensão da sociedade". Partindo do pressuposto, durante os meses de setembro a dezembro de 2009, foi realizada a pesquisa com os pacientes nas enfermarias do HMWG. Constatou-se que 89% dos pacientes eram do sexo masculino. Do universo de entrevistados 30% não dirigiam e dos 60% que conduziam veículos, 43% não possuíam a Carteira de Habilitação. Questionamos se é um reflexo do local de residência da maioria (60% residiam no interior Estado). Os motoqueiros foram os mais atingidos pelos acidentes (58%). Verificarmos ainda que 57% dos acidentados eram casados e 62% mantinham a família com até dois salários mínimos. Notamos que a interrupção temporária das atividades influenciou negativamente no processo de reabilitação bem como a auto-estima abalada por uma deformidade oriunda do trauma. Enfim, várias seqüelas invisíveis desencadearam além de uma grande repercussão psicossocial do indivíduo uma repercussão em âmbito familiar. Portanto, a fim de proporcionar um retorno à sociedade orientamos aos pacientes a recorrerem de forma gratuita ao direito do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais (DPVAT).
CONCLUSÃO:
A meta objetivada é que se estabeleça um atendimento eficiente e diferenciado junto a um acidentado de trânsito, e, por conseguinte a busca da responsabilidade do estado na condição de gestor e fomentador de políticas públicas voltadas para a área de trânsito, pois o que se detectou em todo o decorrer da pesquisa foi exatamente a falta de uma formação técnica e educacional por parte dos acidentados principalmente na condição de condutor e secundariamente na condição de pedestre. Está mais que evidenciado que as causas externas são consideradas de grande importância e representam um problema de saúde pública. Esse fato deve-se não apenas ao alto índice de mortes, como também ao universo complexo de um paciente acidentado cujas seqüelas perpassam incapacidades físicas, comprometendo também a capacidade mental e social. Portanto, torne-se importante considerarmos as representações sociais acerca dos acidentes de transito terrestre e reconhecemos a implicância desse evento no psicossocial de cada indivíduo pertencente a este grupo visto que como o estudo mostrou os acidentes não escolhem etnia, condição econômica, grau de instrução, ou hora para acontecer, qualquer um pode ser o próximo acidentado de trânsito terrestre.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Fede
Palavras-chave: Representações sociais, Acidentados de trânsito terrestre, Seqüelas invisíveis..